Comportamento
11/08/2008

Será que lemos mesmo, quando surfamos na Net?

Maximilien Calligaris,
enviado especial



NOVA YORK- Desde a invenção da televisão, os especialistas começaram a avisar que um dia a mídia eletrônica acabaria com a leitura. No outono americano passado, a National Endowment for the Arts (Fundação Nacional pelas Artes) apontou um declínio de pontuação no teste de leitura entre os adolescentes. O relatório afirmou que, em 2004, apenas pouco mais de um quinto dos jovens de 17 anos leu por prazer. Em 1984 o índice era de um terço. Inversamente, em 2004, 19% dos adolescentes, desta mesma faixa etária, afirmou que eles não lêem nunca ou lêem raramente por prazer. Em 1984, davam essa resposta apenas nove entre cem.

É claro que, na era digital, os jovens passam mais tempo na Net do que lendo no papel impresso. A Kaiser Family Foundation relatou que o tempo médio do americano surfando na internet passou de 46 minutos, em 1999, para uma hora e 41 minutos, em 2004.

Será que a leitura online substitui a leitura no papel? E será que os conhecimentos adquiridos nos dois casos se equivalem ou se compensam?

O declínio nos resultados do teste parece dizer que não. Imagens, animações, vídeos e sons interferem na capacidade de se concentrar por um período de tempo prolongado, comprometendo talvez um dos benefícios do hábito da leitura, sobretudo se ele for estabelecido na adolescência: a capacidade de focar a atenção com uma certa duração.

Por outro lado, não há como negar que a internet criou um novo tipo de leitura e de leitores. Usar web exige algum tipo de interesse pela leitura, mesmo que você esteja apenas “googlando” ou participando de um blog.

Alguns especialistas dizem que a leitura online deveria ser levada mais a sério pelas escolas e pela sociedade em geral. É uma atividade que pede uma competência que poderia ser avaliada, assim como se avalia a compreensão de texto. Há crianças disléxicas ou com outras dificuldades de aprendizado que acham bem mais acessível e confortável a leitura online, e, nesses casos, a longo prazo, isso ajuda sua capacidade de leitura em geral. Uma pesquisa mostrou que dar acesso à internet a estudantes de baixa renda ajuda no resultado de testes de leitura no papel impresso.

Talvez a palavra conclusiva seja que, mesmo se ler um livro é mais enriquecedor, ler online também significa ler, e é uma atividade que estimula crianças que, sem isso, não conseguiriam dar a leitura nenhum instante de seu tempo livre. Além disso, a realidade do dia é que as novas gerações se comunicam por imagens e sons muito mais do que as anteriores, e o livro é apenas um dos canais pelos quais a informação chega até nós.

   
 
   
 

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