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01/06/2006
-
09h18
CÍNTIA CARDOSO
da Folha de S.Paulo
Apesar de o termo Bric colocar o Brasil ao lado da Rússia, da Índia e da China, o desempenho da economia brasileira ficou aquém daquele observado entre os seus pares. Na comparação com outros países emergentes, o Brasil também sai perdendo.
No primeiro trimestre deste ano, enquanto o PIB brasileiro cresceu 3,4% ante o mesmo período de 2005, o russo teve uma expansão de 4,6%. Já as economias indiana e chinesa cresceram 9,3% e 10,3%, respectivamente.
Na lista de obstáculos à frente do Brasil, economistas ouvidos pela Folha apontam as taxas de juros mais elevadas que a dos demais países em desenvolvimento, a carga tributária pesada, que leva 38% do PIB, e arcabouços regulatórios considerados confusos pelos investidores internacionais.
A economista-chefe do BES Investimento, Sandra Utsumi, argumenta também que o perfil da economia brasileira reúne algumas características negativas dos países desenvolvidos --legislação trabalhista pouco flexível e o fardo da Previdência Social nas contas públicas, por exemplo-- e ineficiências típicas de países em fase de desenvolvimento. Diante disso, diz Utsumi: "Para o histórico recente brasileiro, o resultado foi bom, mas acabou evidenciando as restrições ao crescimento brasileiro em relação a outros emergentes".
Ao fazer uma análise da economia brasileira, o autor do termo Bric, o economista do Goldman Sachs Jim O'Neill, destacou alguns elementos que atravancam a economia brasileira. "A dívida externa, a corrupção, a regulamentação e a estabilidade política são itens nos quais o Brasil precisa trabalhar mais", disse. Mesmo com a ressalva, O'Neill enfatiza que o país ainda merece pertencer ao grupo Bric.
Setor externo
Uma dificuldade conjuntural também ajuda a explicar o desempenho mais modesto ante os demais emergentes. Na comparação pontual com países asiáticos como a Malásia, a Indonésia e a Coréia do Sul, dá para observar que a taxa de câmbio desvalorizada ajuda as exportações desses países. Com isso, eles conseguem se beneficiar mais do crescimento da economia mundial e acelerar o crescimento do PIB.
No caso da Índia, foi o dinamismo do setor de manufaturados e o impulso das exportações que alavancaram o PIB do primeiro trimestre deste ano.
Já o Brasil, mesmo com as recentes altas da cotação do dólar, ainda sente o efeito da apreciação cambial. "Neste ano, não são as exportações que vão comandar o crescimento do Brasil. No segundo trimestre, o câmbio causará um efeito de baixa mais forte nas vendas externas", afirmou Alex Agostini, da consultoria Austin Rating.
Sem inveja
A comparação com países de porte semelhante ao do Brasil suscita o debate sobre a possibilidade de a economia brasileira conseguir acompanhar o ritmo das economias asiáticas. Os economistas afirmam que, como o Brasil começou a crescer bem antes desses países, a tendência natural é a de ter hoje taxas de crescimento menores.
Para O'Neill, uma meta desejável para o Brasil é manter uma média anual constante de 3,7% pelas próximas décadas.
A avaliação da economista do BES Investimento é semelhante: "Não adianta o Brasil ter surtos de alto crescimento que não conseguirão se sustentar".
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Brics
Brasil tem menor crescimento entre os "Brics"
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da Folha de S.Paulo
Apesar de o termo Bric colocar o Brasil ao lado da Rússia, da Índia e da China, o desempenho da economia brasileira ficou aquém daquele observado entre os seus pares. Na comparação com outros países emergentes, o Brasil também sai perdendo.
No primeiro trimestre deste ano, enquanto o PIB brasileiro cresceu 3,4% ante o mesmo período de 2005, o russo teve uma expansão de 4,6%. Já as economias indiana e chinesa cresceram 9,3% e 10,3%, respectivamente.
Na lista de obstáculos à frente do Brasil, economistas ouvidos pela Folha apontam as taxas de juros mais elevadas que a dos demais países em desenvolvimento, a carga tributária pesada, que leva 38% do PIB, e arcabouços regulatórios considerados confusos pelos investidores internacionais.
A economista-chefe do BES Investimento, Sandra Utsumi, argumenta também que o perfil da economia brasileira reúne algumas características negativas dos países desenvolvidos --legislação trabalhista pouco flexível e o fardo da Previdência Social nas contas públicas, por exemplo-- e ineficiências típicas de países em fase de desenvolvimento. Diante disso, diz Utsumi: "Para o histórico recente brasileiro, o resultado foi bom, mas acabou evidenciando as restrições ao crescimento brasileiro em relação a outros emergentes".
Ao fazer uma análise da economia brasileira, o autor do termo Bric, o economista do Goldman Sachs Jim O'Neill, destacou alguns elementos que atravancam a economia brasileira. "A dívida externa, a corrupção, a regulamentação e a estabilidade política são itens nos quais o Brasil precisa trabalhar mais", disse. Mesmo com a ressalva, O'Neill enfatiza que o país ainda merece pertencer ao grupo Bric.
Setor externo
Uma dificuldade conjuntural também ajuda a explicar o desempenho mais modesto ante os demais emergentes. Na comparação pontual com países asiáticos como a Malásia, a Indonésia e a Coréia do Sul, dá para observar que a taxa de câmbio desvalorizada ajuda as exportações desses países. Com isso, eles conseguem se beneficiar mais do crescimento da economia mundial e acelerar o crescimento do PIB.
No caso da Índia, foi o dinamismo do setor de manufaturados e o impulso das exportações que alavancaram o PIB do primeiro trimestre deste ano.
Já o Brasil, mesmo com as recentes altas da cotação do dólar, ainda sente o efeito da apreciação cambial. "Neste ano, não são as exportações que vão comandar o crescimento do Brasil. No segundo trimestre, o câmbio causará um efeito de baixa mais forte nas vendas externas", afirmou Alex Agostini, da consultoria Austin Rating.
Sem inveja
A comparação com países de porte semelhante ao do Brasil suscita o debate sobre a possibilidade de a economia brasileira conseguir acompanhar o ritmo das economias asiáticas. Os economistas afirmam que, como o Brasil começou a crescer bem antes desses países, a tendência natural é a de ter hoje taxas de crescimento menores.
Para O'Neill, uma meta desejável para o Brasil é manter uma média anual constante de 3,7% pelas próximas décadas.
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