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18/04/2006
-
09h24
ELVIRA LOBATO
da Folha de S.Paulo, no Rio
Erros administrativos causaram perda de R$ 1 bilhão ao patrimônio do fundo de pensão Aerus. Mais da metade da carteira de investimentos em renda variável é formada por ações sem liquidez, que dão prejuízo. O mesmo acontece em relação às participações em shopping centers.
O fundo, na segunda metade dos anos 90, decidiu ser acionista controlador de empresas, em vez de mero investidor. Comprou 18,8% do capital com direito a voto da Paranapanema, 24,7% da Kepler Weber, 18,7% da siderúrgica Tupy, entre outras. Essas ações ""especiais" representam 61% da carteira total de renda variável.
Segundo o último relatório do fundo de pensão, elas estão contabilizadas pelo valor de R$ 381,77 milhões. A compra representou um prejuízo para o fundo Aerus de R$ 885,4 milhões, comparando-se o desempenho das ações com o retorno que o Aerus poderia ter obtido se tivesse aplicado o mesmo dinheiro em CDI (Certificado de Depósito Interbancário), de renda fixa.
A participação no controle de companhias foi uma estratégia comum aos fundos de pensão na segunda metade dos anos 90. O problema, segundo especialistas, foi a escolha de ações de empresas sem liquidez na Bolsa.
Elas tiveram desempenho muito inferior ao das ações do Ibovespa, índice que mede o desempenho dos papéis mais negociados na Bolsa de Valores de SP. O prejuízo da aplicação, em relação ao Ibovespa, chega a R$ 915 milhões, segundo o relatório.
O mesmo aconteceu com os investimentos em shoppings, também na segunda metade dos anos 90. O Aerus chegou a ser acionista de oito shoppings, se desfez de quatro, mas continua com participações expressivas no ABC Plaza Shopping (20%), Center D (25,4%), Light (30%) e Metrópole São Bernardo (96), todos em SP.
O relatório financeiro do Aerus de fevereiro diz que o investimento nos quatro shoppings representou prejuízo de R$ 182 milhões, comparando-se o retorno que o fundo teria obtido se o dinheiro fosse aplicado em CDI.
A SPC (Secretaria de Previdência Complementar) interveio no fundo de pensão e liquidou os dois planos de aposentadoria a Varig, na última quarta-feira.
Os planos de previdência da Varig, segundo a Folha noticiou no sábado, têm um rombo de R$ 1,66 bilhão, entre o patrimônio e os compromissos já assumidos com pagamento de benefícios.
Demitidos
A liquidação pegou no contrapé 194 ex-funcionários da Varig que haviam acabado de aderir ao plano de demissão voluntária proposto pela companhia.
Eles estavam na fila de espera para sacar as contribuições que haviam acumulado para a aposentadoria, no total de R$ 9 milhões, quando ocorreu a intervenção.
Ontem, foi grande o movimento de aposentados e de funcionários no Aerus em busca de informações. A maior procura era do pessoal recém-demitido, querendo saber se será autorizado o saque das poupanças. O pagamento, segundo o Aerus, dependerá de aprovação do liquidante.
A ex-gerente de contas da Varig Ana Lima está nessa situação. Ela aderiu ao plano de demissão voluntária no dia 7 de abril e espera poder sacar seus R$ 40 mil.
Segundo o comando do Aerus, o maior receio dos aposentados da Varig agora é com o rompimento do contrato coletivo do seguro saúde, em razão da liquidação dos planos de previdência.
O contrato é intermediado pelo Aerus. Com a liquidação, o fundo não prestará mais o serviço, e os aposentados terão de contratar os seguros individualmente.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a Varig
Fundo da Varig teve perda de R$ 1 bi por erro de gestão
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da Folha de S.Paulo, no Rio
Erros administrativos causaram perda de R$ 1 bilhão ao patrimônio do fundo de pensão Aerus. Mais da metade da carteira de investimentos em renda variável é formada por ações sem liquidez, que dão prejuízo. O mesmo acontece em relação às participações em shopping centers.
O fundo, na segunda metade dos anos 90, decidiu ser acionista controlador de empresas, em vez de mero investidor. Comprou 18,8% do capital com direito a voto da Paranapanema, 24,7% da Kepler Weber, 18,7% da siderúrgica Tupy, entre outras. Essas ações ""especiais" representam 61% da carteira total de renda variável.
Segundo o último relatório do fundo de pensão, elas estão contabilizadas pelo valor de R$ 381,77 milhões. A compra representou um prejuízo para o fundo Aerus de R$ 885,4 milhões, comparando-se o desempenho das ações com o retorno que o Aerus poderia ter obtido se tivesse aplicado o mesmo dinheiro em CDI (Certificado de Depósito Interbancário), de renda fixa.
A participação no controle de companhias foi uma estratégia comum aos fundos de pensão na segunda metade dos anos 90. O problema, segundo especialistas, foi a escolha de ações de empresas sem liquidez na Bolsa.
Elas tiveram desempenho muito inferior ao das ações do Ibovespa, índice que mede o desempenho dos papéis mais negociados na Bolsa de Valores de SP. O prejuízo da aplicação, em relação ao Ibovespa, chega a R$ 915 milhões, segundo o relatório.
O mesmo aconteceu com os investimentos em shoppings, também na segunda metade dos anos 90. O Aerus chegou a ser acionista de oito shoppings, se desfez de quatro, mas continua com participações expressivas no ABC Plaza Shopping (20%), Center D (25,4%), Light (30%) e Metrópole São Bernardo (96), todos em SP.
O relatório financeiro do Aerus de fevereiro diz que o investimento nos quatro shoppings representou prejuízo de R$ 182 milhões, comparando-se o retorno que o fundo teria obtido se o dinheiro fosse aplicado em CDI.
A SPC (Secretaria de Previdência Complementar) interveio no fundo de pensão e liquidou os dois planos de aposentadoria a Varig, na última quarta-feira.
Os planos de previdência da Varig, segundo a Folha noticiou no sábado, têm um rombo de R$ 1,66 bilhão, entre o patrimônio e os compromissos já assumidos com pagamento de benefícios.
Demitidos
A liquidação pegou no contrapé 194 ex-funcionários da Varig que haviam acabado de aderir ao plano de demissão voluntária proposto pela companhia.
Eles estavam na fila de espera para sacar as contribuições que haviam acumulado para a aposentadoria, no total de R$ 9 milhões, quando ocorreu a intervenção.
Ontem, foi grande o movimento de aposentados e de funcionários no Aerus em busca de informações. A maior procura era do pessoal recém-demitido, querendo saber se será autorizado o saque das poupanças. O pagamento, segundo o Aerus, dependerá de aprovação do liquidante.
A ex-gerente de contas da Varig Ana Lima está nessa situação. Ela aderiu ao plano de demissão voluntária no dia 7 de abril e espera poder sacar seus R$ 40 mil.
Segundo o comando do Aerus, o maior receio dos aposentados da Varig agora é com o rompimento do contrato coletivo do seguro saúde, em razão da liquidação dos planos de previdência.
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