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26/07/2006 - 15h41

Suspensão na Rodada Doha serve para "reflexão", diz Itamaraty

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PATRÍCIA ZIMMERMANN
da Folha Online, em Brasília

Depois do fracasso nas negociações da Rodada Doha da OMC (Organização Mundial do Comércio) em Genebra, no último fim-de-semana, o momento é de "reflexão" para tentar impedir que os avanços obtidos até agora em diferentes áreas por meio de ofertas apresentadas na cúpula sejam perdidos e haja um retrocesso nas relações comerciais.

A avaliação foi feita hoje pelo diretor do Departamento Econômico do Itamaraty, Roberto Carvalho de Azevêdo.

Segundo ele, apesar do impasse em Genebra, o governo brasileiro considera que houve apenas uma suspensão dos trabalhos, e não um encerramento da Rodada, e por isso, as conversas entre os representantes de vários países deverão continuar a fim de que se possa retomar as negociações. A idéia é tentar retomar as negociações da Rodada o mais rápido possível, mas o governo não sabe se isso será possível em semanas, meses ou até anos.

Ao destacar a importância da Rodada Doha e justificar a aposta do governo brasileiro nas negociações multilaterais, Azevêdo afirmou que os principais pontos que levaram ao impasse na OMC não podem ser superados em acordos bilaterais de livre comércio, pois são relativos ao apoio doméstico (subsídio à produção).

"Não adianta uma negociação manca, centrada apenas no acesso a mercados", afirmou Azevêdo, ao comentar que acordos bilaterais poderiam abrir mercados, mas a competitividade dos produtos brasileiros permaneceria comprometida por conta de subsídios e distorções, objetos do impasse na OMC.

Apesar do desejo brasileiro em tentar retomar as negociações, o diretor do Departamento Econômico do Itamaraty reconheceu que dificilmente a Rodada se encerrará dentro do prazo de 31 de dezembro, com formalização dos acordos até meados de 2007, o que decepciona o Brasil, que teria a ganhar principalmente na área agrícola.

O primeiro contato pessoal da diplomacia brasileira para tratar das perspectivas de retomar as negociações de Doha ocorrerá neste sábado, quando a representante de Comércio dos Estados Unidos, Susan Schwab será recebida no Rio de Janeiro pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

A posição dos Estados Unidos foi um dos principais motivos do impasse nas negociações na área agrícola. A oferta feita pelos americanos de reduzir seus subsídios internos à agricultura foi considerada insuficiente, pois não muda a situação atual.

Os EUA ofereceram reduzir de US$ 48,224 bilhões (limite autorizado hoje pela OMC) para R$ 20 bilhões seus subsídios à agricultura. Entretanto, apesar do elevado limite atual, somente em dois anos (1999 e 2000) o país concedeu mais de US$ 20 bilhões em subsídios, tendo mantido uma média de R$ 20 bilhões nos demais anos. Diante disso, a oferta feita nas negociações de Doha não teriam efeito prático nas relações comerciais, pois os subsídios poderiam permanecer inalterados.

Azevêdo afirmou que o encontro com Schwab não terá caráter negociador, mas será uma oportunidade de discutir o que aconteceu na Rodada Doha.

O futuro de negociações bilaterais, segundo ele, dependerá da interpretação que cada país fará sobre o impasse nas negociações. Segundo Azevêdo, os contatos entre os países envolvidos ocorrerão naturalmente, pois o acordo multilateral interessa a todos, já que todos têm alguma coisa a ganhar: uns mais outros menos.

Questionado sobre os acordos bilaterais que os Estados Unidos estariam fazendo com outros países da América Latina, Azevêdo disse que o Brasil não tem nada a perder, nem em competitividade. "Não tenho inveja dos acordos. Não são tão ambiciosos quanto o Brasil gostaria que fossem. Não assinaria nenhum deles", afirmou.

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