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28/02/2006
-
10h16
PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
A perda da safra plantada pelos agricultores familiares do norte de Minas Gerais é de praticamente 100% por causa da seca na região. É uma das piores secas dos últimos anos, e os órgãos vinculados à agricultura dizem que já não têm mais o que fazer.
São 93 mil agricultores familiares de 86 municípios que perderam quase tudo o que plantaram na safra 2005/06.
Em janeiro, a Emater, órgão do governo do Estado vinculado à Secretaria da Agricultura, fez o levantamento com os agricultores sobre a perda da safra e, naquela ocasião, chegou-se ao cálculo de 76% de perda na média dos produtos. Como continuou sem chover depois do levantamento, a Emater já considera perda quase total da safra plantada.
Da produção estimada de 184,9 mil toneladas para a atual safra, a perda somava em janeiro 140 mil toneladas de milho, feijão, arroz, algodão, soja e sorgo granífero (usado para alimentar o gado). Da área total plantada (97,5 mil hectares), a cultura do milho corresponde a 66%.
"Nós ainda não temos o dado preciso, mas a previsão é de perda total, 100%. A coisa piorou abruptamente de janeiro para cá e não existe perspetiva de chuva", disse Paulo de Tarso Nammur, gerente da Emater da regional de Janaúba.
O 5º Distrito de Meteorologia, vinculado ao Ministério da Agricultura, fez para o governo de Minas um mapa sobre o déficit de chuvas na região norte e no Vale do Jequitinhonha, as duas regiões mais pobres do Estado. De outubro, quando tem início o período chuvoso, a 21 de fevereiro o déficit de chuvas era de até 500 mm.
"Quinhentos milímetros é muita coisa. Para se ter uma idéia, o acumulado para aquela área no período [outubro a fevereiro] é entre 700 mm e 800 mm. O volume até agora está em torno de 200 mm a 300 mm", disse Jorge Moreira, do 5º Distrito.
A escassez de chuvas e a ocorrência de pragas afetaram também 90% das pastagens de braquiaria, um tipo comum na região, segundo a Emater. A conseqüência é que os produtores estão tendo de vender o gado que têm. Com isso, os frigoríficos da região já derrubaram o preço da arroba de R$ 42 para R$ 35.
O gerente da Emater disse que os agricultores familiares afetados terão de ser incluídos em programas emergenciais para receber ajuda, como de cestas básicas. A Defesa Civil está em ação.
A distribuição de insumos, como sementes e adubos, perde o sentido com a total falta de água. Nas áreas onde as famílias afetadas plantam, a água que mal dá para consumo humano é retirada de cisternas ou poços artesianos.
"Vai ter muita família que vai ter problema de fome mesmo. Estamos montando uma estratégia para contornar o problema. Tecnicamente não há mais o que fazer. Agora é só com São Pedro", afirmou Nammur.
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da Agência Folha, em Belo Horizonte
A perda da safra plantada pelos agricultores familiares do norte de Minas Gerais é de praticamente 100% por causa da seca na região. É uma das piores secas dos últimos anos, e os órgãos vinculados à agricultura dizem que já não têm mais o que fazer.
São 93 mil agricultores familiares de 86 municípios que perderam quase tudo o que plantaram na safra 2005/06.
Em janeiro, a Emater, órgão do governo do Estado vinculado à Secretaria da Agricultura, fez o levantamento com os agricultores sobre a perda da safra e, naquela ocasião, chegou-se ao cálculo de 76% de perda na média dos produtos. Como continuou sem chover depois do levantamento, a Emater já considera perda quase total da safra plantada.
Da produção estimada de 184,9 mil toneladas para a atual safra, a perda somava em janeiro 140 mil toneladas de milho, feijão, arroz, algodão, soja e sorgo granífero (usado para alimentar o gado). Da área total plantada (97,5 mil hectares), a cultura do milho corresponde a 66%.
"Nós ainda não temos o dado preciso, mas a previsão é de perda total, 100%. A coisa piorou abruptamente de janeiro para cá e não existe perspetiva de chuva", disse Paulo de Tarso Nammur, gerente da Emater da regional de Janaúba.
O 5º Distrito de Meteorologia, vinculado ao Ministério da Agricultura, fez para o governo de Minas um mapa sobre o déficit de chuvas na região norte e no Vale do Jequitinhonha, as duas regiões mais pobres do Estado. De outubro, quando tem início o período chuvoso, a 21 de fevereiro o déficit de chuvas era de até 500 mm.
"Quinhentos milímetros é muita coisa. Para se ter uma idéia, o acumulado para aquela área no período [outubro a fevereiro] é entre 700 mm e 800 mm. O volume até agora está em torno de 200 mm a 300 mm", disse Jorge Moreira, do 5º Distrito.
A escassez de chuvas e a ocorrência de pragas afetaram também 90% das pastagens de braquiaria, um tipo comum na região, segundo a Emater. A conseqüência é que os produtores estão tendo de vender o gado que têm. Com isso, os frigoríficos da região já derrubaram o preço da arroba de R$ 42 para R$ 35.
O gerente da Emater disse que os agricultores familiares afetados terão de ser incluídos em programas emergenciais para receber ajuda, como de cestas básicas. A Defesa Civil está em ação.
A distribuição de insumos, como sementes e adubos, perde o sentido com a total falta de água. Nas áreas onde as famílias afetadas plantam, a água que mal dá para consumo humano é retirada de cisternas ou poços artesianos.
"Vai ter muita família que vai ter problema de fome mesmo. Estamos montando uma estratégia para contornar o problema. Tecnicamente não há mais o que fazer. Agora é só com São Pedro", afirmou Nammur.
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