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23/06/2006 - 14h27

Empresários se unem para propor ações para melhoria da educação

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FABIANA FUTEMA
Enviada Especial da Folha Online a Mata do São João (BA)

Insatisfeita com a gestão pública da educação, parte do empresariado brasileiro decidiu colocar a mão na massa e criar ações para elevar o nível do ensino do país. Mais do que investir na qualidade e capacitação da mão-de-obra de suas próprias fábricas, o empresariado diz que aplicar em educação ajuda a acelerar o crescimento econômico e social do país.

'Se dependermos apenas do governo, não chegaremos lá. Estou aflito com o pouco crescimento do país', disse Jorge Paulo Lemann, presidente da Fundação Lemann.

Entre os pontos considerados críticos por Lemann está o baixo crescimento econômico do país, inferior à taxa média da América Latina e do mundo. 'Se continuarmos assim, vamos perder a corrida da eficiência e da competência no mundo globalizado. Se não atacarmos o problema, nosso crescimento será inadequado.'

Para romper com esse ciclo de baixo crescimento econômico, Lemann defende investimentos na educação, que, segundo ele, é a melhor ferramenta para acabar com a desigualdade do país. 'Nosso nível de empreendedorismo [na área de responsabilidade social em educação] ainda é restrito a poucos.'

O presidente da Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, disse que o 'retorno social e econômico do investimento em educação é incomensurável'. Como exemplo, Gerdau mencionou que investir na capacitação de um professor reflete no ensino de pelo menos 40 alunos --referência à quantidade de estudantes por sala de aula. 'Que investimento dá um retorno como esse? Investir em educação é o melhor investimento que se pode fazer.'

No entanto, segundo Gerdau, educação e saúde --que seriam as duas áreas mais importantes-- são as mais mal administradas. 'Isso mostra a falta de inteligência da sociedade.'

Elite

Para Gerdau, a culpa pela má qualidade da educação é da elite. 'De qualquer elite: da elite econômica, social, acadêmica, política ou sindical. Falta indignação à sociedade.'

Segundo ele, a construção da própria democracia depende da melhora da educação. 'Só se constrói uma verdadeira democracia com igualdade de oportunidades. E essa igualdade se dá pela educação.'

Ana Maria Diniz, sócia da Axialent --empresa de consultoria especializada em desenvolvimento humano-- e filha de Abílio Diniz, diz que a elite começou a fazer a sua parte. 'A sociedade se conscientizou que todos se beneficiam com o desenvolvimento e melhora da educação.'

Na sua opinião, o empresário também tomou consciência de seu papel na área social. 'Como pessoa pública, que circula e ajuda a difundir idéias, o empresário tem um papel social a cumprir.'

Para o presidente do grupo Suzano, David Feffer, o investimento em educação contribui para o futuro dos filhos e netos da população. 'Saímos de um mundo fechado para um mundo moderno e colaborativo.'

Paulo Cunha, do grupo Ultra, disse que a maior ajuda que o empresário pode dar para a melhora na educação é transferindo a competência da gestão privada para o setor público. 'Não é só com dinheiro que devemos ajudar. O empresário sabe fazer acontecer, sabe articular pessoas e recursos para atingir seus objetivos. O ensino público precisa de competência gerencial.'

Conferência

Lemann, Gerdau, Feffer, Diniz e Cunha fazem parte de um grupo de cerca de 100 empresários que participam da conferência internacional Ações de Responsabilidade Social em Educação: Melhores Práticas na América Latina, que acontece até amanhã na Bahia.

'Quando é que alguém imaginou que empresários dos setores mais importantes do país sairiam de seus escritórios para debater educação? Isso dá uma idéia da mudança de mentalidade do empresariado', disse Feffer.

*A jornalista viajou a convite da Fundação Lemann

Especial
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