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16/12/2005
-
11h49
VINICIUS ALBUQUERQUE
da Folha Online
A valorização do real diante do dólar gera entre os empresários brasileiros o temor cada vez maior de uma "desindustrialização" do país, risco que já foi reconhecido até pelo governo, segundo reportagem do diário britânico "Financial Times".
A reportagem lembra que o real passou do patamar de R$ 3,50 por dólar, em que se encontrava em janeiro de 2003, para R$ 2,30 por dólar, devido ao aumento das exportações, com a demanda global liderada pela China.
"Muitos culpam as altas taxas de juros e o clima de incerteza causado pelo escândalo de corrupção que assola o governo desde maio, assim como a força do real" pelo risco de desindustrialização, diz o "FT". "Mas o fraco crescimento, os juros altos e o real supervalorizado são sintomas do fracasso do governo em efetuar as reformas fundamentais necessárias para abordar a qualidade dos gastos públicos, reduzir a dívida pública e incentivar o investimento."
O diário cita o exemplo da fabricante de ônibus Marcopolo, que se expandiu para o exterior desde 1991, abrindo fábricas em países como Argentina e África do Sul. Com a valorização do real, a empresa conseguiu passar parte dos custos para seus clientes estrangeiros, mas acabou por ter de adotar medidas como corte de custos, redução de produção no Brasil e aumento no exterior.
"Essa é a grande mudança para o Brasil", disse ao "FT" o executivo-chefe da Marcopolo, José Rubens de la Rosa. "É mais caro operar aqui, por isso a indústria está indo embora." Rosa acrescentou ainda que a Marcopolo não pode esperar a volta da taxa de câmbio para os níveis de 2003. "Não podemos colocar em risco a saúde da companhia esperando que a taxa de câmbio volte para onde estava."
Juros
O risco de desindustrialização já é reconhecido pelo governo e tem sua base na atual política econômica, principalmente devido aos juros altos, disse o vice-presidente José Alencar em novembro.
Alencar chamou de "irresponsabilidade fiscal" a manutenção dos juros no atual patamar (a taxa Selic foi reduzida nesta semana para 18%) porque aumenta o tamanho da dívida pública e é muito superior à taxa média de remuneração das atividades produtivas.
O presidente do BNDES, Guido Mantega, também reconheceu que o país passou por um processo de desindustrialização (perda da participação do setor industrial na economia) nos últimos anos, mas chamou a atenção para a expansão da indústria a partir de 2002 em um ritmo mais acelerado que nos 10 anos anteriores.
"Houve desindustrialização? Houve. Houve retrocesso? Houve, em grande parte pautado pelo baixo crescimento da economia", disse Mantega, em novembro. "Porém, a indústria que resistiu, ela se fortalecia, ela ganhava competitividade e isso vai ser importante para o período subseqüente, que se implantou fundamentalmente a partir da mudança da política cambial brasileira."
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a desindustrialização
Real forte gera temor de "desindustrialização", diz "Financial Times"
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da Folha Online
A valorização do real diante do dólar gera entre os empresários brasileiros o temor cada vez maior de uma "desindustrialização" do país, risco que já foi reconhecido até pelo governo, segundo reportagem do diário britânico "Financial Times".
A reportagem lembra que o real passou do patamar de R$ 3,50 por dólar, em que se encontrava em janeiro de 2003, para R$ 2,30 por dólar, devido ao aumento das exportações, com a demanda global liderada pela China.
"Muitos culpam as altas taxas de juros e o clima de incerteza causado pelo escândalo de corrupção que assola o governo desde maio, assim como a força do real" pelo risco de desindustrialização, diz o "FT". "Mas o fraco crescimento, os juros altos e o real supervalorizado são sintomas do fracasso do governo em efetuar as reformas fundamentais necessárias para abordar a qualidade dos gastos públicos, reduzir a dívida pública e incentivar o investimento."
O diário cita o exemplo da fabricante de ônibus Marcopolo, que se expandiu para o exterior desde 1991, abrindo fábricas em países como Argentina e África do Sul. Com a valorização do real, a empresa conseguiu passar parte dos custos para seus clientes estrangeiros, mas acabou por ter de adotar medidas como corte de custos, redução de produção no Brasil e aumento no exterior.
"Essa é a grande mudança para o Brasil", disse ao "FT" o executivo-chefe da Marcopolo, José Rubens de la Rosa. "É mais caro operar aqui, por isso a indústria está indo embora." Rosa acrescentou ainda que a Marcopolo não pode esperar a volta da taxa de câmbio para os níveis de 2003. "Não podemos colocar em risco a saúde da companhia esperando que a taxa de câmbio volte para onde estava."
Juros
O risco de desindustrialização já é reconhecido pelo governo e tem sua base na atual política econômica, principalmente devido aos juros altos, disse o vice-presidente José Alencar em novembro.
Alencar chamou de "irresponsabilidade fiscal" a manutenção dos juros no atual patamar (a taxa Selic foi reduzida nesta semana para 18%) porque aumenta o tamanho da dívida pública e é muito superior à taxa média de remuneração das atividades produtivas.
O presidente do BNDES, Guido Mantega, também reconheceu que o país passou por um processo de desindustrialização (perda da participação do setor industrial na economia) nos últimos anos, mas chamou a atenção para a expansão da indústria a partir de 2002 em um ritmo mais acelerado que nos 10 anos anteriores.
"Houve desindustrialização? Houve. Houve retrocesso? Houve, em grande parte pautado pelo baixo crescimento da economia", disse Mantega, em novembro. "Porém, a indústria que resistiu, ela se fortalecia, ela ganhava competitividade e isso vai ser importante para o período subseqüente, que se implantou fundamentalmente a partir da mudança da política cambial brasileira."
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