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27/10/2005
-
22h19
JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina
O empresário Luiz Meneghel Neto, 49, um dos maiores pecuaristas do Sul do país, defendeu a integração de países da América dos Sul no combate à febre aftosa. "Não dá para um país continental com o Brasil, com fronteira seca com vários outros países, pensar na erradicação da febre aftosa sem uma ação conjunta com nossos vizinhos", disse Meneghel.
Meneghel comanda um grupo familiar com 40 mil hectares em lavouras e pecuária nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Criador de limousin (gado europeu), nelore de elite e gado comercial, Meneghel possui um plantel de 30 mil cabeças nos três Estados.
Somente com um pequeno plantel de 15 cabeças de nelore de elite, colocados em quarentena em Toledo (oeste do PR) após a confirmação do foco de aftosa no país, Meneghel tem retido R$ 1,2 milhão. "Esses animais foram retidos porque a feira de Toledo tinha animais de Mato Grosso do Sul. O prejuízo financeiro será pequeno comprado à perda genética, caso esses animais tenham que ser sacrificados."
Meneghel também expôs 15 animais da raça limousin na feira Eurozebu, de Londrina (norte do PR), realizada de 1 a 9 deste mês, no mesmo período em que ocorreu o leilão Dez Marcas, suspeito de disseminar a doença de Mato Grosso do Sul para o Paraná.
"Os prejuízos financeiros deste ou aquele produtor com a aftosa são importantes. Mas o prejuízo maior, e isso é imensurável, é com a imagem da carne brasileira no exterior e com as perdas genéticas com o sacrifício dos animais. Precisamos mobilizar os países vizinhos em um planejamento integrado para a erradicação da febre aftosa."
Meneghel cobrou do governo federal mais flexibilidade para a compra de vacinas. "Hoje a venda de vacinas é autorizada só em épocas de campanha. O governo deveria ser inflexível na exigência da vacinação, mas deveria flexibilizar a compra de vacinas fora das épocas de campanha", disse.
"Eu mesmo poderia planejar vacinas a cada quatro meses em minhas propriedades, imunizando os animais jovens que nascem fora dos períodos de campanha. Na maioria dos Estados brasileiros, as vacinações ocorrem nos meses de maio e novembro. Em Mato Grosso do Sul existe uma campanha extra no mês de fevereiro."
Meneghel disse ser uma "ilusão" imaginar que um país da dimensão do Brasil, com diferenças sociais entre produtores e com a existência de animais silvestres vetores da doença (como cervos e capivaras), seja possível chegar ao estágio de país livre sem necessidade de vacinação. "Vamos ter que vacinar. E é preciso menos burocracia e mais agilidade dos governos estaduais e federal para que o Brasil vacine sempre e bem seu rebanho."
O produtor criticou ainda a demora da Secretaria de Defesa Agropecuária, órgão do Ministério da Agricultura, em alertar sobre a existência do foco de febre aftosa em Eldorado (MS). "O governo tinha a informação de foco em 26 de setembro. Não dá para admitir que tenha demorado tanto para fazer o alerta", afirmou.
A Folha apurou que setores ligados à Abiec (Associação Brasileira da Indústrias Exportadoras de Carne) tinham informação da ocorrência de aftosa na região de Eldorado já no final de agosto. A comunicação oficial da ocorrência só ocorreu no dia 10 deste mês.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a febre aftosa
Pecuarista "top" quer união continental contra aftosa
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da Agência Folha, em Londrina
O empresário Luiz Meneghel Neto, 49, um dos maiores pecuaristas do Sul do país, defendeu a integração de países da América dos Sul no combate à febre aftosa. "Não dá para um país continental com o Brasil, com fronteira seca com vários outros países, pensar na erradicação da febre aftosa sem uma ação conjunta com nossos vizinhos", disse Meneghel.
Meneghel comanda um grupo familiar com 40 mil hectares em lavouras e pecuária nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Criador de limousin (gado europeu), nelore de elite e gado comercial, Meneghel possui um plantel de 30 mil cabeças nos três Estados.
Somente com um pequeno plantel de 15 cabeças de nelore de elite, colocados em quarentena em Toledo (oeste do PR) após a confirmação do foco de aftosa no país, Meneghel tem retido R$ 1,2 milhão. "Esses animais foram retidos porque a feira de Toledo tinha animais de Mato Grosso do Sul. O prejuízo financeiro será pequeno comprado à perda genética, caso esses animais tenham que ser sacrificados."
Meneghel também expôs 15 animais da raça limousin na feira Eurozebu, de Londrina (norte do PR), realizada de 1 a 9 deste mês, no mesmo período em que ocorreu o leilão Dez Marcas, suspeito de disseminar a doença de Mato Grosso do Sul para o Paraná.
"Os prejuízos financeiros deste ou aquele produtor com a aftosa são importantes. Mas o prejuízo maior, e isso é imensurável, é com a imagem da carne brasileira no exterior e com as perdas genéticas com o sacrifício dos animais. Precisamos mobilizar os países vizinhos em um planejamento integrado para a erradicação da febre aftosa."
Meneghel cobrou do governo federal mais flexibilidade para a compra de vacinas. "Hoje a venda de vacinas é autorizada só em épocas de campanha. O governo deveria ser inflexível na exigência da vacinação, mas deveria flexibilizar a compra de vacinas fora das épocas de campanha", disse.
"Eu mesmo poderia planejar vacinas a cada quatro meses em minhas propriedades, imunizando os animais jovens que nascem fora dos períodos de campanha. Na maioria dos Estados brasileiros, as vacinações ocorrem nos meses de maio e novembro. Em Mato Grosso do Sul existe uma campanha extra no mês de fevereiro."
Meneghel disse ser uma "ilusão" imaginar que um país da dimensão do Brasil, com diferenças sociais entre produtores e com a existência de animais silvestres vetores da doença (como cervos e capivaras), seja possível chegar ao estágio de país livre sem necessidade de vacinação. "Vamos ter que vacinar. E é preciso menos burocracia e mais agilidade dos governos estaduais e federal para que o Brasil vacine sempre e bem seu rebanho."
O produtor criticou ainda a demora da Secretaria de Defesa Agropecuária, órgão do Ministério da Agricultura, em alertar sobre a existência do foco de febre aftosa em Eldorado (MS). "O governo tinha a informação de foco em 26 de setembro. Não dá para admitir que tenha demorado tanto para fazer o alerta", afirmou.
A Folha apurou que setores ligados à Abiec (Associação Brasileira da Indústrias Exportadoras de Carne) tinham informação da ocorrência de aftosa na região de Eldorado já no final de agosto. A comunicação oficial da ocorrência só ocorreu no dia 10 deste mês.
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