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17/03/2006 - 16h49

Praticamente descartados na disputa, EUA criticam negociação para TV digital

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PATRICIA ZIMMERMANN
da Folha Online, em Brasília

Com o sistema americano (ATSC) praticamente descartado pelo Brasil entre as opções para TV digital, o governo dos Estados Unidos decidiu entrar na disputa com críticas ao sistema europeu (DVB) e às negociações envolvendo a possível instalação de uma fábrica de semicondutores no Brasil.

Por meio de uma videoconferência organizada pela Embaixada dos EUA no Brasil, o coordenador de Políticas de Comunicações Internacionais e Informação do Departamento de Estado, embaixador David Gross, disse hoje que "as conversas entre os governos da União Européia e o governo brasileiro acerca do potencial de se estabelecer uma fábrica de semicondutores [chips] têm muitos furos, e não parecem ser passíveis de credibilidade ou substanciais".

Ao comentar as negociações do governo brasileiro, que foram intensificadas nos últimos dias com o envio de cartas e reuniões com representantes europeus principalmente, Gross afirmou que a decisão sobre a instalação de uma fábrica dessa "envergadura" como é o setor de semicondutores é um assunto para o setor privado. "A construção de unidades de ampla envergadura e porte como de semicondutores é um tipo de desdobramento que segue o mercado, não é algo decorrente apenas da idealização do governo", disse.

Apesar da manifestação oficial hoje, o governo americano não pretende fazer promessas ao Brasil sobre a produção de chips no Brasil, mas deverá marcar sua posição no processo. "Encontramos tantos furos que são furos pelos quais se poderia passar um caminhão", criticou Gross, referindo-se às correspondências dos europeus com promessas ao governo brasileiro.

Ao apontar as vantagens do sistema ATSC sobre o DVB e ISDB, Gross afirmou que o Brasil deveria atentar para a escala de produção e potencial de exportação que seria aberto com a escolha de um mesmo padrão para as Américas.

"Acreditamos que em vez de se adotar um padrão estrangeiro, externo (tais como japonês e europeu), ao invés disso, nós estamos procurando estabelecer uma parceria de natureza dupla: técnica e econômica", disse o embaixador.

Promessa

Os americanos não se comprometem em produzir semicondutores no Brasil, como quer o governo brasileiro, mas ainda esperam que as propostas de investimentos de outras indústrias para produção de equipamentos de transmissão e televisores no país sejam analisadas como um ponto favorável ao sistema ATSC.

No portfólio americano estariam unidades da Harris Corporation (empresa fabricante de equipamentos transmissores) e também da coreana LG, fabricante de televisores.

"Os investimentos que poderão advir dessa perspectiva são de fato muito significativos, porque o mercado que eles pretendem abastecer não se resume ao mercado interno brasileiro, mas se amplia, se estende por todas as Américas", disse o embaixador, que falou da possibilidade de os EUA importarem equipamentos brasileiros, mas não sinalizou de quanto seria esse investimento.

Segundo ele, até mesmo a possibilidade de produção de semicondutores no país seria maior com a escolha do sistema americano, mais uma vez sob o argumento de que o mercado seria maior do que o europeu e o japonês.

"Entendo que essa é uma decisão [se fabricar chips no Brasil] caberá ao setor privado. Eu acredito que é mais provável que ela se concretize se o Brasil adotar o padrão ATSC do que adotando outros padrões. Digo com base nas correspondências a que tive acesso por parte daqueles que representam os interesses europeus. Essa promessa é vazia", afirmou.

Questionado sobre o distanciamento do governo americano durante as recentes negociações da TV digital, Gross defendeu o sistema utilizado nos EUA. "Estamos efetivamente comprometidos sim em ir adiante, daqui para frente, em fazer uma parceria com o Brasil", afirmou.

O governo americano tem atuado nas discussões sobre a TV digital com uma postura mais conservadora que os europeus e japoneses. Entretanto, ao convocar a imprensa hoje, mesmo reconhecendo que o Brasil está na reta final para anunciar sua escolha, os americanos fizeram questão de demonstrar que ainda estão no páreo.

Se por um lado eles não pretendem entrar num leilão envolvendo a indústria de semicondutores, como fizeram os europeus e japoneses, os americanos argumentam que os custos dos equipamentos, principalmente aqueles que deverão ser adquiridos pela população, devem pesar na escolha brasileira.

Isso porque uma diferença de US$ 50 a US$ 100 no preço do terminal ou do conversor para o usuário representaria um custo de US$ 3 bilhões a US$ 6 bilhões, num país com aproximadamente 60 milhões de televisores como é o Brasil.

Desde a última sexta-feira, quando era esperado o anúncio oficial sobre a escolha do padrão da TV digital, o governo não informou nova data para uma definição sobre o assunto.

Especial
  • Confira a cobertura completa da escolha do padrão de TV digital
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