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22/06/2006
-
09h00
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
da Folha de S.Paulo
"Quem quiser voltar ao Brasil que compre passagem em outra companhia." Foi essa a informação dada ontem a passageiros e à Folha no guichê da Varig no aeroporto JFK, em Nova York.
"A Varig faliu. Já era. Ninguém dá nenhuma satisfação. Ninguém quer falar. É um desamparo", diz Elaine Canelada, 34, que desde domingo espera para embarcar para São Paulo. "O pior é que eles continuam emitindo bilhetes", completa. Ela conta ainda ter conseguido, em vão, reserva na Delta Airlines, dada no escritório da Varig no Empire State Building. "Só que a Delta não recebe."
Também com passagem da companhia americana, a paulista Patrícia Pacini, 35, esperava desde anteontem. "Não tem vôo. Ninguém vai embarcar. Ninguém volta mais ao Brasil."
De repente, no saguão do aeroporto, um grito. Em crise nervosa, uma mulher, que chora, é amparada por brasileiros que também não conseguem voar.
"Não tenho para onde ir. Estou em pânico, meu vôo era ontem pela manhã. Meu Deus, ajude-me. Nunca pensei que fosse ter um pesadelo desses", conta a gaúcha Marília Costa Mattos, 44, que tentava voltar para Porto Alegre.
O drama, no entanto, não era só dos brasileiros. Famílias paraguaias se queixavam da falta de assistência. Antolina Yaffar, 72, e o marido, Basilicio, 69, diabético, tinham sete passagens em mãos, inclusive para crianças de 6 e 7 anos. Outra paraguaia, Leonidas Silveira, 40, queixa-se em guarani. A reportagem não entende, pede para traduzirem. Queria voltar a Assunção, também com sete passagens para marido e filhos pequenos e pré-adolescentes.
Vergonha
"Também sou paraguaia, quero falar", diz Aida Sosa, 52, que tentava voltar a seu país via São Paulo com os netos Isidro Rodriguez, 11, e Jorge Luis, 20. "Que vergonha para o Brasil."
"Ligamos no consulado. Dizem que não podem obrigar a Varig a voar nem podem nos dar dinheiro", reclama Jânio Vital, 40, na insistência de voltar a Belo Horizonte com cinco parentes.
"Não deram solução nenhuma. Mandaram-me para a TAM, mas disseram que, como a Varig não pagou a conta, não aceitariam mais", relata o brasileiro Sérgio Couto, 34. Tentava à toa voltar a São Paulo com mulher e duas filhas crianças.
Passageiros se queixam de que a Varig não paga hotel, transporte nem refeição a quem espera voltar ao Brasil ou precisar regressar a Manhattan. "Não tem dinheiro", diz um funcionário da companhia. A única esperança ontem ainda era a TAM. A empresa fazia reserva para lista de espera. Mas só para os tivessem bilhetes endossáveis, o que não era o caso da maioria. Quem se dispôs a pagar US$ 900 (R$ 2.000) conseguiu voltar ontem nos vôos noturnos de outras aéreas.
Especial
Confira a cobertura completa da crise da Varig
Passageiro nos EUA fica sem assistência
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da Folha de S.Paulo
"Quem quiser voltar ao Brasil que compre passagem em outra companhia." Foi essa a informação dada ontem a passageiros e à Folha no guichê da Varig no aeroporto JFK, em Nova York.
"A Varig faliu. Já era. Ninguém dá nenhuma satisfação. Ninguém quer falar. É um desamparo", diz Elaine Canelada, 34, que desde domingo espera para embarcar para São Paulo. "O pior é que eles continuam emitindo bilhetes", completa. Ela conta ainda ter conseguido, em vão, reserva na Delta Airlines, dada no escritório da Varig no Empire State Building. "Só que a Delta não recebe."
Também com passagem da companhia americana, a paulista Patrícia Pacini, 35, esperava desde anteontem. "Não tem vôo. Ninguém vai embarcar. Ninguém volta mais ao Brasil."
De repente, no saguão do aeroporto, um grito. Em crise nervosa, uma mulher, que chora, é amparada por brasileiros que também não conseguem voar.
"Não tenho para onde ir. Estou em pânico, meu vôo era ontem pela manhã. Meu Deus, ajude-me. Nunca pensei que fosse ter um pesadelo desses", conta a gaúcha Marília Costa Mattos, 44, que tentava voltar para Porto Alegre.
O drama, no entanto, não era só dos brasileiros. Famílias paraguaias se queixavam da falta de assistência. Antolina Yaffar, 72, e o marido, Basilicio, 69, diabético, tinham sete passagens em mãos, inclusive para crianças de 6 e 7 anos. Outra paraguaia, Leonidas Silveira, 40, queixa-se em guarani. A reportagem não entende, pede para traduzirem. Queria voltar a Assunção, também com sete passagens para marido e filhos pequenos e pré-adolescentes.
Vergonha
"Também sou paraguaia, quero falar", diz Aida Sosa, 52, que tentava voltar a seu país via São Paulo com os netos Isidro Rodriguez, 11, e Jorge Luis, 20. "Que vergonha para o Brasil."
"Ligamos no consulado. Dizem que não podem obrigar a Varig a voar nem podem nos dar dinheiro", reclama Jânio Vital, 40, na insistência de voltar a Belo Horizonte com cinco parentes.
"Não deram solução nenhuma. Mandaram-me para a TAM, mas disseram que, como a Varig não pagou a conta, não aceitariam mais", relata o brasileiro Sérgio Couto, 34. Tentava à toa voltar a São Paulo com mulher e duas filhas crianças.
Passageiros se queixam de que a Varig não paga hotel, transporte nem refeição a quem espera voltar ao Brasil ou precisar regressar a Manhattan. "Não tem dinheiro", diz um funcionário da companhia. A única esperança ontem ainda era a TAM. A empresa fazia reserva para lista de espera. Mas só para os tivessem bilhetes endossáveis, o que não era o caso da maioria. Quem se dispôs a pagar US$ 900 (R$ 2.000) conseguiu voltar ontem nos vôos noturnos de outras aéreas.
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