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05/05/2006
-
09h23
HUDSON CORRÊA
da Folha de S.Paulo, em Puerto Suárez
Cidades bolivianas na fronteira com o Brasil, próximo a Corumbá (MS), vivem desde anteontem à noite um confronto entre a etnia colla --que apóia a decisão do presidente da Bolívia, Evo Morales, de expulsar do país a siderúrgica brasileira EBX-- e a etnia camba, contrária à medida tomada no início de abril, antes da nacionalização do gás.
Ontem, cerca de cem manifestantes cambas de Puerto Suárez --principal município da região-- fecharam a rodovia de acesso à cidade e furaram pneus de carros com placas de Puerto Quijarro e Arroyo Concepcion, cidades onde a maioria dos moradores é colla.
A reportagem estava em um táxi dirigido por um colla em direção a Puerto Suárez. Ao chegar próximo ao bloqueio, o carro foi cercado por manifestantes e os pneus, furados.
O movimento em Puerto Suárez foi uma resposta ao confronto de anteontem à noite na ponte de acesso ao Brasil, em Arroyo Concepcion, quando cerca de 200 comerciantes collas expulsaram a pedradas e pauladas ao menos 50 cambas.
Esses faziam parte do movimento que fechava desde sexta-feira passada a fronteira, em protesto contra a expulsão da EBX da Bolívia.
Após o confronto, foi liberada a passagem na fronteira ontem. No posto de combustível mais próximo, em Puerto Quijarro, formou-se uma fila de caminhões e carros brasileiros.
O litro de gasolina na Bolívia custa R$ 1,25. Em Corumbá, custa R$ 2,80.
Recuados para lado brasileiro da ponte anteontem à noite, os cambas dormiram próximos ao pátio da Receita Federal e no fim da manhã, com a dispersão de seus rivais, voltaram à Bolívia.
Edil Gericke, presidente do Comitê Cívico de German Busch (província que reúne as três cidades em conflito), fez uma reunião e decidiu montar a barreira com pedras e paus na estrada que liga Puerto Suárez à fronteira, ou seja, a circulação ficou livre apenas em Puerto Quijarro e Arroyo Concepcion, cidades mais próximas ao Brasil.
Os manifestantes cívicos também mantiveram fechados trechos da ferrovia e o aeroporto. Com isso, a fronteira está sem ligação com a cidade de Santa Cruz de La Sierra.
Em Arroyo Concepcion, primeira cidade boliviana após Corumbá, parte das lojas da feira e do comércio bolivianos voltou a abrir ontem.
"Nunca fomos a favor da EBX. Fechamos a porta com medo de saques", afirmou o presidente da associação de comércio local, Marcos Lafuentes.
Com investimento de US$ 150 milhões, a siderúrgica brasileira do grupo EBX estava sendo construída em Puerto Quijarro --a 15 km de Corumbá.
O primeiro forno seria ativado em abril, mas o presidente boliviano Evo Morales afirmou que a usina não tinha licença ambiental e estava construindo na faixa de 50 km da fronteira, em território boliviano, onde a Constituição andina proíbe investimentos estrangeiros.
Empregos e comércio
Presidente do Comitê Cívico de Puerto Quijarro, Esperanza Padilha disse que --com o fechamento da siderúrgica-- 940 bolivianos, quase todos cambas, perderam o emprego e, por isso, houve o fechamento da fronteira.
Os comerciantes, que em sua maioria são collas, sentiram-se prejudicados com brasileiros consumidores sendo barrados.
O impasse econômico aflorou o conflito de etnias. "Esses [collas] são índios. Estão a serviço de Evo [Morales]", afirmou Padilha.
Bolivianos seguem em confronto na fronteira
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da Folha de S.Paulo, em Puerto Suárez
Cidades bolivianas na fronteira com o Brasil, próximo a Corumbá (MS), vivem desde anteontem à noite um confronto entre a etnia colla --que apóia a decisão do presidente da Bolívia, Evo Morales, de expulsar do país a siderúrgica brasileira EBX-- e a etnia camba, contrária à medida tomada no início de abril, antes da nacionalização do gás.
Ontem, cerca de cem manifestantes cambas de Puerto Suárez --principal município da região-- fecharam a rodovia de acesso à cidade e furaram pneus de carros com placas de Puerto Quijarro e Arroyo Concepcion, cidades onde a maioria dos moradores é colla.
A reportagem estava em um táxi dirigido por um colla em direção a Puerto Suárez. Ao chegar próximo ao bloqueio, o carro foi cercado por manifestantes e os pneus, furados.
O movimento em Puerto Suárez foi uma resposta ao confronto de anteontem à noite na ponte de acesso ao Brasil, em Arroyo Concepcion, quando cerca de 200 comerciantes collas expulsaram a pedradas e pauladas ao menos 50 cambas.
Esses faziam parte do movimento que fechava desde sexta-feira passada a fronteira, em protesto contra a expulsão da EBX da Bolívia.
Após o confronto, foi liberada a passagem na fronteira ontem. No posto de combustível mais próximo, em Puerto Quijarro, formou-se uma fila de caminhões e carros brasileiros.
O litro de gasolina na Bolívia custa R$ 1,25. Em Corumbá, custa R$ 2,80.
Recuados para lado brasileiro da ponte anteontem à noite, os cambas dormiram próximos ao pátio da Receita Federal e no fim da manhã, com a dispersão de seus rivais, voltaram à Bolívia.
Edil Gericke, presidente do Comitê Cívico de German Busch (província que reúne as três cidades em conflito), fez uma reunião e decidiu montar a barreira com pedras e paus na estrada que liga Puerto Suárez à fronteira, ou seja, a circulação ficou livre apenas em Puerto Quijarro e Arroyo Concepcion, cidades mais próximas ao Brasil.
Os manifestantes cívicos também mantiveram fechados trechos da ferrovia e o aeroporto. Com isso, a fronteira está sem ligação com a cidade de Santa Cruz de La Sierra.
Em Arroyo Concepcion, primeira cidade boliviana após Corumbá, parte das lojas da feira e do comércio bolivianos voltou a abrir ontem.
"Nunca fomos a favor da EBX. Fechamos a porta com medo de saques", afirmou o presidente da associação de comércio local, Marcos Lafuentes.
Com investimento de US$ 150 milhões, a siderúrgica brasileira do grupo EBX estava sendo construída em Puerto Quijarro --a 15 km de Corumbá.
O primeiro forno seria ativado em abril, mas o presidente boliviano Evo Morales afirmou que a usina não tinha licença ambiental e estava construindo na faixa de 50 km da fronteira, em território boliviano, onde a Constituição andina proíbe investimentos estrangeiros.
Empregos e comércio
Presidente do Comitê Cívico de Puerto Quijarro, Esperanza Padilha disse que --com o fechamento da siderúrgica-- 940 bolivianos, quase todos cambas, perderam o emprego e, por isso, houve o fechamento da fronteira.
Os comerciantes, que em sua maioria são collas, sentiram-se prejudicados com brasileiros consumidores sendo barrados.
O impasse econômico aflorou o conflito de etnias. "Esses [collas] são índios. Estão a serviço de Evo [Morales]", afirmou Padilha.
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