meio ambiente
03/09/2007

Rio Pinheiros terá obra de despoluição retomada

João Batista Jr.


Há uma semana, o governo paulista começou a coletar amostras de água do rio Pinheiros. A análise, que irá registrar o nível de poluição em diferentes trechos da extensão do rio, será feita antes de o processo de despoluição ser retomado – o que deve acontecer ainda este ano segundo previsão da Secretaria do Verde e Meio Ambiente.

O processo de despoluição será o de flotação. O mesmo idealizado pelo governo Mário Covas, em 2001. A flotação, que forma e retira flocos de poluição, gera impasse, pois alguns ambientalistas consideram um recurso que afeta a qualidade da água a ser bombeada. Em 2002, os deputados José Mentor (federal) e Donisete Pereira Braga (estadual), ambos do PT, embargaram a obra na Justiça. Por conta de um acordo com o Ministério Público, a administração José Serra conseguiu retomar as obras.

Segue abaixo entrevista com o deputado Ricardo Tripoli (PSDB), um dos idealizadores do processo de despoluição do rio Pinheiros (em 2001, era o secretário do Verde e Meio Ambiente). O site GD tentou também conversar com José Mentor (PT), um dos deputados que embargou a obra na Justiça à época, que não quis se manifestar sobre a retomada das obras por “não estar a par do assunto” segundo sua assessoria.

SITE GD: É favorável à despoluição do rio Pinheiros?
Tripoli: Sou amplamente favorável à despoluição de todas as águas, especialmente do Estado de São Paulo. A minha atuação sempre se pautou por essa linha. Ocorre que despoluir um rio é tarefa complexa e de longo prazo.
No caso do Pinheiros, não poderia ser diferente. Nessa linha foi concebido o projeto Pomar que objetiva recuperar as margens do rio e a paisagem da via Marginal.

SITE GD: Qual a importância econômica do rio?
Tripoli: Ele é indispensável à contenção da cunha salina que tem importância fundamental para a qualidade da água da ETA Cubatão, também é importante para o abastecimento de água da região do ABC, da zona oeste de São Paulo através da derivação das águas do Taquacetuba; também aliviará a poluição na região de Pirapora do Bom Jesus que sofre com as espumas que o rio Tietê lança sobre a cidade causando problemas também de poluição do ar com graves conseqüências no aparelho respiratório especialmente de crianças e idosos. E por último, para liberar a geração de energia elétrica na Usina Henry Borden.

SITE GD: Existe a possibilidade de o rio Pinheiros ser, de fato, despoluído?
Tripoli: Existe. A flotação é uma parte do processo de despoluição. Ela como processo unitário executará cerca de 60% do processo de despoluição – o que não dispensa a continuidade das obras e dos investimentos do processo tradicional que devem ser até acelerados. O que ela permite é que sejam atingidos os objetivos de forma escalonada. O processo, inédito na sua formatação, será rigorosamente acompanhado pela nossa Agência Ambiental que forneceu os parâmetros de controle para o projeto, bem assim acompanhará todas as fases dos testes.

SITE GD: Caso isso ocorra, a despoluição será por meio de flotação – método contraditório para muitos e um dos motivadores da oposição à época ter entrado com embargo na Justiça. Isso significa que os seis anos que se passaram foram perdidos?
Tripoli: A oposição à época teve uma visão retrógrada comparável à idade média. O que se pretende com essa fase do processo é testar a técnica de flotação em rios para possibilitar os benefícios que a população merece: despoluir a Billings e ao mesmo tempo propiciar entre outros os benefícios da geração de energia, evitando-se o tão temido apagão que se propala. O projeto foi rigorosamente analisado pelos órgãos ambientais, todas as fases foram avaliadas, e se o teste comprovar todas as hipóteses programadas, prossegue-se com as demais fases e se terá os resultados em curto prazo.

SITE GD: Houve algum acordo entre José Serra e a bancada da oposição para que não haja nenhum entrave na Justiça?
Tripoli: Não tenho conhecimento.

SITE GD: O maquinário comprado em 2001 poderá ser reaproveitado?
Tripoli: Os equipamentos instalados evidentemente após paralisação de seis anos necessitarão de uma adequada revisão para serem comissionados para seu uso. Mas todos poderão ser novamente utilizados.


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