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18/04/2006 - 09h11

Arrendadores de aeronaves da Varig pedem retomada de aviões

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MAELI PRADO
da Folha de S.Paulo

Na semana passada, pelo menos três arrendadores de aeronaves da Varig entraram na Justiça para pedir a retomada de aviões e turbinas utilizados pela companhia.

A tendência, entretanto, é que os pedidos não afetem a aérea no curtíssimo prazo, já que a Justiça deve demorar para conceder eventuais reintegrações de posse.

De acordo com estimativas, apenas nos últimos dois meses a dívida acumulada da companhia aérea referente a aluguel de jatos soma cerca de US$ 40 milhões.

A maior parte dos pedidos chegou às varas cíveis do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro na semana passada. Um dos pedidos de reintegração de posse, por exemplo, em nome da Wells Fargo Bank Northwest, entrou na 45ª Vara Cível na última terça-feira.

A avaliação de especialistas ouvidos pela Folha, entretanto, é que, devido ao clima de extrema preocupação com a delicada situação financeira da Varig, a Justiça não conceda com celeridade liminares determinando a devolução de aeronaves e turbinas.

O problema mais premente da companhia é mesmo a sua incapacidade de pagar pela manutenção mais pesada requerida por suas aeronaves. A VEM, ex-subsidiária da Varig que foi vendida para um consórcio liderado pela aérea portuguesa TAP, só está realizando a manutenção das aeronaves da companhia mediante pagamento antecipado.

A Varig está conseguindo honrar as manutenções mais simples, que têm de ser feitas diariamente. Mas não vem conseguindo bancar aquelas mais pesadas, que demoram até meses para ser realizadas e que chegam a custar milhões de dólares.

Dessa forma, quando chega o tempo de a companhia aérea fazer essa manutenção mais complexa (cada avião tem um limite de horas voadas até vencer o prazo para a revisão), tem que tirar aviões de operação por falta de dinheiro para realizá-la.

De acordo com o que a Folha apurou, dos 24 aviões da frota da Varig que podem realizar vôos intercontinentais, 8 estão parados, ou seja, um terço. Nesta semana, um Boeing-737 terá de ser devolvido à empresa de leasing Debis. O contrato de leasing dessa aeronave venceu, e o arrendador optou por não renová-lo.

Alguns arrendadores já estariam inclusive bancando essa manutenção mais pesada de algumas aeronaves que foram tiradas de operação pela Varig para evitar de, no futuro, se verem com aviões sem condições de voar.

Segundo a Folha apurou, dos oito Boeings-777 que possui, a Varig está com quatro parados por falta de manutenção --o leasing de cada um deles é avaliado em cerca de US$ 700 mil por mês. Além disso três MD-11 (de 11 no total), oito Boeing-737 (de 16 no total) e um Boeing-767 (de cinco no total) estão parados, também por falta de manutenção.

É exatamente nos vôos internacionais que estaria o problema em uma eventual paralisação das atividades da Varig --possibilidade que chegou a ser aventada pela própria aérea na semana passada.

No mercado interno, TAM e Gol têm condições de absorver sua demanda e passariam a voar, segundo cálculos de analistas especializados no setor, com 84% de seus assentos ocupados (atualmente a média de ambas é 69%).

No caso das freqüências para o exterior, entretanto, haveria a necessidade de investimentos, como treinamento de pilotos, aviões e abertura de bases em outros países, com custos em dólar. Tudo isso demanda tempo e disposição de assumir riscos.

Segundo fontes ouvidas pela Folha, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pediu à TAM para considerar a possibilidade de assumir o leasing das aeronaves da Varig para rotas internacionais e utilizar os pilotos da aérea para voar esses trechos. Seria uma espécie de plano de emergência em caso de paralisação da Varig.

Adequação

Por causa desses problemas com suas aeronaves, a Varig está readequando sua malha internacional, e muitos vôos vêm sendo cancelados. A aérea também vem improvisando para conseguir manter vôos de sua malha.

No caso dos vôos para o México, por exemplo, onde a Varig utilizava aviões de 240 lugares, a companhia vem utilizando nas últimas semanas um Boeing-757 de 174 lugares.

Depois da mudança, a companhia aérea faz escala em Manaus, no caso dos vôos para o México que partem de São Paulo, o que não ocorria antes.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a Varig
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