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REFLEXÃO


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urbanidade
09/02/2005
A escola do prazer

Nesta quarta-feira de cinzas, o sambódromo está vazio e silencioso; e assim deveria ficar até o próximo Carnaval, sem utilidade, à espera dos desfiles. A solidão está com os dias contados: prepara-se uma experiência para mantê-lo ocupado sempre. Até mesmo com ensaios de música erudita. "É um ótimo lugar para caçar talentos musicais", diz o pianista João Carlos Martins, reconhecido mundialmente por suas interpretações de Bach.

Depois de perder o movimento das duas mãos, Martins começou a estudar regência e voltou a viajar pelo mundo, desta vez como maestro. Os dedos, todos tortos, ainda se prestam, porém, a agarrar as baquetas e se preparam para reger no sambódromo. A idéia é atrair e desenvolver talentos para a música erudita entre alunos de escolas públicas e transformá-los em profissionais. Bancado com recursos privados, o projeto prevê a manutenção de uma orquestra permanente no sambódromo, onde existem dezenas de salas para ensaios.

Dividir espaço entre samba e uma orquestra sinfônica pode, para muitos, ser uma péssima combinação musical. Mas talvez se preste como um arranjo educacional. O prefeito José Serra determinou a seus secretários que transformassem o sambódromo, tão pouco usado, num espaço cultural e esportivo entregue para as escolas municipais e estaduais da região. "Em nosso primeiro levantamento, descobrimos que pelo menos 5.000 estudantes, apenas de escolas municipais, poderiam chegar a pé ao sambódromo", diz José Aristodemo Pinotti, secretário municipal da Educação.

Além do Anhembi, administrador do sambódromo, e da Secretaria da Educação, estão envolvidas no projeto as Secretarias Municipais da Cultura, Esportes e Assistência Social. Buscam-se também atividades bancadas pela comunidade, como a orquestra dirigida por João Carlos Martins ou as aulas do coreógrafo Ivaldo Bertazzo, que desenvolve programas de arte-educação pela dança. "Não precisamos construir nada, apenas precisamos preencher o espaço já disponível sem uso, oferecendo atividades para os estudantes antes ou depois da escola", diz Pinotti. Esses alunos teriam, portanto, uma espécie de escola integral, dividida entre a sala de aula e a comunidade.

O grande projeto ali, porém, é mesmo o samba. Há uma série de blocos nas imediações e se imagina fazer do sambódromo um espaço permanente para o aprendizado das mais diversas atividades voltadas ao Carnaval. Se conseguirem colocar mesmo essa idéia para desfilar, fazendo do sambódromo uma escola do prazer, a cidade terá produzido um enredo e tanto para seduzir crianças e jovens para o aprendizado

Coluna originalmente publicada na Folha de S. Paulo, na editoria Cotidiano.

   
 
 
 

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