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19/04/2006 - 09h42

Petróleo subirá ainda mais, dizem analistas

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FÁBIO VICTOR
da Folha de S.Paulo, em Londres

O preço do petróleo, que ontem e anteontem atingiu recordes nos mercados de Nova York e Londres, ao ultrapassar US$ 70 o barril, deve continuar em alta nas próximas semanas e enquanto perdure a incerteza em relação ao futuro do Irã, segundo analistas em energia ouvidos pela Folha.
E a ânsia dos especuladores, afirmam, é um dos principais combustíveis da tendência.

O barril de petróleo chegou a ser negociado a US$ 72,64 na Bolsa de Nova York ontem, antes de recuar e fechar a US$ 71,35. Já o barril do tipo Brent, negociado em Londres, também fechou em nível recorde, a US$ 72,51, após subir 1,5%.

O Brent é um petróleo extraído no mar do Norte, enquanto o vendido na Bolsa de Nova York é o West Texas, produzido nos EUA. Ambos são petróleos de excelente qualidade e seus preços servem de referência para outros tipos do produto pelo mundo.

O petróleo atingiu o seu pico em termos reais (descontados os efeitos da inflação) em 1979, quando chegou a aproximadamente US$ 90 (a valores de hoje).

"Quando há tensão, normalmente os especuladores tentam aproveitar para ganhar muito dinheiro. É o que está ocorrendo. Fundos de investimento, fundos de pensão se movem para essa área e se põem a comprar, jogando o preço para cima", disse Muhammad-Ali Zainy, economista e analista de energia do CGES (Centro de Estudos de Energia Global, na sigla em inglês).

"Claro que a especulação contribui [para a alta dos preços], é o que ocorre com a maioria das commodities. Quando se percebe que os preços apresentam tendência de alta, eles [os especuladores] investem no mercado futuro e, basicamente, apostam que os preços vão subir para, num estágio posterior, lucrar com isso", disse Kona Haque, analista sênior e editora de commodities da EIU (Economist Intelligence Unit).

Segundo ela, o quadro não vai se alterar em 2006, já que não há perspectiva a curto prazo de solução para o impasse geopolítico detonado pelo objetivo incerto do programa nuclear iraniano.

A analista diz que uma redução da tendência só deve ocorrer, "talvez", no ano que vem. E caso ocorra uma guerra no Irã? "Seria desastroso. O preço do barril poderia facilmente atingir os US$ 100", prevê.

Fatores negativos

Uma avaliação corrente entre os experts é a de que, para além do Irã e dos especuladores, uma reunião de fatores negativos levou a esse cenário.

"É certo que o Irã é o maior motivo, mas há a situação cada vez pior no Iraque, o problema da Nigéria [onde guerrilheiros têm forçado petrolíferas a reduzir a produção em cerca de 500 mil barris por dia] e a sempre presente possibilidade de ataques terroristas na Arábia Saudita [maior produtor mundial]", afirma Zainy, iraquiano radicado em Londres e doutor em economia mineral pela Colorado School of Mines.

Haque contextualiza o tamanho da perda. "Em primeiro lugar, temos de lembrar que o Irã só virou um assunto agora porque é um enorme produtor de petróleo num momento em que o mundo precisa imensamente desse combustível, em que a demanda cresce e as reservas diminuem. Perder o petróleo do Irã hoje significa perder uma parte expressiva da produção mundial", diz, aludindo à produção de 3,9 milhões de barris por dia, dos quais 2,4 milhões são exportados.

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