Publicidade
Publicidade
09/03/2006
-
14h41
VINICIUS ALBUQUERQUE
da Folha Online
A suspensão de exportações da produção de carne da Argentina por 180 dias, determinada ontem pelo presidente Nestor Kirchner, é "inconstitucional", disse o secretário da Carbap (Confederação de Associações Rurais de Buenos Aires e La Pampa), Alberto García Llorente, que afirmou que a entidade irá recorrer na Justiça contra a medida.
Llorente disse que não há problemas de desabastecimento doméstico que justifiquem a suspensão e que o aumento dos preços da carne se devem a efeitos sazonais. "Suspender as exportações é um erro por dois motivos: a perda de postos de trabalho nos frigoríficos e porque os novilhos que são exportados não são o que o consumidor está habituado a comprar."
O motivo da medida alegado pelo governo é aumentar a oferta do produto no mercado interno e forçar a queda do preço --a carne é um dos itens que mais pressão tem exercido sobre a inflação no país. O setor privado informou ontem uma alta entre 8% e 10%. No acumulado do ano, o produto já teria subido 27%. Em 2005, subiu 23% (o índice geral de inflação foi de 12,3%).
Para o secretário da associação, no entanto, os preços, apesar da medida, devem seguir em alta, porque "nunca no país o preço da carne recuou e toda a cadeia produtiva da carne já absorveu o aumento [do preço] da res média".
Ele disse que a medida não terá mais de uma semana de sobrevida, "seja pela via judicial ou seja por via da realidade".
Golpe duro
O presidente da Sociedade Rural Argentina, Luciano Miguens, disse que a medida do governo Kirchner foi "um golpe muito duro". Segundo ele, a suspensão vai provocar perda de espaço nos mercados externos. "Reabrimos os mercados com um esforço enorme, com a luta contra a [febre] aftosa e sair deles agora custará muito para recuperá-los", disse, segundo reportagem do diário argentino "La Nación".
Miguens lembrou, por exemplo, que muitos dos mercados que se fecharam à carne argentina quando surgiu o foco de aftosa no país acabaram se voltando à produção do Brasil.
Suspensão
A suspensão das exportações de carne argentina só não atingirá o produto da cota Hilton, corte de alta qualidade destinado à Europa, e os volumes de venda acertados em acordos país-país, explicou a ministra da Economia, Felisa Miceli. A suspensão deve barrar até 90% das exportações.
Os encargos de exportação sofrerão aumento, devendo passar de 5% para 15%, para carnes com osso e termoprocessadas. A maioria dos cortes já paga mais imposto desde novembro --outra medida de tentar expandir a oferta interna.
Cerca de 23% da produção argentina de carne é voltada para exportação. No ano passado, as vendas de carne do país para o exterior bateram recorde, chegando a US$ 1,4 bilhão, aumento de 25% em relação a 2004.
Leia mais
Argentina suspende exportação de carne para derrubar preços
Especial
Leia o que já foi publicado sobre carne da Argentina
Leia o que já foi publicado sobre inflação na Argentina
Produtores de carne argentinos irão à Justiça contra suspensão de exportações
Publicidade
da Folha Online
A suspensão de exportações da produção de carne da Argentina por 180 dias, determinada ontem pelo presidente Nestor Kirchner, é "inconstitucional", disse o secretário da Carbap (Confederação de Associações Rurais de Buenos Aires e La Pampa), Alberto García Llorente, que afirmou que a entidade irá recorrer na Justiça contra a medida.
Llorente disse que não há problemas de desabastecimento doméstico que justifiquem a suspensão e que o aumento dos preços da carne se devem a efeitos sazonais. "Suspender as exportações é um erro por dois motivos: a perda de postos de trabalho nos frigoríficos e porque os novilhos que são exportados não são o que o consumidor está habituado a comprar."
O motivo da medida alegado pelo governo é aumentar a oferta do produto no mercado interno e forçar a queda do preço --a carne é um dos itens que mais pressão tem exercido sobre a inflação no país. O setor privado informou ontem uma alta entre 8% e 10%. No acumulado do ano, o produto já teria subido 27%. Em 2005, subiu 23% (o índice geral de inflação foi de 12,3%).
Para o secretário da associação, no entanto, os preços, apesar da medida, devem seguir em alta, porque "nunca no país o preço da carne recuou e toda a cadeia produtiva da carne já absorveu o aumento [do preço] da res média".
Ele disse que a medida não terá mais de uma semana de sobrevida, "seja pela via judicial ou seja por via da realidade".
Golpe duro
O presidente da Sociedade Rural Argentina, Luciano Miguens, disse que a medida do governo Kirchner foi "um golpe muito duro". Segundo ele, a suspensão vai provocar perda de espaço nos mercados externos. "Reabrimos os mercados com um esforço enorme, com a luta contra a [febre] aftosa e sair deles agora custará muito para recuperá-los", disse, segundo reportagem do diário argentino "La Nación".
Miguens lembrou, por exemplo, que muitos dos mercados que se fecharam à carne argentina quando surgiu o foco de aftosa no país acabaram se voltando à produção do Brasil.
Suspensão
A suspensão das exportações de carne argentina só não atingirá o produto da cota Hilton, corte de alta qualidade destinado à Europa, e os volumes de venda acertados em acordos país-país, explicou a ministra da Economia, Felisa Miceli. A suspensão deve barrar até 90% das exportações.
Os encargos de exportação sofrerão aumento, devendo passar de 5% para 15%, para carnes com osso e termoprocessadas. A maioria dos cortes já paga mais imposto desde novembro --outra medida de tentar expandir a oferta interna.
Cerca de 23% da produção argentina de carne é voltada para exportação. No ano passado, as vendas de carne do país para o exterior bateram recorde, chegando a US$ 1,4 bilhão, aumento de 25% em relação a 2004.
Leia mais
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
- Por que empresa proíbe caminhões de virar à esquerda - e economiza milhões
- Megarricos buscam refúgio na Nova Zelândia contra colapso capitalista
- Com 12 suítes e 5 bares, casa mais cara à venda nos EUA custa US$ 250 mi
- Produção industrial só cresceu no Pará em 2016, diz IBGE
+ Comentadas
- Programa vai reduzir tempo gasto para pagar impostos, diz Meirelles
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
+ EnviadasÍndice