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02/12/2005 - 09h45

"Incomodado", presidente cobrará juro menor e mais gastos

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KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo

O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), disse ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "está muito incomodado" com a queda do PIB no terceiro trimestre e "vai abrir uma discussão com a equipe econômica, o Banco Central e o Palocci para reverter" a queda de 1,2% na comparação com o segundo trimestre do ano.

Segundo Mercadante, que almoçou ontem com Lula, "o presidente acha que dá para os juros caírem mais e mais rapidamente" e também vê "margem para aumentar os gastos públicos porque o superávit primário está muito acima da meta".

Mercadante disse que Lula já pediu ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, para marcar uma reunião "mais ampla" quando retornar da Inglaterra, para onde viajaria ontem à noite. A previsão é que esteja de volta a Brasília já na segunda-feira cedo.

Palocci já enfrentou duros embates com Lula e membros do governo nos últimos três anos. Sempre saiu vencedor. Agora, ele lidará com nova rodada de pressões para suavizar seu rigor fiscal e monetário. O ministro, ciente de que seria criticado, tem dito que não aceitará mudanças de rumo e vai lutar para convencer Lula a não fazer inflexão na política econômica. Dirá que o pior já passou e que o crescimento anualizado da economia entre abril e setembro de 2006 será de 5%.

Mercadante disse que ele e o presidente discutiram ontem economia e a cassação do deputado federal José Dirceu (PT-SP), que consideraram "injusta" e "demasiadamente severa" por impor perda de direitos políticos que o deixará impossibilitado de se candidatar por dez anos.

Na avaliação de Lula e Mercadante, preponderou a opinião de que o Banco Central errou ao elevar as taxas de juros. Ontem, em evento no Rio, Palocci disse que o BC agiu corretamente.

Pressões por três anos

Desde o início do governo, em 2003, Palocci é pressionado a suavizar o ajuste fiscal e a política monetária. Teve uma trégua num período de 2004, quando vieram as notícias que o crescimento do ano seria alto (4,9%).

Em setembro de 2004, o BC começou a elevar a taxa básica de juros (Selic), então em 16% ao ano. A Selic chegou a 19,75% em maio deste ano. Começou a cair em setembro e hoje está em 18,50%.

No início de 2005, Lula pediu que Palocci trocasse diretores do BC que julgava muito conservadores. No entanto, a turbulência política criada em fevereiro com a perda do comando da Câmara, quando Severino Cavalcanti (PP-PE) foi eleito derrotando dois petistas, tirou energia de Lula para cobrar alterações no BC. Na seqüência, veio a crise política que dura até hoje. No início de novembro, uma desavença pública entre Palocci e a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) quase levou o ministro da Fazenda a deixar o governo. Mercadante foi o mais cotado para substituí-lo.

O líder do governo no Senado, que sempre teve críticas à política econômica, defendeu a permanência de Palocci. Ontem, porém, deixou claro para Lula que ainda tem discordâncias. Não acha que a crise política é a maior responsável pela queda do PIB. Já Palocci responsabiliza mais a crise política do que a alta dos juros.

Para Mercadante, a explicação principal para a queda do PIB foi uma combinação de "rigor fiscal e monetário" com "câmbio apreciado". Para ele, a crise política "contribuiu", mas não foi determinante. Avalia que é preciso, "com responsabilidade fiscal", diminuir o superávit primário (economia para pagar juros da dívida). A meta é de 4,25% do PIB, mas na prática o ano terminará com economia perto de 4,7%.

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