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15/03/2006
-
09h02
ELVIRA LOBATO
da Folha de S.Paulo
Os presidentes das subsidiárias de seis indústrias européias fabricantes de equipamentos de telecomunicações enviaram carta ao presidente Lula em que pedem uma audiência para a discussão da TV digital. Lula, segundo a Folha informou na semana passada, já se decidiu pelo padrão japonês ISDB, defendido pelas empresas de radiodifusão, especialmente pela Globo.
Esperava-se que a escolha fosse anunciada oficialmente na sexta-feira passada, mas o comitê formado por nove ministérios envolvidos nas negociações pediu mais tempo para examinar as contrapartidas de japoneses e europeus, que têm polarizado a disputa.
Os presidentes das empresas Siemens (alemã), Nokia (finlandesa), Philips (holandesa), Rohde & Schwarz (alemã), Thomson (francesa) e ST Microeletronics (franco-italiana) assinam a carta enviada a Lula. Eles integram a ""Coalizão DVB", criada no final do ano passado em reação ao lobby dos radiodifusores em favor do sistema japonês.
Segundo a Folha apurou, a carta diz que a escolha do ISDB transformará o Brasil em reserva de mercado para as indústrias japonesas, já que nenhum outro país adotou esse padrão até agora, além do Japão, ao passo que 78 países já teriam optado pelo DVB.
Os executivos dizem que a reserva de mercado significará preços maiores para o consumidor brasileiro por falta de competição.
Outro ponto assinalado é o impacto da escolha do padrão japonês sobre os investimentos das indústrias européias de telecomunicações aqui instaladas. Esse argumento passou a ser publicamente colocado a partir do momento em que os ministros pediram mais prazo para analisar as propostas.
Os europeus receberam o adiamento como uma vitória parcial e dedicaram-se a criar fatos que justifiquem um novo adiamento. Em conversas informais, os executivos afirmam que o melhor cenário para o DVB seria o adiamento para depois das eleições, pois dificilmente o governo tomaria uma decisão contrária ao interesse das emissoras de TV em ano eleitoral.
Dentro dessa linha, a Siemens declarou que fará investimentos de R$ 100 milhões e empregará cerca de 300 pessoas, em Manaus, se o governo optar pelo DVB.
A ST Microelectronics anunciou a disposição de implantar uma fábrica de semicondutores no Brasil para transferência de tecnologia e fabricação de semicondutores ou displays de cristal líquido. Com isso, os europeus se equipararam aos japoneses, que já haviam manifestado, em carta, a intenção de examinar a implantação de uma fábrica semelhante. Até agora, nenhuma das partes se comprometeu, efetivamente, com a produção de semicondutores no Brasil. Os dois lados ainda estão no campo das intenções.
O presidente da ST Microelectronics, Ricardo Tortorella, tem audiência hoje com a ministra Dilma Rousseff,da Casa Civil, para detalhar a posição da empresa em relação à fábrica.
Na carta a Lula, os executivos apontam resultados positivos nos testes de funcionamento do DVB realizados no campus da Universidade de São Paulo na semana passada. É uma resposta a críticas feitas publicamente por engenheiros da Globo de que os testes teriam mostrado que o DVB seria inviável para São Paulo.
Japoneses
O empresário Yasutoshi Miyoshi, presidente da Primotec e um dos representantes do grupo japonês, qualificou de ""uma grata surpresa" o anúncio sobre a disposição da ST Microelectronics de vir a instalar uma fábrica no país. Segundo ele, os chips fabricados pela ST podem ser combinados com o sistema ISDB, o que permitiria a produção dos decodificadores (para que as TVs analógicas captem o sinal digital) no Brasil.
Miyoshi é presidente da Primotec, que representa indústrias japonesas, e participou dos encontros dos executivos japoneses com as autoridades locais.
Segundo ele, os japoneses aguardam o pronunciamento oficial e não se posicionam sobre a decisão a ser tomada pelo Brasil, "em respeito à sua soberania".
Especial
Confira a cobertura completa da escolha do padrão de TV digital
Europeus pedem encontro com Lula sobre TV digital
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da Folha de S.Paulo
Os presidentes das subsidiárias de seis indústrias européias fabricantes de equipamentos de telecomunicações enviaram carta ao presidente Lula em que pedem uma audiência para a discussão da TV digital. Lula, segundo a Folha informou na semana passada, já se decidiu pelo padrão japonês ISDB, defendido pelas empresas de radiodifusão, especialmente pela Globo.
Esperava-se que a escolha fosse anunciada oficialmente na sexta-feira passada, mas o comitê formado por nove ministérios envolvidos nas negociações pediu mais tempo para examinar as contrapartidas de japoneses e europeus, que têm polarizado a disputa.
Os presidentes das empresas Siemens (alemã), Nokia (finlandesa), Philips (holandesa), Rohde & Schwarz (alemã), Thomson (francesa) e ST Microeletronics (franco-italiana) assinam a carta enviada a Lula. Eles integram a ""Coalizão DVB", criada no final do ano passado em reação ao lobby dos radiodifusores em favor do sistema japonês.
Segundo a Folha apurou, a carta diz que a escolha do ISDB transformará o Brasil em reserva de mercado para as indústrias japonesas, já que nenhum outro país adotou esse padrão até agora, além do Japão, ao passo que 78 países já teriam optado pelo DVB.
Os executivos dizem que a reserva de mercado significará preços maiores para o consumidor brasileiro por falta de competição.
Outro ponto assinalado é o impacto da escolha do padrão japonês sobre os investimentos das indústrias européias de telecomunicações aqui instaladas. Esse argumento passou a ser publicamente colocado a partir do momento em que os ministros pediram mais prazo para analisar as propostas.
Os europeus receberam o adiamento como uma vitória parcial e dedicaram-se a criar fatos que justifiquem um novo adiamento. Em conversas informais, os executivos afirmam que o melhor cenário para o DVB seria o adiamento para depois das eleições, pois dificilmente o governo tomaria uma decisão contrária ao interesse das emissoras de TV em ano eleitoral.
Dentro dessa linha, a Siemens declarou que fará investimentos de R$ 100 milhões e empregará cerca de 300 pessoas, em Manaus, se o governo optar pelo DVB.
A ST Microelectronics anunciou a disposição de implantar uma fábrica de semicondutores no Brasil para transferência de tecnologia e fabricação de semicondutores ou displays de cristal líquido. Com isso, os europeus se equipararam aos japoneses, que já haviam manifestado, em carta, a intenção de examinar a implantação de uma fábrica semelhante. Até agora, nenhuma das partes se comprometeu, efetivamente, com a produção de semicondutores no Brasil. Os dois lados ainda estão no campo das intenções.
O presidente da ST Microelectronics, Ricardo Tortorella, tem audiência hoje com a ministra Dilma Rousseff,da Casa Civil, para detalhar a posição da empresa em relação à fábrica.
Na carta a Lula, os executivos apontam resultados positivos nos testes de funcionamento do DVB realizados no campus da Universidade de São Paulo na semana passada. É uma resposta a críticas feitas publicamente por engenheiros da Globo de que os testes teriam mostrado que o DVB seria inviável para São Paulo.
Japoneses
O empresário Yasutoshi Miyoshi, presidente da Primotec e um dos representantes do grupo japonês, qualificou de ""uma grata surpresa" o anúncio sobre a disposição da ST Microelectronics de vir a instalar uma fábrica no país. Segundo ele, os chips fabricados pela ST podem ser combinados com o sistema ISDB, o que permitiria a produção dos decodificadores (para que as TVs analógicas captem o sinal digital) no Brasil.
Miyoshi é presidente da Primotec, que representa indústrias japonesas, e participou dos encontros dos executivos japoneses com as autoridades locais.
Segundo ele, os japoneses aguardam o pronunciamento oficial e não se posicionam sobre a decisão a ser tomada pelo Brasil, "em respeito à sua soberania".
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