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09/03/2006
-
09h25
ELVIRA LOBATO
da Folha de S.Paulo
A informação de que o governo escolheu o padrão japonês para a implantação da TV digital, antecipada, ontem, pela Folha, provocou violenta reação das indústrias européias reunidas em torno da Coalizão DVB, fórum criado no final do ano passado, por fabricantes de equipamentos, para contrapor o lobby dos radiodifusores em favor do sistema japonês.
O presidente da Philips (uma das gigantes européias que integram a coalizão), Marcos Magalhães, cobrou isenção do governo na escolha do padrão e insinuou que a notícia havia sido "plantada" pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa . Segundo ele, o governo deve se portar como um juiz, neutro. "O país tem de escolher se quer a democracia ou o monopólio do espectro magnético; se quer beneficiar um grupo econômico ou os cidadãos", disse Magalhães, durante entrevista coletiva, no campus da USP (Universidade de São Paulo), onde foi feita uma demonstração do funcionamento do sistema europeu.
Executivos das seis empresas que formam a Coalizão DVB --Nokia, Siemens, Rohde & Schwarz, Thomson , ST Microeletronics e Philips-- participaram da demonstração que, segundo afirmaram, tinha sido pedida pelo próprio ministro Hélio Costa.
Diante do receio dos radiodifusores de que as companhias telefônicas tomem parte de seus mercados com a adoção do padrão europeu, o presidente da Philips sugeriu que o governo dê reserva de mercado por dez anos aos radiodifusores para que façam a transição para os novos modelos de negócios criados pela convergência tecnológica.
O vice-presidente de Celulares da Nokia, Cláudio Raupp, disse que esteve anteontem com a ministra Dilma Roussef, da Casa Civil, em companhia do vice-presidente de Multimídia da empresa, Mark Selby, e que ela teria lhes garantido que não havia decisão quando ao modelo.
O presidente da Philips disse que a discussão de escolha do padrão de TV digital só ganhou transparência quando Dilma assumiu a coordenação, "há um par de meses", e pediu que o processo seja levado à consulta pública. Na USP, as empresas procuraram mostrar que o sistema europeu atende aos requisitos determinados pelo governo.
Fábrica
Como a Folha divulgou ontem, pesou, em favor dos japoneses a expectativa de construção de uma fábrica de semicondutores, que envolveria investimentos da ordem de US$ 2 bilhões, e a promessa de transferência de tecnologia a fabricantes nacionais. Os dois argumentos foram também contestados pelas indústrias européias.
O presidente da Rohde & Schwarz, Heitor Vita, disse que o Japão é um mercado fechado e não iria transferir tecnologia para o Brasil porque isso o transformaria em um potencial competidor do Japão no futuro.
Já o presidente da Philips disse não ver perspectiva para construção de uma fábrica de semicondutores no país pelos japoneses.
"O Brasil perdeu o trem da história dos semicondutores quando decretou a reserva de mercado quando a Secretaria Nacional de Informática convidou as empresas estrangeiras a fechar suas fábricas no Brasil, no passado. Não tem mais volta", afirmou. Ele disse que a Philips fechou uma fábrica de componentes em Recife, naquela ocasião.
Ele duvidou ainda que os japoneses se disponham a investir US$ 2 bilhões nesse projeto no Brasil, alegando que a construção de uma indústria de semicondutores faz parte de uma plataforma global, na qual a competitividade depende de aspectos tributários, logísticos e trabalhistas.
Nokia
O vice-presidente de Celulares da Nokia, Cláudio Raupp, disse que se a escolha for pelo padrão japonês, a empresa não produzirá aparelhos de telefone celular GSM no Brasil com o sistema japonês, porque o desenvolvimento de um produto voltado apenas para um país elevaria muito seu custo. A Coalizão DVB diz que 74 países já optaram pelo padrão europeu, ao passo que o japonês só foi adotado pelo Japão até agora.
Especial
Confira a cobertura completa da escolha do padrão de TV digital
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Europeus cobram neutralidade na TV digital
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da Folha de S.Paulo
A informação de que o governo escolheu o padrão japonês para a implantação da TV digital, antecipada, ontem, pela Folha, provocou violenta reação das indústrias européias reunidas em torno da Coalizão DVB, fórum criado no final do ano passado, por fabricantes de equipamentos, para contrapor o lobby dos radiodifusores em favor do sistema japonês.
O presidente da Philips (uma das gigantes européias que integram a coalizão), Marcos Magalhães, cobrou isenção do governo na escolha do padrão e insinuou que a notícia havia sido "plantada" pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa . Segundo ele, o governo deve se portar como um juiz, neutro. "O país tem de escolher se quer a democracia ou o monopólio do espectro magnético; se quer beneficiar um grupo econômico ou os cidadãos", disse Magalhães, durante entrevista coletiva, no campus da USP (Universidade de São Paulo), onde foi feita uma demonstração do funcionamento do sistema europeu.
Executivos das seis empresas que formam a Coalizão DVB --Nokia, Siemens, Rohde & Schwarz, Thomson , ST Microeletronics e Philips-- participaram da demonstração que, segundo afirmaram, tinha sido pedida pelo próprio ministro Hélio Costa.
Diante do receio dos radiodifusores de que as companhias telefônicas tomem parte de seus mercados com a adoção do padrão europeu, o presidente da Philips sugeriu que o governo dê reserva de mercado por dez anos aos radiodifusores para que façam a transição para os novos modelos de negócios criados pela convergência tecnológica.
O vice-presidente de Celulares da Nokia, Cláudio Raupp, disse que esteve anteontem com a ministra Dilma Roussef, da Casa Civil, em companhia do vice-presidente de Multimídia da empresa, Mark Selby, e que ela teria lhes garantido que não havia decisão quando ao modelo.
O presidente da Philips disse que a discussão de escolha do padrão de TV digital só ganhou transparência quando Dilma assumiu a coordenação, "há um par de meses", e pediu que o processo seja levado à consulta pública. Na USP, as empresas procuraram mostrar que o sistema europeu atende aos requisitos determinados pelo governo.
Fábrica
Como a Folha divulgou ontem, pesou, em favor dos japoneses a expectativa de construção de uma fábrica de semicondutores, que envolveria investimentos da ordem de US$ 2 bilhões, e a promessa de transferência de tecnologia a fabricantes nacionais. Os dois argumentos foram também contestados pelas indústrias européias.
O presidente da Rohde & Schwarz, Heitor Vita, disse que o Japão é um mercado fechado e não iria transferir tecnologia para o Brasil porque isso o transformaria em um potencial competidor do Japão no futuro.
Já o presidente da Philips disse não ver perspectiva para construção de uma fábrica de semicondutores no país pelos japoneses.
"O Brasil perdeu o trem da história dos semicondutores quando decretou a reserva de mercado quando a Secretaria Nacional de Informática convidou as empresas estrangeiras a fechar suas fábricas no Brasil, no passado. Não tem mais volta", afirmou. Ele disse que a Philips fechou uma fábrica de componentes em Recife, naquela ocasião.
Ele duvidou ainda que os japoneses se disponham a investir US$ 2 bilhões nesse projeto no Brasil, alegando que a construção de uma indústria de semicondutores faz parte de uma plataforma global, na qual a competitividade depende de aspectos tributários, logísticos e trabalhistas.
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