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11/08/2006
Carta da semana

DEMOCRACIA JÁ


“A escola, a polícia, a saúde, os poderes não funcionam adequadamente, antes de tudo porque ainda vivemos dentro da estrutura do Estado Imperial. A implantação da república, no fim do século XIX, manteve as leis, os privilégios e basicamente toda a estrutura do Império. Apenas o poder foi transferido para ser gerido por uma coligação entre as oligarquias e a elite de funcionários públicos.

Durante o século XX as oligarquias perderam parcelas de poder e se transformaram, houve a ascensão da casta do baronato que crescia dentro dos privilégios das concessões, mas foram os funcionários públicos que mais se beneficiaram desta situação. Pois, na falta de um patrão (o Imperador) lentamente foram se organizando e tomando os recursos e o Estado para si, criando legislações especificas, empresas e privilégios que os tornam a cada dia que passa cidadãos diferenciados do resto da população (Ex. legislação trabalhista e previdenciária, clubes e hospitais exclusivos, empresas com reservas de mercado). Tudo obtido com recursos do Estado que cada vez mais oneram o bolso do cidadão comum.

Ao longo dos anos, uma das poucas adaptações que tentaram efetuar na estrutura deixada pelo Império foi a “democratização” não por necessidade, mas por pressões externas e de uma pequena parcela da classe média. Houve muitas tentativas, mas sempre esbarraram no “modus operandi”; em como estabelecer uma democracia sem que a população interferisse na estrutura de poder deixada pelo Império, nos privilégios, nos negócios e negociatas do Estado. A população começa a perceber que:

- Vota as cegas, que não tem mecanismos para avaliar e nem para cobrar dos eleitos as posições e realizações prometidas.

- Não tem como interferir na policia, na escola, no posto de saúde, etc. Ex: se existem problemas de roubo ou de banditismo recorrentes no bairro, não tem meios democráticos (conselho comunitário eleito pelo voto direto, voto no delegado ou no comandante do bairro) para avaliar e penalizar o delegado e a sua equipe. Não existem mecanismos de prestação de contas e de submissão a avaliação da comunidade, as próprias responsabilidades são fracionadas e difusas para que não haja um responsável pelas falhas. Não tem como a população penalizar quem esta falhando ou mecanismos para obrigar a efetuar a correção. Não há meios de enquadrá-los aos interesses da população, ao contrário o povo são reféns deles. Dei como exemplo a polícia, mas isso vale para a escola (se ela está quebrada, se os professores faltam, se falta material, se não estão aplicando corretamente a didática, cadê os mecanismos democráticos para a comunidade poder participar, transformar, penalizar e agir?), para a saúde, para a justiça e para todo o resto.

- Que existe uma enormidade de dificuldades para o cidadão exercer uma atividade legalmente. Que a legislação é proibitiva e só alguns têm a dádiva divina de exercer este tipo de transporte.

A grande diferença entre um país do 1º mundo e o nosso, é que lá o povo sente e são donos do seu país, lá eles são iguais perante a uma lei única, lá os cidadãos tem mecanismos para identificar, mudar, corrigir, responsabilizar e penalizar quem cuida da coisa pública. Daí resulta numa estrutura que possibilita ter uma educação, saúde, polícia melhor para o povo. Nós não temos a percepção de que somos o dono do país, pois somos impotentes para interferir no seu destino”,
Alfredo Pantaleão - alfredo_pantaleao@yahoo.com.br


CIDADÃO JORNALISTA é um espaço destinado aos leitores e ouvintes que ao relatarem fatos e experiências de sua cidade, comunidade e cotidiano, tornam-se repórteres por um momento.

 
 

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