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23/11/2005 - 14h59

Brasil pode "perder tudo" se continuar exigente na agricultura, diz UE

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VINICIUS ALBUQUERQUE
da Folha Online

O comissário para o Comércio da União Européia (UE), Peter Mandelson, resolveu endurecer no discurso contra o Brasil e disse que o país pode "perder tudo" na negociações na reunião ministerial da OMC (Organização Mundial do Comércio) no próximo mês se mantiver exigências "irrealistas" na questão dos subsídios agrícolas.

Mandelson criticou "os mais importantes exportadores agrícolas, em primeiro lugar o Brasil", pelas exigências na agricultura em detrimento das soluções para outros setores. Segundo ele, o Brasil levou a lista de exigências em termos de acesso aos mercados agrícolas a "níveis inalcançáveis".

Ele lembra que está na base da Rodada Doha a troca do acesso aos mercados agrícolas nos países desenvolvidos pelo acesso aos setores industrial e de serviços nos países em desenvolvimento e disse que os parceiros da OMC devem os parceiros comerciais devem "entrar em negociações verdadeiras conosco sobre todas as questões (...) sob a alternativa de perda total".

"Mas, neste momento, nossos principais interlocutores não puseram sobre a mesa nenhuma oferta a respeito de bens industriais que possa se equiparar às exigências na área agrícola", disse, e acrescentou que "o nível de propostas para [o setor de] serviços é ainda pior".

"A pergunta que nossos interlocutores devem se fazer é a seguinte: o que obteriam se, devido a suas exigências desproporcionais, levassem as negociações ao ponto de ruptura? A resposta é: nada." O comissário acusou o Brasil de ter decidido, na atual fase de negociações, "trabalhar com os EUA para fazer pressão sobre a União Européia". "É sua opção, mas ela impede as negociações de avançarem."

O comissário europeu rebateu as críticas feitas à UE pela suposta renitência na questão dos subsídios. "Algumas pessoas encontraram um argumento cômodo: cobrir de reprovações as políticas agrícolas européias", disse. "A Europa tem responsabilidades com esta rodada e se esforça em assumi-las, inclusive no âmbito agrícola. Alguns de nossos mais importantes interlocutores não têm feito da mesma forma."

"Parem de se ocultar atrás das críticas à União Européia e de fazer pedidos irrealistas", foi o recado geral de Mandelson, mandado hoje, diante da Comissão de Comércio Internacional do Parlamento europeu, aos parceiros de negociações no âmbito da organização.

Desencontro

Fica a impressão de estar havendo um desencontro, quando Mandelson diz que ainda não viu propostas nas áreas de serviços e industrial que se equiparem ao oferecido pela UE no setor agrícola.

O Brasil ofereceu um corte de 50% em suas tarifas industriais para tentar desbloquear as negociações, lembrou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, após reunião realizada no início deste mês, em Genebra. O ministro disse, no entanto, que os europeus "sequer reagiram" à oferta.

"Especulamos com algumas cifras. Os americanos estavam interessados, mas a UE se fez de surda. Nem sequer disseram que queriam mais, simplesmente não reagiram", disse Amorim.

A UE apresentou uma redução média de 46% nas tarifas agrícolas e a eliminação dos subsídios, desde que seja seguida por outros parceiros --mais especificamente os EUA.

Com agências internacionais

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a OMC
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