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17/03/2006
-
19h48
JANAINA LAGE
da Folha Online, no Rio
Uma eventual saída do ministro Antonio Palocci da Fazenda não deve afetar o rumo da economia na avaliação da mais renomada economista do PT, Maria da Conceição Tavares, e do ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) Carlos Lessa. Para eles, as condições para o baixo crescimento do país em 2006 já estão dadas.
"Estamos fazendo miniciclos de crescimento. Sempre foi assim. [A saída de Palocci] não importa nada", disse Tavares.
Segundo Tavares, o único impacto possível de uma eventual mudança na Fazenda seria um aumento do arrocho fiscal de acordo com a disposição do substituto, o que ela considera prejudicial para o país.
A economista afirma que os setores financeiro e produtivo não estão preocupados com a saída do ministro. "Honradamente, você acha que os nossos banqueiros, as grandes multinacionais, os grandes empresários nacionais, os construtores e as grandes estatais têm que ver com quem cai ou não na Fazenda? Quem tem a ver com quem cai da Fazenda são os pobres dos ministérios em Brasília", disse.
Lessa diz acreditar que Lula vai manter Palocci no cargo independentemente de qualquer escândalo. O economista afirma que não haverá efeito sobre a política monetária. "De pato a ganso, nenhum avanço, porque provavelmente vem outro igualzinho (...) Às vezes é preciso mudar tudo para não mudar nada. (...) Para a política econômica pró-Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) e pró-detentores da dívida pública não vai mudar nada", disse.
Segundo Lessa, o país atravessa um período de estagnação com uma média de crescimento da ordem de 2,58% nos últimos três anos. Na avaliação do ex-presidente do BNDES, todo início de ano o governo anuncia que o país vai crescer muito, de 4% a 5%, mas ao longo do ano a taxa começa a ser revista para baixo. Para Lessa, o país tem "urgência de crescimento".
De acordo com Tavares, o crescimento da economia em 2006 será abortado independentemente de quem estiver à frente da Fazenda. "Pode botar quem quiser, até o José Serra", disse.
Tavares e Lessa participaram de debate durante a inauguração do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento. Durante a exposição, Tavares comentou o fim da direita brasileira. Segundo ela, todos passaram a ser progressistas. Ela criticou também a postura da classe média em relação ao governo: "Paradoxalmente, quem mais reclama deste governo e de todos os outros, a classe média, perdeu bem menos do que reclama e tem um peso desmedido para o seu valor econômico", disse.
Especial
Veja o que já foi publicado sobre o ministro Palocci
Eventual saída de Palocci não muda economia, dizem Conceição Tavares e Lessa
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da Folha Online, no Rio
Uma eventual saída do ministro Antonio Palocci da Fazenda não deve afetar o rumo da economia na avaliação da mais renomada economista do PT, Maria da Conceição Tavares, e do ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) Carlos Lessa. Para eles, as condições para o baixo crescimento do país em 2006 já estão dadas.
"Estamos fazendo miniciclos de crescimento. Sempre foi assim. [A saída de Palocci] não importa nada", disse Tavares.
Segundo Tavares, o único impacto possível de uma eventual mudança na Fazenda seria um aumento do arrocho fiscal de acordo com a disposição do substituto, o que ela considera prejudicial para o país.
A economista afirma que os setores financeiro e produtivo não estão preocupados com a saída do ministro. "Honradamente, você acha que os nossos banqueiros, as grandes multinacionais, os grandes empresários nacionais, os construtores e as grandes estatais têm que ver com quem cai ou não na Fazenda? Quem tem a ver com quem cai da Fazenda são os pobres dos ministérios em Brasília", disse.
Lessa diz acreditar que Lula vai manter Palocci no cargo independentemente de qualquer escândalo. O economista afirma que não haverá efeito sobre a política monetária. "De pato a ganso, nenhum avanço, porque provavelmente vem outro igualzinho (...) Às vezes é preciso mudar tudo para não mudar nada. (...) Para a política econômica pró-Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) e pró-detentores da dívida pública não vai mudar nada", disse.
Segundo Lessa, o país atravessa um período de estagnação com uma média de crescimento da ordem de 2,58% nos últimos três anos. Na avaliação do ex-presidente do BNDES, todo início de ano o governo anuncia que o país vai crescer muito, de 4% a 5%, mas ao longo do ano a taxa começa a ser revista para baixo. Para Lessa, o país tem "urgência de crescimento".
De acordo com Tavares, o crescimento da economia em 2006 será abortado independentemente de quem estiver à frente da Fazenda. "Pode botar quem quiser, até o José Serra", disse.
Tavares e Lessa participaram de debate durante a inauguração do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento. Durante a exposição, Tavares comentou o fim da direita brasileira. Segundo ela, todos passaram a ser progressistas. Ela criticou também a postura da classe média em relação ao governo: "Paradoxalmente, quem mais reclama deste governo e de todos os outros, a classe média, perdeu bem menos do que reclama e tem um peso desmedido para o seu valor econômico", disse.
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