Renda
cai e indicadores sociais melhoram
O trabalhador
brasileiro teve uma perda de 7,1% nos rendimentos de 1999 em relação
aos ganhos médios do ano anterior, descontada a inflação.
No ano passado, a renda mensal média do brasileiro ficou
em R$ 525.
Os dados são
da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - Pnad 99,
do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),
divulgada nesta quinta-feira.
A diferença
salarial entre homens e mulheres teve pequena queda. Em 1995, as
mulheres ganhavam o equivalente a 54,2% do salário masculino,
subindo para 60,7% no ano passado.
A Pnad constatou
ainda aumento da porcentagem de crianças na escola, crescimento
da população idosa e maior acesso da população
a água encanada, saneamento básico, eletricidade,
telefones, máquina de lavar, geladeira e fogão.
Leia
mais:
- Renda do brasileiro cai 7,1%, aponta IBGE
(Folha de S.Paulo)
- Cai número de empregados com registro
(Folha de S.Paulo)
- Pnad
mostra melhora na vida do brasileiro (O Estado de S.Paulo)
|
|
|
Subir
|
|
Renda
do brasileiro cai 7,1%, aponta IBGE
O trabalhador
brasileiro saiu da crise da desvalorização do real
e da estagnação econômica de 1999 com uma perda
de 7,1% no seu rendimento em relação aos ganhos médios
do ano anterior, já descontados os efeitos da inflação.
As informações
constam da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios),
a mais ampla pesquisa socioeconômica do IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística), divulgada ontem. Os dados são
referentes ao ano passado.
A Pnad revelou
uma acentuação da queda real do rendimento, que já
vinha apresentando pequenas baixas de 1996 para 1997 (1,2%) e de
1997 para 1998 (0,8%). Com isso, chegam a 9% as perdas acumuladas
nos últimos três anos.
Nos últimos
dez anos, só houve duas situações piores: as
perdas de 18,2% de 1989 para 1990 e de 12,2% de 1990 para 1992.
Nos anos 80, houve perdas ainda maiores, também na casa dos
dois dígitos, nos períodos de 1981 a 1983 e de 1986
a 1987.
A pesquisa não
foi realizada em 1991 e em 1994. De 1995 para cá, o baque
na renda foi de 6,4%, provocando um retrocesso na melhoria do rendimento
proporcionada pelo Plano Real (julho de 1994) e pela estabilização
da moeda, mas sem eliminá-la.
Em relação
a 1993, período anterior ao Plano Real, o rendimento médio
dos trabalhadores ainda está 21% maior. Isso significa que,
se há sete anos o rendimento médio era de R$ 434,
no ano passado ele ficou em R$ 525.
Nos últimos
dez anos, o rendimento do trabalhador se comportou como um carrinho
de montanha-russa. Despencou com a recessão do Plano Collor
(1990) e ficou no fundo do poço de 1990 a 1993. Voltou a
subir em 1995, depois do Plano Real, e entrou em queda contínua
a partir de 1996.
Entre as altas
e baixas dos últimos dez anos, o salário médio
do trabalhador brasileiro em 1999 entra para a década como
o mais baixo já visto fora do período recessivo de
90 a 93.
E ainda está
6,2% abaixo do de 1989, segundo o IBGE. O maior baque quem sentiu
foram os empregadores (-9,5%), seguidos pelos autônomos (-7,4%)
-ambos acima da média.
O rendimento
médio mensal do brasileiro empregado foi de 3,7 salários
mínimos. A renda chegou a 4,1 salários mensais para
os que têm carteira assinada, 6 salários para militares
e estatutários e apenas 2,1 salários para os empregados
sem registro em carteira.
Continua a disparidade
entre os salários de mulheres e homens, embora as diferenças
estejam caindo. Segundo a Pnad, se um homem ganha em média
R$ 100 pelo seu trabalho, a mulher consegue R$ 60,70. Em 1995, a
proporção era ainda pior: as mulheres ganhavam quase
a metade dos homens (54,2%).
Conforme já
mostravam as taxas de desemprego recordes do ano passado, o aumento
de 2,4% na população ocupada, entre 98 e 99, foi acompanhado
de um ritmo muito mais forte no crescimento da porção
desocupada da população (6,67%).
A desocupação
cresceu em todas as regiões do país, tanto entre homens
como entre mulheres. Isso significa que a economia não está
dando conta do crescimento da força de trabalho.
Mesmo com o
aumento da população ocupada no ano passado, o percentual
ainda está abaixo do verificado em 1992 (57,5%).
O índice
de desocupados foi mais alto nas áreas urbanas da região
Norte (11,4%), seguida pelo Sudeste (11,2%).
O economista
Carlos Langoni, da FGV (Fundação Getúlio Vargas),
destaca ainda o fato de grande parte da mão-de-obra nacional
ter baixa qualificação.
Segundo ele,
esse tipo de trabalhador não entra mais na indústria,
que demanda um empregado cada vez mais qualificado. Ele é
absorvido pelo setor público, achatado pela falta de capacidade
de investimento de grande parte dos municípios, e pela construção
civil, onde houve queda.
|
|
|
Subir
|
|
Cai número de empregados
com registro
Segue em alta
a informalidade no mercado de trabalho brasileiro. Entre os empregados,
a proporção de trabalhadores com carteira assinada
caiu de 56,6% em 1992 para 53,4% no ano passado.
O surpreendente
é que o freio à escalada da informalidade veio do
campo. São os setores agrícolas os que estão
aumentando os vínculos com seus empregados. A proporção
subiu de 24,6% para 29,9% em sete anos.
Nos setores
não-agrícolas, em compensação, cresce
a proporção de trabalhadores sem carteira de trabalho
assinada. A proporção de empregados com vínculo
formal caiu de 62,1% para 56,6% entre 1992 e 1999.
Conclusão:
o número de contribuintes do INSS (Instituto Nacional do
Seguro Social) teve uma elevação insignificante (0,6%),
diz o IBGE.
A participação
dos contribuintes apresenta significativas diferenças de
acordo com a região do país. Enquanto no Nordeste
eles não passam de 24,6% da população ocupada,
no Sudeste esse percentual era mais que o dobro (55,4%) no ano passado.
A alta da formalização
das relações de trabalho no campo se refletiu no número
de contribuintes do INSS. A contribuição subiu 14,8%,
e a proporção de contribuintes entre os ocupados aumentou
de 9,2% para 9,9%.
(Fernanda da
Escóssia e Isabel Clemente - Folha de S.Paulo)
|
|
|
Subir
|
|
|