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23/05/2006
-
10h18
FABIANO MAISONNAVE
da Folha de S.Paulo, em La Paz
Em uma viagem planejada mais para normalizar as relações diplomáticas do que para solucionar impasses em torno do gás, o chanceler Celso Amorim ouviu ontem do presidente boliviano, Evo Morales, um pedido para agilizar as negociações em torno dos termos da nacionalização e do preço do produto exportado ao Brasil.
Após o encontro com Morales, Amorim voltou a dizer que não entrará nas negociações sobre o gás, mas disse que concorda em que o tema tenha um "enquadramento político".
"Não sou técnico, não tenho as matrizes de custo-benefício", disse Amorim, ao ser questionado sobre o preço do gás, em entrevista coletiva no Palácio Quemado. Havia a expectativa da presença de Morales, mas compareceu apenas o colega boliviano, David Choquehuanca.
O governo brasileiro tem deixado claro que a negociação sobre o gás cabe à Petrobras, mas a Bolívia tem afirmado que prefere uma negociação entre Estados -- portanto, mais política do que empresarial.
De concreto e fora do tema do gás, Brasil e Bolívia criaram dois grupos de trabalho para acompanhar os temas migratório e agrário, tendo em vista a reforma fundiária anunciada pelo governo boliviano, que deve afetar brasileiros na fronteira amazônica e, em menor escala, os sojicultores brasileiros radicados em Santa Cruz.
A preocupação maior do Itamaraty é com os brasileiros na faixa de fronteira, onde, de acordo com a Constituição, os estrangeiros estão proibidos de ter propriedades. O chanceler Choquehuanca disse que os brasileiros e os bolivianos que ocupam terras de forma ilegal serão retirados, mas evitou falar em expulsão do país.
O governo boliviano disse ontem que o país tem menos gás do que o que se pensava e acusou a empresa norte-americana De Golyer & MacNaughton, contratada para fazer o levantamento, de ter "superestimado" as reservas por meio de "dados falsos". O contrato teria sido rescindido há duas semanas.
"O importante é que nos deram dados falsos", disse o presidente da YPFB (estatal boliviana), Jorge Alvarado, em entrevista coletiva. Ele disse que não sabe em quanto os dados estão supervalorizados. A Bolívia é considerada a segunda maior reserva de gás da América do Sul, atrás apenas da Venezuela.
No último informe da De Golyer & MacNaughton, de maio de 2005, a Bolívia teria reservas globais de 48,7 trilhões de pés cúbicos, dos quais 26,7 trilhões eram provadas, e o restante, prováveis.
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Após o encontro com Morales, Amorim voltou a dizer que não entrará nas negociações sobre o gás, mas disse que concorda em que o tema tenha um "enquadramento político".
"Não sou técnico, não tenho as matrizes de custo-benefício", disse Amorim, ao ser questionado sobre o preço do gás, em entrevista coletiva no Palácio Quemado. Havia a expectativa da presença de Morales, mas compareceu apenas o colega boliviano, David Choquehuanca.
O governo brasileiro tem deixado claro que a negociação sobre o gás cabe à Petrobras, mas a Bolívia tem afirmado que prefere uma negociação entre Estados -- portanto, mais política do que empresarial.
De concreto e fora do tema do gás, Brasil e Bolívia criaram dois grupos de trabalho para acompanhar os temas migratório e agrário, tendo em vista a reforma fundiária anunciada pelo governo boliviano, que deve afetar brasileiros na fronteira amazônica e, em menor escala, os sojicultores brasileiros radicados em Santa Cruz.
A preocupação maior do Itamaraty é com os brasileiros na faixa de fronteira, onde, de acordo com a Constituição, os estrangeiros estão proibidos de ter propriedades. O chanceler Choquehuanca disse que os brasileiros e os bolivianos que ocupam terras de forma ilegal serão retirados, mas evitou falar em expulsão do país.
O governo boliviano disse ontem que o país tem menos gás do que o que se pensava e acusou a empresa norte-americana De Golyer & MacNaughton, contratada para fazer o levantamento, de ter "superestimado" as reservas por meio de "dados falsos". O contrato teria sido rescindido há duas semanas.
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