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24/12/2005 - 10h00

Prejuízo da Varig em 2005 já supera R$ 1 bi

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MAELI PRADO
da Folha de S.Paulo

Sem gerar caixa para pagar dívidas e às vésperas de ter que honrar novos compromissos com empresas de leasing, funcionários e fornecedores de combustível, a Varig anunciou ontem que seu prejuízo, de janeiro a novembro deste ano, superou R$ 1 bilhão. Até setembro, a perda havia sido de R$ 778 milhões.

O resultado negativo (R$ 1,06 bilhão) é 205% maior que a perda do mesmo período de 2004 (de R$ 347 milhões), o que mostra o quanto a situação da companhia aérea, que está em recuperação judicial e por isso tem que apresentar um balanço mensal à Justiça, piorou em 2005.

Com 15 aeronaves paradas, a Varig perdeu participação de mercado, e nos primeiros 11 meses do ano ficou com 27% de "market share", ante 31% no mesmo período do ano passado.

A receita líquida nos primeiros 11 meses deste ano foi de R$ 6,2 bilhões, queda de mais de 8% ante 2004. A geração de caixa (resultado da atividade), no mesmo período, foi R$ 91 milhões negativa.

Situação limite

A situação da Varig tende a se complicar ainda mais nas próximas semanas, e a administração da empresa está procurando trocar recebíveis para fazer frente a vários compromissos.

O juiz Robert Drain, da Corte de Falências de Nova York, estipulou um cronograma de pagamento de cerca de US$ 33 milhões da companhia aérea a empresas de leasing até 13 de janeiro. Foi até essa data que a Justiça americana prorrogou uma liminar que hoje impede o arresto de aeronaves.

Além disso, a aérea tem que honrar pagamentos de combustível --a empresa é obrigada a pagar seu querosene de aviação de dez em dez dias, e não mensalmente-- e 13º salário dos empregados. Por conta de atrasos, os funcionários da subsidiária VEM (empresa de manutenção) realizaram uma paralisação anteontem em protesto contra o não-pagamento, segundo sindicalistas.

Rejeição

É nesse cenário limite que o colégio deliberante, instância máxima da Fundação Ruben Berta, dona da Varig, sinalizou que não concorda com a proposta do empresário Nelson Tanure, da Docas Investimentos, de adquirir o controle da FRB. A transferência do controle vinha sendo defendida pelos curadores da fundação.

No texto enviado aos curadores da FRB na última terça-feira, os membros do colégio também se posicionaram contra uma eventual contestação da assembléia de credores da aérea, que ocorreu na última segunda e aprovou um plano de recuperação.

Se mantido, o que é o mais provável de acontecer, esse posicionamento do colégio praticamente coloca Tanure fora do jogo pelo controle da Varig.

Isso porque qualquer decisão dos curadores da FRB tem que passar pelo crivo do colégio, que é formado por mais de 150 funcionários. Esses se manifestam via assembléia, que é convocada pelos curadores. Uma dessas assembléias, que ocorreria nesta semana para avaliar exatamente a transferência do controle da FRB para a Docas, foi cancelada.

Uma outra será convocada pelos conselho de curadores na próxima semana, mas esse documento entregue na última terça-feira, assinado por cerca de 40 membros do colégio, já deixou claro a discordância com a entrada da empresa de Tanure na FRB.

Além disso, segundo o presidente do conselho, Cesar Curi, outras duas assembléias extraordinárias serão chamadas para votar diferentes questões.

Um reunião dos curadores ocorre no início da próxima semana para tentar resolver as disputas internas entre as diferentes linhas da administração da FRB. No próximo dia 8 de janeiro, acaba a blindagem contra a execução de credores da aérea.

Especial
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