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01/06/2006
-
09h14
FERNANDO CANZIAN
da Folha de S.Paulo
A atual combinação entre cenários interno e externo favoráveis colocam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em posição mais confortável que seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, no projeto de reeleição do petista.
Por méritos próprios e por um forte empurrão externo, segundo especialistas, Lula vem governando sob uma taxa de juros real (descontada a inflação) equivalente à metade da média do primeiro mandato de FHC: 9,8% entre 2000 e 2006, contra 21,5% entre 1995 e 98.
Além de ter feito uma poupança consistente em seu mandato para pagar juros da dívida interna (os superávits primários), a economia sob Lula teve um vento a favor externo não sentido em mais de 30 anos.
A liquidez internacional e o forte crescimento de emergentes como China e Índia elevaram o fluxo de dólares para o Brasil via aplicações financeiras e exportações, abrindo espaço para ajustes internos.
Confirmadas as projeções de crescimento mundial deste ano do FMI (Fundo Monetário Internacional), o mundo terá crescido 4,75%, em média, nos anos em que Lula governou o Brasil. Será o melhor quadriênio internacional desde 1973.
"Os cenários externo e interno de 2006 são muito melhores que os de 1998 e mesmo em relação aos de 2002", afirma Alexandre Bassoli, economista-chefe do banco HSBC.
Na prática, a primeira crise externa do governo Lula foi sentida nos últimos dias, com turbulências na Bolsa e no câmbio. A maioria das análises indica que ela será passageira.
Já FHC sentiu, em plena campanha à reeleição, em 1998, os efeitos da crise na Ásia e na Rússia. Reeleito, teve de pedir dinheiro ao FMI e passou boa parte de seu mandato no papel que prometeu não assumir: o de "gerente da crise".
No segundo mandato, FHC teve de enfrentar os efeitos do estouro da "bolha" da internet (2000) e dos escândalos corporativos nos EUA e da crise argentina (2001). Em 2002, entregou o país a Lula com o dólar beirando R$ 4,00 e com o maior endividamento da história com o FMI. Coube a Lula pagar a dívida, usando a atual abundância de dólares.
"Lula não teve nada significativo contra ele no plano externo. E, internamente, vem tomando várias medidas para alavancar a economia", afirma o norte-americano David Fleischer, cientista político da Universidade de Brasília.
Fleischer cita os quase R$ 9 bilhões do Bolsa-Família, os R$ 10 bilhões do Pronaf (Programa nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), os cerca de R$ 20 bilhões em investimentos previstos para 2006 e um aumento para o funcionalismo que pode chegar a R$ 3,5 bilhões como alguns dos "estímulos" que o Lula candidato vem dando à economia.
Segundo Guilherme Maia, economista da consultoria Tendências, as projeções do PIB até o final de 2006 indicam que a maior parte do crescimento virá do consumo interno. Ele cita os programas sociais e a proliferação do crédito como fatores importantes para esse crescimento.
No PIB do primeiro trimestre, dentre os componentes da demanda interna, o "consumo das famílias" alcançou a taxa positiva de 4%.
"São ótimas notícias para o presidente", diz Maia. Ele ressalta que o PIB trimestral registrou crescimento de 9% na "formação bruta de capital fixo" (investimentos), o que afasta em boa medida o temor de pressões inflacionárias provocadas por mais demanda.
"Com um cenário de queda de juros (a taxa básica caiu mais 0,5 ponto ontem), a dinâmica do PIB tende a aumentar até o final do ano", afirma José Marcio Camargo, economista da PUC-Rio. "Para um país como o Brasil, uma taxa anual próxima a 4% é ótima", afirma.
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Cenários interno e externo alavancam Lula
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da Folha de S.Paulo
A atual combinação entre cenários interno e externo favoráveis colocam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em posição mais confortável que seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, no projeto de reeleição do petista.
Por méritos próprios e por um forte empurrão externo, segundo especialistas, Lula vem governando sob uma taxa de juros real (descontada a inflação) equivalente à metade da média do primeiro mandato de FHC: 9,8% entre 2000 e 2006, contra 21,5% entre 1995 e 98.
Além de ter feito uma poupança consistente em seu mandato para pagar juros da dívida interna (os superávits primários), a economia sob Lula teve um vento a favor externo não sentido em mais de 30 anos.
A liquidez internacional e o forte crescimento de emergentes como China e Índia elevaram o fluxo de dólares para o Brasil via aplicações financeiras e exportações, abrindo espaço para ajustes internos.
Confirmadas as projeções de crescimento mundial deste ano do FMI (Fundo Monetário Internacional), o mundo terá crescido 4,75%, em média, nos anos em que Lula governou o Brasil. Será o melhor quadriênio internacional desde 1973.
"Os cenários externo e interno de 2006 são muito melhores que os de 1998 e mesmo em relação aos de 2002", afirma Alexandre Bassoli, economista-chefe do banco HSBC.
Na prática, a primeira crise externa do governo Lula foi sentida nos últimos dias, com turbulências na Bolsa e no câmbio. A maioria das análises indica que ela será passageira.
Já FHC sentiu, em plena campanha à reeleição, em 1998, os efeitos da crise na Ásia e na Rússia. Reeleito, teve de pedir dinheiro ao FMI e passou boa parte de seu mandato no papel que prometeu não assumir: o de "gerente da crise".
No segundo mandato, FHC teve de enfrentar os efeitos do estouro da "bolha" da internet (2000) e dos escândalos corporativos nos EUA e da crise argentina (2001). Em 2002, entregou o país a Lula com o dólar beirando R$ 4,00 e com o maior endividamento da história com o FMI. Coube a Lula pagar a dívida, usando a atual abundância de dólares.
"Lula não teve nada significativo contra ele no plano externo. E, internamente, vem tomando várias medidas para alavancar a economia", afirma o norte-americano David Fleischer, cientista político da Universidade de Brasília.
Fleischer cita os quase R$ 9 bilhões do Bolsa-Família, os R$ 10 bilhões do Pronaf (Programa nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), os cerca de R$ 20 bilhões em investimentos previstos para 2006 e um aumento para o funcionalismo que pode chegar a R$ 3,5 bilhões como alguns dos "estímulos" que o Lula candidato vem dando à economia.
Segundo Guilherme Maia, economista da consultoria Tendências, as projeções do PIB até o final de 2006 indicam que a maior parte do crescimento virá do consumo interno. Ele cita os programas sociais e a proliferação do crédito como fatores importantes para esse crescimento.
No PIB do primeiro trimestre, dentre os componentes da demanda interna, o "consumo das famílias" alcançou a taxa positiva de 4%.
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"Com um cenário de queda de juros (a taxa básica caiu mais 0,5 ponto ontem), a dinâmica do PIB tende a aumentar até o final do ano", afirma José Marcio Camargo, economista da PUC-Rio. "Para um país como o Brasil, uma taxa anual próxima a 4% é ótima", afirma.
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