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07/07/2006
-
17h33
IVONE PORTES
da Folha Online
O projeto de lei que prevê a adição de amido de mandioca à farinha de trigo vem causando mobilização entre os empresários do setor de panificação, que são "totalmente" contra a medida.
O "Promandioca", de autoria do presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), quer tornar obrigatória a adição de até 10% de amido de mandioca à farinha de trigo.
Em Belo Horizonte (MG), empresários e profissionais do setor aproveitam a realização do Minas Pão 2006 (Feira Nacional de Panificação, Confeitaria e Sorveteria) para protestar contra o "Promandioca".
Um abaixo-assinado e dezenas de faixas na entrada da feira, que está em seu último dia, deixam clara a posição das lideranças do setor.
Segundo o presidente do Sip-MG (Sindicato das Indústrias de Panificação de Minas Gerais), Luiz Carlos Xavier Carneiro, cerca de 20 mil assinaturas devem ser colhidas no abaixo-assinado até o final da feira, às 22h desta sexta-feira.
"Se o projeto do deputado Aldo Rebelo for aprovado, vai prejudicar a qualidade do pão francês", diz.
Antônio de Pádua, presidente da Amip (Associação Mineira da Indústria da Panificação), afirma que "laudos técnicos" demonstram que haverá perda na qualidade do pão com a mistura. Isso porque o ponto de cozimento e capacidade da absorção de água são diferentes para o pão produzido com farinha de trigo e o que leva amido de mandioca.
São Paulo
O presidente do Sindipan (Sindicato da Indústria de Panificação de São Paulo), Antero José Pereira, ressalta que a mistura provocará também alteração no sabor do pãozinho brasileiro, que hoje é "um dos melhores do mundo". "Somos totalmente contrários a esse projeto", disse.
Um dos argumentos para a criação do projeto é a busca na autonomia em relação à farinha de trigo --usada na produção de pães, macarrão, biscoitos e derivados. Para Pereira, entretanto, ele visa apenas estimular a produção de mandioca, já que conta com "apoio principalmente de deputados de Estados produtores da mandioca".
"O setor mandioqueiro tem outras formas de aumentar o consumo do produto. Já se cogitou até a possibilidade de fabricar álcool de mandioca."
O presidente do Sindipan considera ainda que a população deveria ser consultada sobre essa medida. "Alguém perguntou para a população se ela quer essa mistura?"
O Sindipan inicia hoje em São Paulo a mobilização contra o projeto do presidente da Câmara, durante um jantar nesta noite pelo Dia dos Panificadores, comemorado no dia 8 de julho. No local do evento, foram colocadas duas faixas com os seguintes dizeres: "A panificação paulista repudia o projeto de lei do deputado Aldo Rebelo" e " Não à obrigatoriedade da adição de farinha de mandioca ao pão francês".
Pereira afirmou ainda que o sindicato enviará cartazes e faixas às padarias com mensagens alertando a população sobre o projeto e que durante a Fipan 2006 (feira internacional de panificações e confeitarias), que acontece de 25 a 28 de julho, em São Paulo, serão colhidas assinaturas dos panificadores contra o "Promandioca".
Outro lado
O presidente da Abam (Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca), Hermes Campos Teixeira, discorda dos panificadores.
Segundo ele, o amido de mandioca é um "produto fino, branco, 100% natural, muito mais limpo" do que o trigo, e a mistura não "comprometerá a qualidade do pão francês".
"Laudos da Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária] e de vários outros órgãos de pesquisa, demonstram que não há nenhuma perda de qualidade no pãozinho produzido a partir da mistura da fécula de mandioca com farinha de trigo", afirma.
Além disso, segundo Teixeira, o pão francês produzido a partir desta mistura dura cerca de 3,5 horas a mais do que o pãozinho tradicional. Ou seja, demora mais tempo para "murchar".
"Hoje, 80% do trigo consumido no Brasil é importado. Precisamos valorizar o produto nacional."
Teixeira disse ainda que um moinho de trigo do Paraná há seis anos já faz essa mistura e distribui o produto nas panificadoras da região.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre o Promandioca
Panificadores protestam contra adição de mandioca à farinha de trigo
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da Folha Online
O projeto de lei que prevê a adição de amido de mandioca à farinha de trigo vem causando mobilização entre os empresários do setor de panificação, que são "totalmente" contra a medida.
O "Promandioca", de autoria do presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), quer tornar obrigatória a adição de até 10% de amido de mandioca à farinha de trigo.
Em Belo Horizonte (MG), empresários e profissionais do setor aproveitam a realização do Minas Pão 2006 (Feira Nacional de Panificação, Confeitaria e Sorveteria) para protestar contra o "Promandioca".
Um abaixo-assinado e dezenas de faixas na entrada da feira, que está em seu último dia, deixam clara a posição das lideranças do setor.
Segundo o presidente do Sip-MG (Sindicato das Indústrias de Panificação de Minas Gerais), Luiz Carlos Xavier Carneiro, cerca de 20 mil assinaturas devem ser colhidas no abaixo-assinado até o final da feira, às 22h desta sexta-feira.
"Se o projeto do deputado Aldo Rebelo for aprovado, vai prejudicar a qualidade do pão francês", diz.
Antônio de Pádua, presidente da Amip (Associação Mineira da Indústria da Panificação), afirma que "laudos técnicos" demonstram que haverá perda na qualidade do pão com a mistura. Isso porque o ponto de cozimento e capacidade da absorção de água são diferentes para o pão produzido com farinha de trigo e o que leva amido de mandioca.
São Paulo
O presidente do Sindipan (Sindicato da Indústria de Panificação de São Paulo), Antero José Pereira, ressalta que a mistura provocará também alteração no sabor do pãozinho brasileiro, que hoje é "um dos melhores do mundo". "Somos totalmente contrários a esse projeto", disse.
Um dos argumentos para a criação do projeto é a busca na autonomia em relação à farinha de trigo --usada na produção de pães, macarrão, biscoitos e derivados. Para Pereira, entretanto, ele visa apenas estimular a produção de mandioca, já que conta com "apoio principalmente de deputados de Estados produtores da mandioca".
"O setor mandioqueiro tem outras formas de aumentar o consumo do produto. Já se cogitou até a possibilidade de fabricar álcool de mandioca."
O presidente do Sindipan considera ainda que a população deveria ser consultada sobre essa medida. "Alguém perguntou para a população se ela quer essa mistura?"
O Sindipan inicia hoje em São Paulo a mobilização contra o projeto do presidente da Câmara, durante um jantar nesta noite pelo Dia dos Panificadores, comemorado no dia 8 de julho. No local do evento, foram colocadas duas faixas com os seguintes dizeres: "A panificação paulista repudia o projeto de lei do deputado Aldo Rebelo" e " Não à obrigatoriedade da adição de farinha de mandioca ao pão francês".
Pereira afirmou ainda que o sindicato enviará cartazes e faixas às padarias com mensagens alertando a população sobre o projeto e que durante a Fipan 2006 (feira internacional de panificações e confeitarias), que acontece de 25 a 28 de julho, em São Paulo, serão colhidas assinaturas dos panificadores contra o "Promandioca".
Outro lado
O presidente da Abam (Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca), Hermes Campos Teixeira, discorda dos panificadores.
Segundo ele, o amido de mandioca é um "produto fino, branco, 100% natural, muito mais limpo" do que o trigo, e a mistura não "comprometerá a qualidade do pão francês".
"Laudos da Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária] e de vários outros órgãos de pesquisa, demonstram que não há nenhuma perda de qualidade no pãozinho produzido a partir da mistura da fécula de mandioca com farinha de trigo", afirma.
Além disso, segundo Teixeira, o pão francês produzido a partir desta mistura dura cerca de 3,5 horas a mais do que o pãozinho tradicional. Ou seja, demora mais tempo para "murchar".
"Hoje, 80% do trigo consumido no Brasil é importado. Precisamos valorizar o produto nacional."
Teixeira disse ainda que um moinho de trigo do Paraná há seis anos já faz essa mistura e distribui o produto nas panificadoras da região.
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