Cristina Veiga
Especial para o GD
Se o problema é o tamanho da
fralda do bebê ou o número de bolachas por pacote
de biscoito, basta acionar o governo federal. Logo, logo,
o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinará
a criação de um comitê para estudar detalhadamente
um por um desses assuntos. E mais: cada um dos ministérios
que estiver minimamente ligado ao tema participará
do tal comitê.
Pelo menos é o que parece depois
que o governo criou o inusitado comitê de gestão
da sardinha verdadeira. Não é brincadeira. Pelo
menos para o governo petista o assunto é de alta relevância.
Imagina que o tal comitê vai mobilizar pelo menos cinco
ministérios, uma secretaria, um conselho e uma pastoral
para conversar sobre o assunto.
O objetivo? Assessorar o Ibama “na
tomada de decisão sobre a gestão do uso sustentável
da “Sardinella brasiliensis”. É verdade
gente. Está no Diário Oficial. E tem mais: este
é apenas um dos 200 comitês que o atual governo
criou para estudar os mais diferentes assuntos. Já
estão formados grupos de trabalho para descobrir mais
detalhes da vida do escritor Machado de Assis e buscar soluções
para melhorar a interlocução do governo com
a sociedade.
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Governo cria comitê da sardinha
O governo federal criou o comitê
de gestão da sardinha verdadeira. O inusitado grupo
vai mobilizar representantes de ministérios como o
da Defesa, do Meio Ambiente, do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio e do Trabalho, da Secretaria da Pesca, dos
conselhos de pesca e da Pastoral da Pesca. Terá por
função assessorar o Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
“na tomada de decisão sobre a gestão do
uso sustentável da sardinha verdadeira (Sardinella
brasiliensis)”.
A portaria de criação
do grupo foi publicada no Diário Oficial de segunda-feira.
O comitê gestor da sardinha é apenas mais um
no emaranhado de pelo menos duas centenas de grupos de trabalho
que o governo já criou em dois anos. Nenhum tão
exótico quanto o da Sardinella brasiliensis, mas alguns
são também curiosos. Há grupos de trabalho
buscando soluções, por exemplo, para investigar
o mapa de trabalho da população negra, para
uma nova política industrial, para a desburocratização,
para descobrir mais detalhes da vida do escritor Machado de
Assis e para melhorar a interlocução do governo
com a sociedade.
O grupo que cuidará das sardinhas
deverá “encontrar formas de manter sistemas de
análise e informação sobre os dados bioestatísticos
das pescarias de sardinha verdadeira, bem como da conjuntura
econômica e social da atividade ‘sardinheira’.
Deverá, ainda, propor e opinar
sobre termos de cooperação técnica, até
mesmo nas reuniões internacionais sobre gestão
da pesca da sardinha ou assuntos relacionados ao peixe, além
de acompanhar o trabalho de subcomitês relacionados
com a pesca da sardinha.
A mesma portaria que criou o grupo
da pesca da sardinha deixa claro que o trabalho dos participantes
não será remunerado. Mas os estudos receberão
um carimbo, “de relevante interesse público”.
Um subcomitê científico vai cuidar de toda a
infra-estrutura de trabalho dos integrantes do grupo de gestão
da sardinha.
De acordo com esclarecimentos da Assessoria
de Imprensado Ibama, o instituto está preocupado com
o declínio da atividade pesqueira da sardinha. Por
isso, criou o comitê de trabalho. Em 1973, esclarece
o Ibama, foram pescadas 223 mil toneladas de sardinha no ano;
em 2001, esse número caiu para 17 mil toneladas e,
em 2004, subiu para 40 mil. A meta é chegar às
120 toneladas/ano e, assim, reduzir a importação
de sardinhas, de acordo com o Ibama.
As informações são
do jornal O Estado de S. Paulo.
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