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O
anonimato de José Serra
As derrotas
na política foram um dos principais estímulos
ao desenvolvimento intelectual de José Serra. O regime
militar fez com que estudasse economia fora do Brasil, colocando-o
em contato com centros de excelência. Por causa da derrota
na disputa presidencial do ano passado, está agora
tirando um período sabático em Princeton, nos
Estados Unidos, onde se dedica a estudar teorias de desenvolvimento.
"São paradas estratégicas de reflexão",
diz.
Para José
Serra, sair do cotidiano do fazer e dedicar-se à reflexão,
longe das referências habituais, deveria estar no plano
de qualquer um que deseja progredir intelectual e profissionalmente.
Desde que voltou ao Brasil, no início da década
de 80, esteve ininterruptamente próximo dos núcleos
de poder no Legislativo ou em cargos executivos públicos.
"Toda
aquela correria se torna, muitas vezes, alienante." São
nessas paradas estratégicas, forçadas ou não,
que, segundo ele, pode-se repensar com profundidade o que
fazemos e, mais, o que somos.
Passar
um tempo no exterior fornece "saudáveis aulas
de anonimato". "Voltamos a viver uma vida comum,
fazendo compras, indo ao cinema, ao teatro e ao supermercado,
sem que ninguém nos conheça. Aterrissamos no
mundo normal." Daí se vai saindo do casulo alienante
do poder.
Ele diz
que não sabe exatamente como será, quando voltar,
sua política. Diz que sabe o que não quer: não
quer, por exemplo, ser candidato à Prefeitura de São
Paulo, apesar das pressões de seu partido, o PSDB,
a começar do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Estão
nos seus planos voltar a escrever, dar aulas na universidade
e deixar o saudável anonimato apenas para as paradas
estratégicas no exterior. Embora não admita,
ainda sonha com a Presidência da República.
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