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20/10/2005
-
09h31
HUDSON CORRÊA
da Agência Folha
O governador do Departamento (Estado) de Amambay, Roberto Acevedo, disse ontem à Folha que o "Brasil não fez sua parte" e está jogando o problema da febre aftosa "em cima do Paraguai". Autoridades paraguaias reclamam de terem sido informadas com atraso sobre o caso da doença do lado brasileiro.
Presidente do Senacsa (Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Animal) do Paraguai, Hugo A. Corrales, afirma que não há casos da doença no país, dono de um rebanho de 9,67 milhões de cabeças de gado. "Posso dizer que hoje, no momento desta entrevista, o Paraguai é área livre de aftosa", afirmou Corrales. Segundo ele, a última vacinação contra a aftosa ocorreu no fim de julho e foram imunizados 98% do rebanho.
Corrales disse que, no dia 29 de setembro, o governo brasileiro já tinha praticamente certeza do foco da doença, mas só comunicou o caso no último dia 9 ao Paraguai. No Brasil, a divulgação pela imprensa ocorreu no dia 10. "Não compartilho que a enfermidade tenha origem no Paraguai. A doença surgiu primeiro a 45 km da fronteira [em Eldorado]".
A versão de que a doença tenha surgido no Paraguai, segundo Corrales, é alimentada por "políticos" brasileiros. Segundo ele, o Ministério da Agricultura não fez a acusação. Para Acevezo, o Brasil investiu apenas 2% no programa de combate à febre aftosa e, por isso, a doença ressurgiu em Mato Grosso do Sul.
Questionado por meio da assessoria de imprensa, o Ministério da Agricultura não havia respondido até o fechamento desta edição.
Uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) divulgada pela Folha no sábado passado apontou que o governo brasileiro havia aplicado, até 2 de junho, apenas R$ 285.828, ou 0,41%, do total de R$ 68.818.501 destinados ao PNEFA (Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa) no Orçamento de 2005.
Amambay é o principal Estado paraguaio na fronteira com o Brasil, em Mato Grosso do Sul. "Temos 800 mil cabeças de gado. Foi feita vacinação", afirmou.
Segundo ele, 80% das propriedades rurais no Departamento de Amambaí, cuja capital Pedro Juan Caballero é a mais próxima a Mato Grosso do Sul, são brasileiros e vacinam o gado.
Outra reclamação de Acevedo, assim como de Corrales, é que o governo brasileiro teria demorado em comunicar o caso de aftosa às autoridades paraguaias.
Acevedo ainda fez crítica ao seu colega José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, governador de Mato Grosso do Sul. "Estamos descontentes com ele", disse.
Zeca disse acreditar que o foco de aftosa veio do Paraguai. Foram três casos da doença em seu governo, desde 1998. "Todos na região de fronteira", reclama o governador brasileiro. Segundo o Senacsa, houve proibição de entrada de animais vindos no Brasil e ocorre a desinfecção de carros que vêm do país vizinho. "Que não volte a ingressar a febre aftosa em nosso país", foi o lema adotado pelo Senacsa.
No Departamento de Canindeyu, mais próximos ao foco de aftosa, três distritos paraguaios foram interditados, mas não há caso da doença, segundo o Senacsa. Na área vivem 631 mil cabeças de gado do Paraguai.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a febre aftosa
"Brasil não fez sua parte", afirma paraguaio
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da Agência Folha
O governador do Departamento (Estado) de Amambay, Roberto Acevedo, disse ontem à Folha que o "Brasil não fez sua parte" e está jogando o problema da febre aftosa "em cima do Paraguai". Autoridades paraguaias reclamam de terem sido informadas com atraso sobre o caso da doença do lado brasileiro.
Presidente do Senacsa (Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Animal) do Paraguai, Hugo A. Corrales, afirma que não há casos da doença no país, dono de um rebanho de 9,67 milhões de cabeças de gado. "Posso dizer que hoje, no momento desta entrevista, o Paraguai é área livre de aftosa", afirmou Corrales. Segundo ele, a última vacinação contra a aftosa ocorreu no fim de julho e foram imunizados 98% do rebanho.
Corrales disse que, no dia 29 de setembro, o governo brasileiro já tinha praticamente certeza do foco da doença, mas só comunicou o caso no último dia 9 ao Paraguai. No Brasil, a divulgação pela imprensa ocorreu no dia 10. "Não compartilho que a enfermidade tenha origem no Paraguai. A doença surgiu primeiro a 45 km da fronteira [em Eldorado]".
A versão de que a doença tenha surgido no Paraguai, segundo Corrales, é alimentada por "políticos" brasileiros. Segundo ele, o Ministério da Agricultura não fez a acusação. Para Acevezo, o Brasil investiu apenas 2% no programa de combate à febre aftosa e, por isso, a doença ressurgiu em Mato Grosso do Sul.
Questionado por meio da assessoria de imprensa, o Ministério da Agricultura não havia respondido até o fechamento desta edição.
Uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) divulgada pela Folha no sábado passado apontou que o governo brasileiro havia aplicado, até 2 de junho, apenas R$ 285.828, ou 0,41%, do total de R$ 68.818.501 destinados ao PNEFA (Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa) no Orçamento de 2005.
Amambay é o principal Estado paraguaio na fronteira com o Brasil, em Mato Grosso do Sul. "Temos 800 mil cabeças de gado. Foi feita vacinação", afirmou.
Segundo ele, 80% das propriedades rurais no Departamento de Amambaí, cuja capital Pedro Juan Caballero é a mais próxima a Mato Grosso do Sul, são brasileiros e vacinam o gado.
Outra reclamação de Acevedo, assim como de Corrales, é que o governo brasileiro teria demorado em comunicar o caso de aftosa às autoridades paraguaias.
Acevedo ainda fez crítica ao seu colega José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, governador de Mato Grosso do Sul. "Estamos descontentes com ele", disse.
Zeca disse acreditar que o foco de aftosa veio do Paraguai. Foram três casos da doença em seu governo, desde 1998. "Todos na região de fronteira", reclama o governador brasileiro. Segundo o Senacsa, houve proibição de entrada de animais vindos no Brasil e ocorre a desinfecção de carros que vêm do país vizinho. "Que não volte a ingressar a febre aftosa em nosso país", foi o lema adotado pelo Senacsa.
No Departamento de Canindeyu, mais próximos ao foco de aftosa, três distritos paraguaios foram interditados, mas não há caso da doença, segundo o Senacsa. Na área vivem 631 mil cabeças de gado do Paraguai.
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