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22/05/2006
-
10h27
LEONARDO SOUZA
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Em um encontro na terça-feira passada, o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) informou ao banqueiro Daniel Dantas que levaria a Lula suas explicações de que não teria participado da divulgação da lista de supostas contas de petistas no exterior. Disse porém que o governo o considera o responsável pelo vazamento à revista "Veja" dos documentos.
O relato foi feito à Folha pelo senador Heráclito Fortes (PFL-PI), que cedeu sua casa em Brasília para que os dois pudessem conversar. De acordo com a "Veja", eles teriam selado um acordo para que a Polícia Federal não investigasse o banqueiro. Como contrapartida, Dantas não vazaria informações contra o governo. O senador negou que tivesse havido acordo e disse que o ministro teria afirmado que as investigações da PF continuariam.
Identificado com o Opportunity (já defendeu o banco na CPI dos Correios e usou diversas vezes jatinhos controlados pelo grupo), o senador se contradisse sobre quem teria marcado o encontro entre Dantas e o ministro. Primeiro deu a entender que ele próprio havia feito o contato com Thomaz Bastos; depois negou. Ele contou que encomendou comida a um restaurante árabe e que um dos assuntos foi futebol.
Folha - O senhor presenciou a conversa entre os dois?
Heráclito Fortes - Algumas partes não. Causou-me surpresa uma coisa que o ministro disse [a Dantas]: "Olha, quero confessar que o governo acha que você é o culpado". Só que acho que o governo que acha é o [Luiz] Gushiken [chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos], porque essa briga deixou de ser uma briga de governo para ser uma briga pessoal. É uma briga do Gushiken, que defende os fundos de pensão, contra o Daniel, que se sente agredido pelos fundos de pensão. O Daniel disse: "Olha, ministro, eu fui tão surpreendido [pela reportagem da "Veja'] como o senhor", e entregou uma carta a ele. Foi uma coisa muito "light". Compreendo a posição do cara acuado. O Daniel como empresário acuado e o ministro sendo cobrado pelo governo. Não houve acordo, o ministro disse que iria comunicar o fato ao presidente.
Folha - Por que o encontro foi na casa do senhor?
Heráclito - Tenho um amigo, que é o Carlos Rodenburg [ex-sócio do Opportunity], que me ligou e perguntou se haveria algum inconveniente de haver um encontro aqui em casa entre o ministro e o Daniel. Querem me jogar como procurador do Daniel, o que não sou. Estive com o Daniel, na verdade, antes do episódio da CPI, umas três vezes. Depois, quatro ou cinco vezes. A sexta foi aqui em casa.
Folha - O sr. não teme ser considerado defensor do Opportunity?
Heráclito - Não me preocupo. Prefiro ser caracterizado como defensor do Opportunity a defensor do Waldomiro [Diniz, ex-assessor de José Dirceu].
Folha - O pedido do Rodenburg foi na segunda-feira?
Heráclito - A primeira conversa era para eu falar com o ministro. Eu fiquei... Converso com qualquer um. Até porque sou presidente de uma comissão do Senado que me obriga a conversar com setores do governo.
Folha - Foi o Rodenburg que pediu para fazer o contato com o ministro?
Heráclito - Não, não, não, eu não fiz, não, nunca liguei.
Folha - Não foi o senhor quem convidou o ministro para ir à sua casa encontrar o Daniel Dantas?.
Heráclito - Recebi o ministro com a maior alegria na minha casa.
Folha - Mas não foi o senhor que o convidou?
Heráclito - Recebi o ministro com a maior alegria na minha casa.
Senador afirma que, para governo, Dantas vazou lista
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
Em um encontro na terça-feira passada, o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) informou ao banqueiro Daniel Dantas que levaria a Lula suas explicações de que não teria participado da divulgação da lista de supostas contas de petistas no exterior. Disse porém que o governo o considera o responsável pelo vazamento à revista "Veja" dos documentos.
O relato foi feito à Folha pelo senador Heráclito Fortes (PFL-PI), que cedeu sua casa em Brasília para que os dois pudessem conversar. De acordo com a "Veja", eles teriam selado um acordo para que a Polícia Federal não investigasse o banqueiro. Como contrapartida, Dantas não vazaria informações contra o governo. O senador negou que tivesse havido acordo e disse que o ministro teria afirmado que as investigações da PF continuariam.
Identificado com o Opportunity (já defendeu o banco na CPI dos Correios e usou diversas vezes jatinhos controlados pelo grupo), o senador se contradisse sobre quem teria marcado o encontro entre Dantas e o ministro. Primeiro deu a entender que ele próprio havia feito o contato com Thomaz Bastos; depois negou. Ele contou que encomendou comida a um restaurante árabe e que um dos assuntos foi futebol.
Folha - O senhor presenciou a conversa entre os dois?
Heráclito Fortes - Algumas partes não. Causou-me surpresa uma coisa que o ministro disse [a Dantas]: "Olha, quero confessar que o governo acha que você é o culpado". Só que acho que o governo que acha é o [Luiz] Gushiken [chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos], porque essa briga deixou de ser uma briga de governo para ser uma briga pessoal. É uma briga do Gushiken, que defende os fundos de pensão, contra o Daniel, que se sente agredido pelos fundos de pensão. O Daniel disse: "Olha, ministro, eu fui tão surpreendido [pela reportagem da "Veja'] como o senhor", e entregou uma carta a ele. Foi uma coisa muito "light". Compreendo a posição do cara acuado. O Daniel como empresário acuado e o ministro sendo cobrado pelo governo. Não houve acordo, o ministro disse que iria comunicar o fato ao presidente.
Folha - Por que o encontro foi na casa do senhor?
Heráclito - Tenho um amigo, que é o Carlos Rodenburg [ex-sócio do Opportunity], que me ligou e perguntou se haveria algum inconveniente de haver um encontro aqui em casa entre o ministro e o Daniel. Querem me jogar como procurador do Daniel, o que não sou. Estive com o Daniel, na verdade, antes do episódio da CPI, umas três vezes. Depois, quatro ou cinco vezes. A sexta foi aqui em casa.
Folha - O sr. não teme ser considerado defensor do Opportunity?
Heráclito - Não me preocupo. Prefiro ser caracterizado como defensor do Opportunity a defensor do Waldomiro [Diniz, ex-assessor de José Dirceu].
Folha - O pedido do Rodenburg foi na segunda-feira?
Heráclito - A primeira conversa era para eu falar com o ministro. Eu fiquei... Converso com qualquer um. Até porque sou presidente de uma comissão do Senado que me obriga a conversar com setores do governo.
Folha - Foi o Rodenburg que pediu para fazer o contato com o ministro?
Heráclito - Não, não, não, eu não fiz, não, nunca liguei.
Folha - Não foi o senhor quem convidou o ministro para ir à sua casa encontrar o Daniel Dantas?.
Heráclito - Recebi o ministro com a maior alegria na minha casa.
Folha - Mas não foi o senhor que o convidou?
Heráclito - Recebi o ministro com a maior alegria na minha casa.
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