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28/03/2006 - 09h25

Empresa exige resultado em projeto social

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JULIANA GARÇON
da Folha de S.Paulo

Eficiência, maximização dos recursos e busca de excelência. Os dogmas da gestão empresarial furaram a velha carcaça de empirismo dos investimentos sociais privados e já norteiam as iniciativas das companhias mais atentas.

Empenhadas em verificar se e como frutificam seus investimentos sociais, elas estão criando ou buscando, em consultorias e organizações não-governamentais, técnicas para aferir a eficiência dos seus programas.
Assim, podem melhorá-los. Ou encerrá-los.

O Instituto Unibanco começou a avaliar seus projetos mais parrudos no ano passado, conforme seu presidente, Tomas Zinner. O Círculos de Leitura, que realiza em escolas públicas estudos literários entremeados com debates, foi aperfeiçoado depois da avaliação: passou a concentrar os alunos num número menor de escolas para que os participantes tivessem chance de interagir mais.

A nova etapa é um desafio e tanto, mesmo para empresas onde as avaliações são rotineiras. Isso porque os objetos de estudo envolvem muitas variáveis e alguma subjetividade. A Fundação Itaú Social, por exemplo, trabalha há dois anos para desenvolver métodos de avaliação do impacto econômico de seus projetos, focados em educação, conta Antonio Matias, vice-presidente da entidade.

A busca por eficiência vira demanda para as consultorias: entre 2001 e 2004, cresceu 47% a fatia dos associados que contratam esses serviços. No Instituto para Desenvolvimento do Investimento Social (Idis), organização não-governamental que desenvolve e avalia projetos, a demanda dobrou nos últimos três anos.

Os institutos de pesquisa, que verificam os reflexos dos programas na imagem da empresa junto ao público, também vêm sendo procurados.

"A preocupação em medir retornos se acirrou nos últimos anos", conforme Paulo Cidade, diretor de planejamento do Ipsos, que mensalmente faz três novos orçamentos para clientes desde o ano passado.

O Sensus, por sua vez, informa ter realizado trabalhos recentes sobre responsabilidade social corporativa e relacionamento com a comunidade para Arafértil, Paraibuna de Metais, Alcan, Alcoa, AçoMinas e Rio Paracatu Mineração.

Além do impacto de seus projetos e dos efeitos de suas ações em sua imagem, as companhias também vêm diagnosticando melhor o grau de responsabilidade social que atingiram com as mudanças de comportamento.

Cumprem essa tarefa, freqüentemente, apoiados nos modelos consagrados, como o do Instituto Ethos e o do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas). Em 2005, mais de 530 empresas enviaram formulários preenchidos ao Ethos. No ano 2000, apenas 71 empresas faziam o mesmo.

A partir dos indicadores sociais, as companhias podem montar seus balanços (numéricos) ou relatórios (descritivos) sociais, que servem para a firma apresentar sua conduta à sociedade e se comparar com o mercado.

Com mais balanços, cresce a demanda por auditorias externas para certificar as informações que as companhias prestam por meio desse tipo de documento. É um trabalho útil para verificar as informações que dão ao mercado e para neutralizar as desconfianças e o ceticismo dentro e fora das empresas investidoras.

De acordo com o Mauro Ambrósio, sócio da BDO Trevisan, de cada três novos trabalhos relacionados a responsabilidade social que chegam à sua mesa, um é para auditoria. "Cada um coloca o que quer nos relatórios", comenta.

A fim de criar um padrão internacional, grupos de trabalho no mundo todo estão formatando, há dois anos, o ISO 26000. Ao contrário de outros produtos da Organização Internacional de Normalização (ISO na sigla em inglês), o ISO 26000 não será uma certificação, mas sim uma referência para padronização das informações que vão para os balanços sociais.

"Deverá ficar pronto entre 2007 e 2008", diz Ambrósio.

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