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15/02/2006 - 09h53

Empresário retoma intenção de investir

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ADRIANA MATTOS
da Folha de S.Paulo

Em 2006, nove de cada dez empresas pretendem aumentar ou, pelo menos, manter o nível de investimentos realizados no ano anterior, segundo pesquisa da consultoria Deloitte com 399 grandes empresas, obtido pela Folha.

A taxa é a melhor entre todas as pesquisas de intenção de investimento realizadas nos últimos meses --e ligeiramente superior à taxa verificada no ano passado, quando 86% das companhias consultadas pela Deloitte afirmavam o mesmo.

O dado mostra, portanto, que o atual ânimo dos empresários é um pouco maior que o verificado quando a pesquisa anterior foi feita, na virada de 2004 para 2005. Na época, as companhias viviam um momento de certa euforia, e acreditava-se que o país iria crescer até 4,5% no ano, após a alta de 4,9% registrada pelo IBGE para o PIB de 2004. As previsões atuais indicam que o PIB de 2005 deverá fechar com alta de cerca de 2,5%. Para este ano, as previsões caminham para expansão de 3,5%.

"Há um otimismo ligeiramente maior em determinados segmentos pela expectativa de redução dos juros, manutenção de um bom, mas não espetacular, desempenho nas exportação e melhora na renda", diz o sócio da Deloitte, Edgard Jabour.

Na casa dos 17,25% ao ano, a taxa de juros básica da economia sofreu cinco reduções consecutivas --de setembro a janeiro--, e o mercado espera que atinja os 15% ao ano em dezembro de 2006. Quanto às exportações, o governo fala em R$ 132 bilhões neste ano, acima dos R$ 116 bilhões de 2005.

Para o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) é preciso ficar atento ao perfil desse novo investimento. "Setores que são mais sensíveis ao sobe-e-desce da conjuntura econômica estão mais cautelosos. Devem fazer investimentos pontuais, com visão de mais curto prazo, para elevar a produtividade", diz Claudio Vaz, presidente do Ciesp.

Segundo o relatório da consultoria, intitulado "Panorama Empresarial", os investimentos do setor privado neste ano estarão focados basicamente na ampliação e/ou modernização dos parques fabris.

Os planos de abertura de novas unidades, que é o grande propulsor para a geração de empregos, são minoritários. Essa conclusão é possível porque 70% das companhias dizem que deverão aplicar os seus recursos nas localidades onde já possuem fábricas. Neste caso, o dinheiro acaba indo para a linha de produção já existente, para ganhos de produtividade. Só 8% pretendem aplicar o capital em outra região do Estado em que já está. E 22% devem iniciar investimentos em Estados em que não têm qualquer atuação.

A pesquisa mostra ainda que dois terços das empresas ouvidas crêem que trabalharão com mais de 80% da capacidade produtiva neste ano, em média. É um número alto. Em 2005, 43% apenas operaram com uma taxa de utilização superior a 80%.

Na avaliação do Ciesp e do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), esse entusiasmo inicial dos empresários pode representar ainda um "descolamento" do cenário econômico do momento político, já que 2006 é ano de eleição presidencial. Em 2002, às vésperas da disputa presidencial, a turbulência atingiu o mercado financeiro, e as empresas pisaram no freio.

Para Julio Gomes de Almeida, diretor do Iedi, "o ano eleitoral perdeu a importância como fator gerador de possíveis instabilidades" na visão das empresas. Isso acontece porque acredita-se que a condução da política econômica não deverá sofrer alterações tanto em caso de vitória governista quanto da oposição do PSDB.

Almeida lembra, no entanto, que as pesquisas que englobam, em sua base de análise, empresas de médio e pequeno porte mostram resultados menos animadores. Por exemplo, levantamento divulgado no final de 2005 pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) mostra que o setor privado vai manter o mesmo nível de investimento em 2006, com a perspectiva de que a demanda não se aquecerá no curto prazo.

De acordo com a entidade, só 28,9% das empresas pretendem acelerar suas compras de máquinas e equipamentos para ampliar ou modernizar as operações.

Mais do que isso: a CNI lembra que, dos investimentos planejados, cerca de um terço acaba saindo do papel mesmo --conforme levantamento feito pela confederação com empresas que prometeram investir no primeiro semestre do ano passado.

A pesquisa ouviu empresas nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Nordeste. As companhias somam, juntas, um faturamento anual de R$ 146,6 bilhões --ou 8,7% do PIB do país. A análise foi feita entre novembro de 2005 e janeiro de 2006.
 

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