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26/12/2005 - 09h24

Estrangeiro volta a apostar na alta do real

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FABRICIO VIEIRA
da Folha de S.Paulo

Bastou o Banco Central diminuir o peso de suas intervenções no mercado de câmbio, na semana passada, para que as posições vendidas em dólar dos investidores estrangeiros na BM&F voltassem a subir. Isso significa que as apostas no movimento de apreciação do real estão ganhando força novamente.

O BC intensificou suas atuações lá pelo dia 7 deste mês, quando passou a oferecer cerca de US$ 600 milhões em "swap cambial reverso" aos investidores por dia. Mas, na última terça-feira, o BC diminuiu o volume de contratos oferecidos para aproximados US$ 400 milhões diários.

Muita gente no mercado interpretou a decisão como um sinal de que o BC não tinha munição suficiente para continuar sua queda-de-braço com o mercado. Na semana passada, o dólar recuou 0,81%, ao fechar na sexta-feira cotado a R$ 2,318.

Quando a autoridade monetária mostrou que interviria no mercado mais agressivamente, os estrangeiros enxugaram suas posições vendidas -- é como se tivessem passado a acreditar que eram menores as chances de o real seguir em alta.

As posições vendidas líquidas em dólar dos estrangeiros na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) recuaram de US$ 7,82 bilhões no dia 7 para US$ 6,62 bilhões no dia 15 deste mês. Mas, com o BC passando a intervir menos pesadamente, essas posições vendidas voltaram a crescer de forma rápida: no dia 22, já estavam em US$ 7,97 bilhões.

"O estrangeiro continua convicto de que o dólar vai cair. Mas, quando o BC entrou mais forte no mercado, o estrangeiro diminuiu suas apostas e ficou aguardando o sinal para voltar", avalia Luiz Fernando Lopes, economista-chefe do Pátria Banco de Negócios.

Quando as posições vendidas em dólar dos investidores aumentam consistentemente, indicam que as apostas são que o real vai se apreciar diante da moeda estrangeira. E isso é o que tem acontecido neste ano, em especial no segundo semestre.

Os contratos de "swap cambial reverso" que o BC voltou a vender em meados de novembro têm o efeito técnico de compras de dólares no mercado futuro. Assim, representam aumento da demanda por moeda estrangeira -- e tendem a derrubar o real.

O que tem se visto no mercado de câmbio é mais ou menos isto: de um lado, investidores (principalmente estrangeiros) têm apostado na valorização do real. Do outro, o BC tem tentado evitar que o real se aprecie muito. Quando o BC intervém no câmbio de forma mais agressiva, o dólar sobe um pouco. Mas, se o BC afrouxa seu ritmo, o dólar começa a cair de novo.

A principal forma de atuação do BC é o "swap cambial reverso". Quem compra esse contrato recebe a variação dos juros básicos. Em troca (daí o nome do contrato ser "swap"), paga ao BC a variação do câmbio.

O contrato é chamado de "reverso" porque numa operação tradicional de "swap cambial" o governo paga a variação do dólar e recebe a oscilação dos juros.

"Se o BC sair do mercado, o dólar vai derreter rapidamente", diz Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra. "E, se não estivesse atuando, o real estaria muito mais apreciado."

Em busca de lucros

Ao montarem posições vendidas, o que os estrangeiros querem é lucrar com as elevadíssimas taxas de juros brasileiras. Se descontada a inflação, o Brasil pratica a maior taxa de juros do mundo.

Quando os investidores montam posições à favor do real, eles lucram com os juros do país. E, quanto mais o real se mantiver apreciado diante do dólar, maiores serão as rentabilidades.

No mercado internacional, essas aplicações são feitas por contratos conhecidos como NDFs. Segundo as últimas projeções de operadores do mercado, nunca se negociou tanto desses contratos. O volume dessas operações é estimado em mais de US$ 70 bilhões. Ou seja, a luta do BC contra o mercado para evitar que o real se aprecie muito é bastante difícil.

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