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16/02/2006 - 09h06

Bancos do país cobram maior juro do planeta

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NEY HAYASHI DA CRUZ
da Folha de S.Paulo

Em nenhum lugar do mundo um empréstimo custa tão caro como no Brasil. Levantamento feito pela Folha a partir de dados de 107 países coletados pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) mostra que os juros cobrados pelos bancos brasileiros são os mais altos de todos.

A lista foi feita com base nos juros praticados em cada país no segundo trimestre de 2005, já descontada a inflação acumulada nos 12 meses anteriores. Por esse método, chegou-se à taxa real cobrada pelos bancos --44,7% ao ano, no caso brasileiro.

No topo da lista, o Brasil tem a companhia de vários países africanos, como Angola (onde a taxa real média é de 43,7% ao ano), Gâmbia (juros reais de 31,8% ao ano), Gabão (18,2% ao ano) e Moçambique (14,7%). Entre os dez países cujos empréstimos são mais caros, seis são africanos.

Do lado oposto, dois países latino-americanos aparecem entre os países em que os juros bancários são mais baixos. Na Argentina, a taxa real chega a ser negativa, porque os encargos cobrados pelos financiamentos (6% ao ano em junho de 2005) são menores do que a inflação (alta de 8,79% acumulada entre julho de 2004 e junho de 2005). Assim como a Argentina, outros cinco países aparecem na lista com taxa real negativa.

Na Venezuela, o custo médio de um empréstimo é de 0,2% ao ano, também já descontada a inflação. Pelos dados do FMI, até o Haiti possui uma taxa menor do que a brasileira: 13,1% ao ano.

Se fosse feita uma média simples dos juros reais praticados pelos bancos nos 107 países da lista --sem considerar o peso que cada um tem na economia mundial-- chegar-se-ia a uma taxa de 7,4% ao ano: esse seria o custo médio de um financiamento bancário no mundo. O que significaria dizer que, no Brasil, uma pessoa ou uma empresa paga quatro vezes mais do que no resto do planeta por um empréstimo.

Somente em cinco países --incluindo o Brasil-- os juros reais médios dos financiamentos bancários superam os 20% ao ano. Dos 107 países analisados, 81 oferecem uma taxa menor que 10% ao ano.

Os dados são coletados pelo FMI a partir de informações enviadas pelos países que integram o organismo. Os números não refletem, necessariamente, a média de todas as operações de crédito efetuadas em determinado país --no Brasil, por exemplo, não são considerados os chamados créditos direcionados, como o financiamento à agricultura e à habitação.

De acordo com definição do FMI, os números recolhidos pela instituição se referem à "taxa bancária que normalmente atende as necessidades de financiamento de curto e médio prazos do setor privado".

No Brasil, foram considerados os empréstimos prefixados concedidos, com recursos livres, a pessoas físicas e jurídicas. Em alguns países, foram incluídos financiamentos comerciais, hipotecas, entre outros. As taxas recolhidas são aquelas que, para o FMI, melhor representam o custo do crédito em cada região.

Os juros de 44,7% ao ano cobrados nos empréstimos bancários a pessoas físicas e jurídicas no Brasil, no segundo trimestre de 2005, estão bem acima da taxa básica de juros, conhecida como Selic, hoje em 17,25% ao ano. A taxa do BC também é a mais alta entre os bancos centrais do mundo.

Segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), os juros no Brasil são altos por causa de distorções que têm origem no governo, como a carga tributária, a dívida pública e os recolhimentos compulsórios exigidos pelo Banco Central.

Já levantamento feito pelo Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) mostra que o Brasil tem se mantido entre os líderes da lista dos juros altos desde, pelo menos, 1996.

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