Publicidade
Publicidade
29/08/2003
-
06h09
SALVADOR NOGUEIRA
da Folha de S.Paulo
A Aeronáutica decidiu trocar o homem que vai presidir a comissão de investigação encarregada da apontar a causa do acidente que matou 21 pessoas e destruiu o terceiro protótipo do VLS-1, segundo a Folha apurou.
Em meio aos pedidos de estabelecimento de uma comissão independente, sai o coronel-aviador Antonio Carlos Cerri, diretor do IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço), e entra o brigadeiro-do-ar Marco Antonio Couto do Nascimento, vice-diretor do CTA (Centro Técnico Aeroespacial), organização-mãe do IAE.
A substituição tem como justificativa o desnível hierárquico. Como o inquérito policial-militar está sendo chefiado pelo brigadeiro José Monteiro Guimarães, a Aeronáutica julgou que seria apropriado ter alguém de mesma patente na comissão investigadora.
Fica mantido, assim, o espírito da formação original da comissão, vinculada à Aeronáutica.
Segundo o Cecomsaer (Centro de Comunicação Social da Aeronáutica), a lista dos integrantes da comissão ainda não foi concluída. Respondendo às suspeitas de sigilo e parcialidade, os oficiais dizem que estão seguindo os mesmos procedimentos adotados para acidentes aéreos e que pretendem manter total transparência durante as investigações.
Apesar disso, a equipe responsável pela investigação não deve apresentar pareceres preliminares antes de esgotado o prazo inicial de 30 dias estabelecido para os trabalhos. O procedimento mais uma vez destoa do usado em grandes acidentes espaciais no exterior. A comissão investigadora da perda do ônibus espacial Columbia, instituída pelo governo dos EUA e desligada da Nasa (agência espacial americana), realizava audiências públicas.
No caso do desastre americano, que matou sete astronautas em fevereiro passado, a comissão investigativa foi presidida por um almirante, Harold Gehman Jr., que nada tinha a ver com a Nasa. Seu relatório final, divulgado na última terça-feira, atribuiu a maior parte da responsabilidade pelo acidente à cultura fechada da Nasa, pouco receptiva a críticas de seus procedimentos técnicos.
Novo presidente
Marco Antonio Couto do Nascimento é engenheiro aeroespacial formado pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). Sua nomeação é tida internamente como um avanço no sentido da imparcialidade, pois Nascimento não teria laços diretos com o programa do VLS (diferentemente de Cerri, que dirigia o IAE, órgão responsável pelo projeto do foguete). Ambas instituições fazem parte da Aeronáutica.
O acidente com o terceiro protótipo do foguete VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites), há uma semana, matou 21 funcionários do CTA, de São José dos Campos. No acidente, ruiu a torre móvel usada na montagem e preparação do veículo, no Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão (a 22 km de São Luís).
A ignição prematura de um dos quatro motores que compõem o primeiro estágio, na base do foguete, provocou um rápido e intenso incêndio.
Todos os técnicos mortos trabalhavam no foguete no momento do incêndio. Havia por exemplo uma equipe montando sistemas de registro em vídeo do lançamento, que estava previsto para a última segunda-feira, três dias depois da tragédia.
Todos os 21 corpos já foram identificados pelo Instituto Médico Legal de São Luís (IML) e transferidos para São José dos Campos. Uma cerimônia coletiva de homenagem no ginásio de esportes do CTA, anteontem, contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chorou e abraçou a maioria dos familiares presentes.
Em seu discurso, Lula disse que o povo brasileiro sofreu "a perda irreparável dos nossos 21 trabalhadores e heróis que morreram na base de Alcântara". Não se pronunciou, porém, sobre a questão da independência da comissão de investigação instituída pelo Ministério da Defesa.
Especial
Veja galeria com fotos do desastre no centro de lançamento
O programa espacial brasileiro deve continuar apesar do acidente?
Aeronáutica troca chefe de investigação do acidente em Alcântara
Publicidade
da Folha de S.Paulo
A Aeronáutica decidiu trocar o homem que vai presidir a comissão de investigação encarregada da apontar a causa do acidente que matou 21 pessoas e destruiu o terceiro protótipo do VLS-1, segundo a Folha apurou.
Em meio aos pedidos de estabelecimento de uma comissão independente, sai o coronel-aviador Antonio Carlos Cerri, diretor do IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço), e entra o brigadeiro-do-ar Marco Antonio Couto do Nascimento, vice-diretor do CTA (Centro Técnico Aeroespacial), organização-mãe do IAE.
A substituição tem como justificativa o desnível hierárquico. Como o inquérito policial-militar está sendo chefiado pelo brigadeiro José Monteiro Guimarães, a Aeronáutica julgou que seria apropriado ter alguém de mesma patente na comissão investigadora.
Fica mantido, assim, o espírito da formação original da comissão, vinculada à Aeronáutica.
Segundo o Cecomsaer (Centro de Comunicação Social da Aeronáutica), a lista dos integrantes da comissão ainda não foi concluída. Respondendo às suspeitas de sigilo e parcialidade, os oficiais dizem que estão seguindo os mesmos procedimentos adotados para acidentes aéreos e que pretendem manter total transparência durante as investigações.
Apesar disso, a equipe responsável pela investigação não deve apresentar pareceres preliminares antes de esgotado o prazo inicial de 30 dias estabelecido para os trabalhos. O procedimento mais uma vez destoa do usado em grandes acidentes espaciais no exterior. A comissão investigadora da perda do ônibus espacial Columbia, instituída pelo governo dos EUA e desligada da Nasa (agência espacial americana), realizava audiências públicas.
No caso do desastre americano, que matou sete astronautas em fevereiro passado, a comissão investigativa foi presidida por um almirante, Harold Gehman Jr., que nada tinha a ver com a Nasa. Seu relatório final, divulgado na última terça-feira, atribuiu a maior parte da responsabilidade pelo acidente à cultura fechada da Nasa, pouco receptiva a críticas de seus procedimentos técnicos.
Novo presidente
Marco Antonio Couto do Nascimento é engenheiro aeroespacial formado pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). Sua nomeação é tida internamente como um avanço no sentido da imparcialidade, pois Nascimento não teria laços diretos com o programa do VLS (diferentemente de Cerri, que dirigia o IAE, órgão responsável pelo projeto do foguete). Ambas instituições fazem parte da Aeronáutica.
O acidente com o terceiro protótipo do foguete VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites), há uma semana, matou 21 funcionários do CTA, de São José dos Campos. No acidente, ruiu a torre móvel usada na montagem e preparação do veículo, no Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão (a 22 km de São Luís).
A ignição prematura de um dos quatro motores que compõem o primeiro estágio, na base do foguete, provocou um rápido e intenso incêndio.
Editoria de Arte/Folha imagem |
Todos os técnicos mortos trabalhavam no foguete no momento do incêndio. Havia por exemplo uma equipe montando sistemas de registro em vídeo do lançamento, que estava previsto para a última segunda-feira, três dias depois da tragédia.
Todos os 21 corpos já foram identificados pelo Instituto Médico Legal de São Luís (IML) e transferidos para São José dos Campos. Uma cerimônia coletiva de homenagem no ginásio de esportes do CTA, anteontem, contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chorou e abraçou a maioria dos familiares presentes.
Em seu discurso, Lula disse que o povo brasileiro sofreu "a perda irreparável dos nossos 21 trabalhadores e heróis que morreram na base de Alcântara". Não se pronunciou, porém, sobre a questão da independência da comissão de investigação instituída pelo Ministério da Defesa.
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Gel contraceptivo masculino é aprovado em testes com macacos
- Sons irritantes de mastigação fazem parte do cérebro entrar em parafuso
- Continente perdido há milhões de anos é achado debaixo do Oceano Índico
- Por que é tão difícil definir o que é vida e o que são seres 'vivos'
- Conheça as histórias de mulheres de sucesso na Nasa
+ Comentadas
- Criatura em forma de saco e sem ânus poderia ser antepassado do homem
- Atritos entre governo estadual e Fapesp são antigos, dizem cientistas
+ EnviadasÍndice