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pobreza
08/10/2003

Terreno com metais funciona como garimpo urbano em Santo André

Ex-depósito de uma indústria de aço do município, há quatro meses o local se transformou em uma fonte de renda para cerca de 200 adultos e crianças.

Um ex-depósito de uma indústria de aço em Santo André, região do ABC, funciona como um garimpo urbano há quatro meses. Ali aproximadamente 200 adultos e crianças chegam todos os dias por volta das 6h em busca de pedaços de ferro, cobre, aço e alumínio. O material é vendido no final do dia a comerciantes de ferro-velho.

O Conselho Tutelar de Santo André esteve ontem no local, encontrou 16 menores no garimpo e disse que a área oferece risco por causa dos materiais. Hoje a equipe deve voltar ao lugar para conversar com os pais e explicar que as crianças precisam estar na escola.

Desempregado e com quatro filhos — de 7, 5, 4 e 2 anos de idade — , o marceneiro Marcos Paulo Moraes, de 28 anos, encontrou no garimpo o sustento da família. Por dia, ganha em média R$ 60. Ele está ali há um mês. Sai de casa de bicicleta, no bairro de Vila Luzita, às 6h. Às 16h, vende a produção diária. Seu final de semana é livre e dedicado aos filhos. “Essa foi a única opção que apareceu.”

O terreno fica na altura do 2.100 da Avenida do Estado. Pás, picaretas e as até mãos — já exibindo calos e rachaduras— são as “ferramentas” usadas pelos garimpeiros.

Pedaços de aço e metal costumam ser mais lucrativos, chamados de “material fino”. O quilo custa R$ 1,80. Já pelo ferro paga-se R$ 0,13.

Os garimpeiros urbanos relatam que lá já acharam motores de geladeira, eletrodomésticos, botijões de gás e barras ferro de 300 quilos. “Encontrar uma peça desse tamanho é um presente de Deus. Isso aqui é lugar para pessoa que tem coragem. O que faturo no sábado garante a fruta das crianças no domingo”, diz o ex-feirante Valmir Machado Dias, de 33 anos, que, há três meses no garimpo, consegue R$ 25 por dia.

De acordo com a Prefeitura de Santo André, o terreno pertence à Rede Ferroviária Federal e, por cessão em comodato, ficou durante 20 anos com a Gerdau, uma indústria de aço. Atualmente, a responsável pela área é a Universidade do Grande ABC (UniABC).

O Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André (Semasa) notificou ontem a UniABC e declarou que o garimpo é um problema ambiental. Segundo a instituição, como não existe licença ambiental da prefeitura para a exploração da área, o proprietário pode ser multado.

A universidade declarou ainda não ter informações sobre o assunto. Procurada, a assessoria de imprensa da Gerdau não foi encontrada para comentar o caso.

As informações são do Diário de São Paulo.

   
 
 
 

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