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27/06/2006
-
09h54
JULIANA GARÇON
da Folha de S.Paulo
Concursos de projetos com prêmios em dinheiro e em produtos, treinamentos, slogans, divulgação e horas livres no expediente. Mecanismos tipicamente usados para estimular a performance de vendas e de outras áreas "agressivas" começam a aparecer também nos programas corporativos de estímulo ao voluntariado.
De acordo com gestores e consultores, as companhias percebem, na adesão de funcionários a serviços voluntários --ações não remuneradas em escolas, hospitais e organizações não-governamentais--, um meio de aperfeiçoar habilidades como liderança e trabalho em equipe. "Um programa estruturado traz a oportunidade de treinar os funcionários", afirma Andrea Goldschmidt, da consultoria Apoena Social.
Rosangela Coelho, assessora de responsabilidade social da Embraco, confirma: "Muitos funcionários desenvolvem habilidades que os tornam mais qualificados para suas funções, como capacidade de lidar com desafios e situações novas".
Há ainda elevação da produtividade, com aumento da motivação dos empregados. "Empresas que se envolvem em projetos sociais tendem a reduzir a rotatividade e aumentam o compromisso de empregados e "stakeholders" com a corporação", diz Silvina Ramal, professora da FGV Management.
Para o gerente de programas especiais da Fundação Belgo, Leonardo Gloor, a maior motivação dos empregados "favorece o clima organizacional e melhora a relação da empresa com a comunidade". Sirlene Toledo, executiva de relações comunitárias da IBM, vê "elevação da qualidade do capital humano" em virtude do estímulo ao trabalho em grupo e da melhora da auto-estima do funcionário, que se sente útil à sociedade.
"Faz a empresa crescer aos nossos olhos", diz Raquel Casimiro, analista contábil da Bunge que conta histórias, numa escola estadual de São Paulo, para os alunos da 1ª à 4ª série, a fim de incentivar a leitura e elevar o interesse pela aula.
Sintonia
Pesquisa do Ipea sobre ação social, publicada em novembro de 2001, indica que um terço das empresas brasileiras incentiva, de alguma forma, ações de voluntariado por parte de seus empregados. Nas empresas com mais de cem funcionários, o índice sobe para 40%.
Conforme Anna Peliano, diretora de estudos sociais do instituto, as companhias afirmaram que o engajamento em atividades voluntárias leva à preferência em processos de contratação e em promoções. "As empresas informaram que os funcionários ficaram mais sintonizados com a missão da companhia. E que houve melhora no relacionamento dos empregados com as chefias."
Parte das companhias libera os funcionários para ações voluntárias por algumas horas durante o expediente, como a Phillips. Luiz Delboux, analista de marketing de relacionamento da empresa, dispõe de 4 horas mensais para ir a uma escola pública atuar na conscientização de estudantes sobre a sexualidade. "E a empresa paga nosso transporte até lá."
Algumas empresas selecionam as iniciativas a serem apoiadas. A TRW, por exemplo, adotou um projeto de profissionalização na Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais): instalou uma linha de montagem na instituição e libera algumas horas de expediente para que os funcionários ensinem os aprendizes.
Outras incentivam os empregados a apresentar os projetos com os quais se identificam para obter o benefício de horas livres, apoio material e, em algumas vezes, prêmios revertidos para as entidades apoiadas.
É o caso do Carrefour, que instituiu prêmios num total de R$ 31,5 mil. No Wal Mart, a recompensa chega a R$ 50 mil. Nos dois, os voluntários concorrem, mas são as entidades que levam os recursos. Na IBM, ao completar 40 horas de ação voluntária, o funcionário ganha equipamentos para a instituição atendida. Na Alcoa, 50 horas de voluntariado fora do expediente valem uma doação de US$ 250 à instituição.
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Premiações ajudam a "empurrar" voluntários
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da Folha de S.Paulo
Concursos de projetos com prêmios em dinheiro e em produtos, treinamentos, slogans, divulgação e horas livres no expediente. Mecanismos tipicamente usados para estimular a performance de vendas e de outras áreas "agressivas" começam a aparecer também nos programas corporativos de estímulo ao voluntariado.
De acordo com gestores e consultores, as companhias percebem, na adesão de funcionários a serviços voluntários --ações não remuneradas em escolas, hospitais e organizações não-governamentais--, um meio de aperfeiçoar habilidades como liderança e trabalho em equipe. "Um programa estruturado traz a oportunidade de treinar os funcionários", afirma Andrea Goldschmidt, da consultoria Apoena Social.
Rosangela Coelho, assessora de responsabilidade social da Embraco, confirma: "Muitos funcionários desenvolvem habilidades que os tornam mais qualificados para suas funções, como capacidade de lidar com desafios e situações novas".
Há ainda elevação da produtividade, com aumento da motivação dos empregados. "Empresas que se envolvem em projetos sociais tendem a reduzir a rotatividade e aumentam o compromisso de empregados e "stakeholders" com a corporação", diz Silvina Ramal, professora da FGV Management.
Para o gerente de programas especiais da Fundação Belgo, Leonardo Gloor, a maior motivação dos empregados "favorece o clima organizacional e melhora a relação da empresa com a comunidade". Sirlene Toledo, executiva de relações comunitárias da IBM, vê "elevação da qualidade do capital humano" em virtude do estímulo ao trabalho em grupo e da melhora da auto-estima do funcionário, que se sente útil à sociedade.
"Faz a empresa crescer aos nossos olhos", diz Raquel Casimiro, analista contábil da Bunge que conta histórias, numa escola estadual de São Paulo, para os alunos da 1ª à 4ª série, a fim de incentivar a leitura e elevar o interesse pela aula.
Sintonia
Pesquisa do Ipea sobre ação social, publicada em novembro de 2001, indica que um terço das empresas brasileiras incentiva, de alguma forma, ações de voluntariado por parte de seus empregados. Nas empresas com mais de cem funcionários, o índice sobe para 40%.
Conforme Anna Peliano, diretora de estudos sociais do instituto, as companhias afirmaram que o engajamento em atividades voluntárias leva à preferência em processos de contratação e em promoções. "As empresas informaram que os funcionários ficaram mais sintonizados com a missão da companhia. E que houve melhora no relacionamento dos empregados com as chefias."
Parte das companhias libera os funcionários para ações voluntárias por algumas horas durante o expediente, como a Phillips. Luiz Delboux, analista de marketing de relacionamento da empresa, dispõe de 4 horas mensais para ir a uma escola pública atuar na conscientização de estudantes sobre a sexualidade. "E a empresa paga nosso transporte até lá."
Algumas empresas selecionam as iniciativas a serem apoiadas. A TRW, por exemplo, adotou um projeto de profissionalização na Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais): instalou uma linha de montagem na instituição e libera algumas horas de expediente para que os funcionários ensinem os aprendizes.
Outras incentivam os empregados a apresentar os projetos com os quais se identificam para obter o benefício de horas livres, apoio material e, em algumas vezes, prêmios revertidos para as entidades apoiadas.
É o caso do Carrefour, que instituiu prêmios num total de R$ 31,5 mil. No Wal Mart, a recompensa chega a R$ 50 mil. Nos dois, os voluntários concorrem, mas são as entidades que levam os recursos. Na IBM, ao completar 40 horas de ação voluntária, o funcionário ganha equipamentos para a instituição atendida. Na Alcoa, 50 horas de voluntariado fora do expediente valem uma doação de US$ 250 à instituição.
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