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pernambuco
19/07/2004
Professora usa música popular para conscientizar estudantes sobre doenças sexuais

Edvania Helena Paulino da Silva cultiva desde pequena duas características: é expansiva e adora música popular. Foi graças a essas duas características que ela, hoje professora do ensino público, desenvolveu um projeto sobre Aids e educação sexual numa escola rural no interior de Pernambuco e, após vários meses usando o lombo de uma égua como meio de transporte, viajou de avião pela primeira vez.

O projeto de Edvania fez parte de seu trabalho de conclusão no curso do Proformação (Programa de Formação de Professores em Exercício), que tem apoio do PNUD e é destinado a capacitar pessoas que, mesmo sem habilitação, dão aulas em instituições públicas do ensino fundamental. Ela lecionava a classes da 1ª a 4ª série na Escola Nossa Senhora da Conceição Engenho Piutá, na zona rural de Palmares, uma cidade pernambucana com cerca de 55 mil habitantes. Para trabalhar, pegava ônibus até o começo de uma estrada de terra; aí, fizesse sol ou chuva, montava em uma égua e cavalgava por cinco quilômetros até a sala de aula. Diariamente.

A seus alunos, ela procurava uma maneira de ensinar conteúdo ligado a doenças sexualmente transmissíveis; resolveu lançar mão de músicas e brincadeiras para driblar a inibição e a reserva dos estudantes em tratar do tema. “É com brincadeira que o aluno aprende”, afirma. Essa sua teoria foi testada na Nossa Senhora da Conceição Engenho Piutá e na Escola Professora Judith Gomes de Barros, na cidade vizinha de Santa Maria da Boa Vista. E aprovada: recebeu elogios da coordenação local do Proformação e da FASP-RJ (Federação das Associações e Sindicatos dos Servidores Públicos no Estado do Rio de Janeiro).

Os métodos de Edvania não são nada ortodoxos. Ela lança mão de brincadeiras com desenhos (do tipo ligue os pontos, encontre a figura etc.), palavras-cruzadas, caça-palavras e música, muita música. Na aula-show, ela cantarola de nove a 12 canções, com destaque, sempre, para as de Roberto Carlos. Edvania quase nunca deixa de cantar, por exemplo, trechos de “Detalhes”, “Emoções” e “Outra Vez”. “Sou apaixonada pelo Roberto Carlos”, declara-se.

A paixão, porém, não impediu que ela concedesse espaço a outros músicos, o que resultou num repertório eclético: costuma incluir, por exemplo, Paralamas do Sucesso, Jota Quest, Martinho da Vila, Rita Lee, Lulu Santos, Tim Maia e Kid Vinil. As canções são usadas para amarrar os conteúdos e chamar a atenção dos alunos, num esquema de pergunta-resposta sobre o qual Edvania matutou por sete meses, até dar-lhe um formato final.

A folha com as questões e as respostas numeradas é entregue aos estudantes. Quando, por exemplo, o burburinho das conversas na classe ultrapassa o limite do razoável, ela indica aos alunos a pergunta 5 (“Professora, como você fica quanto tem conversas paralelas na sala de aula?”) e ataca de Kid Vinil: “Isso me dá um tique-tique nervoso, tique-tique nervoso...”. Nas aulas de educação sexual, ao falar das particularidades do sexo feminino, busca descontrair os alunos com ajuda de Rita Lee (“Mulher é bicho esquisito...”).

O tom de show de calouros, porém, pretende ser apenas uma maneira de facilitar a introdução de assuntos mais áridos. Edvania leva para a classe cartazes e folders do Ministério da Saúde e destrincha informações para prevenção a doenças sexualmente transmissíveis. “Em Palmares, e principalmente em Engenho Piutá, os adolescentes têm poucas informações sobre isso”, avalia.

Seu trabalho chegou ao conhecimento da União dos Professores Públicos Estaduais do Rio de Janeiro. Em março deste ano, ela foi ao Rio participar de um ciclo de palestras sobre trabalho docente. Lá, apresentou parte de sua metodologia e deu uma palhinha com algumas canções — não todas, apenas os hits paredes. Viajou de avião pela primeira vez e, de quebra, ainda deu entrevistas a uma rádio local. “Adorei. Para quem só andava de égua, foi ótimo”, brinca. Na visita à capital fluminense, ela não resistiu a dar um pulinho no bairro da Urca, à procura do apartamento do Roberto Carlos. O Rei não estava.

As informações são do site PNUD.

 
 
 

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