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03/11/2005 - 19h50

União, Estados e pecuaristas têm culpa no caso da aftosa, diz Zafalon

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da Folha Online

O jornalista Mauro Zafalon, especialista em agropecuária, avalia que o surgimento de focos de febre aftosa prejudicou o país especialmente num momento em que a carne brasileira tinha tudo para ganhar os mercados mais competitivos do mundo.

Ele afirma que o caso resultou de uma "somatória de culpas". "O governo federal investiu pouco. O estadual deixou de controlar as propriedades. Muitos pecuaristas deixaram de vacinar o gado. Ninguém é santo nessa história". As afirmações foram feitas durante bate-papo na internet, que contou com a participação de 1.220 pessoas.

Para ele, faltou a presença ativa tanto do governo estadual de Mato Grosso do Sul quanto do federal, que deveriam ter planos de acompanhamento da vacinação.

"[A aftosa] É uma desastre. Gera desemprego, frigoríficos parados, contratos rompidos, pecuaristas ainda mais endividados. E o pior: a recuperação da imagem do Brasil vai demorar. Quando todos olhavam o produto brasileiro como um dos de melhor qualidade devido ao chamado "boi verde", acontece um acidente deste".

Humanos

Vários internautas questionaram o jornalista sobre a possibilidade de a febre aftosa contaminar seres humanos.

"A febre aftosa é uma doença que ataca essencialmente animais. Rarissimamente ataca o ser humano. Em toda a história, só foram registrados 40 casos de aftosa em humanos, principalmente na Europa", disse.

"Casos são raríssimos e podem afetar principalmente crianças. Os efeitos são mínimos e quase imperceptíveis, a pessoa sente uma febre baixa e cansaço, mas reitero que são casos raríssimos".

Doação

Uma leitora questionou o fato de que, se a febre aftosa não prejudica os humanos, por que então matar os aninais. "A morte [do animal] é necessária porque o animal passa a ser um transmissor do vírus. Em 20 ou 30 dias, o animal afetado pode ser curado, mas continua com o vírus encubado pelo menos por 30 meses".

Outra perguntou se a carne não poderia ser doada para programas como o "Fome Zero". "Frigoríficos não abatem animais com a febre aftosa. Não é bom comer carne com qualquer tipo de doença".

Outros internautas perguntaram se o vírus da aftosa pode ser transmitido pelo leite in natura. "O leite in natura contém o vírus da aftosa. Após fervido ou industrializado, o produto torna-se livre de qualquer contaminação", disse.
Outra leitora perguntou se o preço da carne vai subir. "A análise deve ser feita por dois aspectos. Primeiro, se houver um aumento dos embargos à carne brasileira no exterior por países importadores, haverá queda de preço já que o Brasil é o maior produtor mundial. Se esses embargos, o que se espera, forem sendo eliminados aos poucos, não deverá haver grandes reflexos nos preços".

Estados

Zafalon afirmou que todos os Estados brasileiros poderão ter aftosa. Ele avaliou que os Estados das regiões Norte e Nordeste são hoje os que mais correm risco de contaminação porque o gado está muito espalhado em pequenas propriedades, onde, em muitos casos, não há vacinação.

O jornalista lembrou que a localização da febre aftosa afetou as exportações brasileiras. "Os dados de outubro já mostram queda nas exportações de US$ 68 milhões. Em novembro deve haver outra queda. É difícil uma previsão exata, mas pode chegar, segundo o Ministério da Agricultura, a um prejuízo de US$ 1,7 bilhão. Outras estimativas, como a do Instituto de Economia Agrícola de São Paulo, prevêem US$ 300 milhões até o final do ano".

Zafalon afirmou que a aftosa pode causar problemas ainda maiores ao país se forem confirmados os focos do Paraná. "Isso vai ser divulgado na próxima semana", disse.

Ele disse ainda que os focos já encontrados em Mato Grosso do Sul devem ser eliminados no máximo em seis meses. "Mas a febre aftosa ainda demora para ser eliminada do país. Há uma previsão que a América do Sul só consiga se livrar dessa doença após 2009".

Especial
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