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04/12/2000 - 10h42

Dívidas do Natal podem azedar o Ano Novo

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SANDRA BALBI
da Folha de S. Paulo
editora do folhainvest

PAULA PAVON
da Folha de S. Paulo

Nas próximas semanas, não se deixe seduzir pelos sinos do Natal nem pelas ofertas de crédito fácil e abundante nos balcões das lojas, financeiras e nos terminais bancários. Compare preços, prazos de pagamento e taxas de juros cobradas nas diversas modalidades de crédito. Elas variam de 6,93%, em média, nas lojas a 11,17% no crédito pessoal, nas financeiras.

"Evite entrar no cheque especial, cujos juros médios são de 9,6% ao mês, e no rotativo do cartão de crédito, que tem taxa de 10,28%", alerta Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

Na hora de gastar, a nutricionista Sonia Trecco, 37, e sua sogra, Maria Elza Trecco, 65, sempre pensam duas vezes. "Já começamos a fazer as compras de Natal, mas estamos pesquisando em várias lojas", disse Sonia ao fazer as primeiras compras, semana passada, num shopping de São Paulo.

Sonia e Maria Elza afirmam que fazem questão de comparar preços. "E evito comprar parcelado para não ter de pagar juros", diz Maria Elza.

Oliveira, da Anefac, diz que "as pessoas devem fazer um orçamento para o fim do ano e não gastar mais do que podem".

Se o orçamento está apertado, pode valer mais a pena pegar um empréstimo pessoal ou fazer um crediário do que sair espalhando cheques pré-datados ou ficar pendurado no cartão de crédito. Mas cuidado com algumas "pegadinhas" ao fazer um papagaio.

"Pegadinhas"
Desconfie de quem divulga juros módicos em operações de empréstimo pessoal ou crédito para compra de bens, pois a taxa real pode estar camuflada.

Há um ano o BC vem divulgando o ranking dos juros cobrados pela área de crédito das instituições financeiras (cheque especial, empréstimo pessoal e crédito ao consumidor). O ranking está no site do BC (www.bcb.gov.br) e é atualizado diariamente.

As taxas de juros divulgadas no site do BC são uma média ponderada pelo volume das operações das instituições. Elas não coincidem com as taxas efetivamente cobradas do cliente.

No ranking, a Fininvest, por exemplo, aparece com uma taxa média de 2,98% ao mês nas operações de crédito pessoal, mas, segundo sua central de atendimento, os juros cobrados vão de 8,8% a 10,3% ao mês, dependendo do valor do empréstimo tomado.

Quem não fica bonito na fotografia divulgada pelo BC reclama. É o caso do banco Cacique, que figura no ranking com a quarta taxa de juro mais salgada da praça na concessão de crédito pessoal, com 10,69% ao mês.

"Não tenho a taxa mais alta. Tenho a taxa correta", diz Wanderley Vettore, diretor do Cacique. "Nós informamos o juro verdadeiramente praticado e somos penalizados, pois alguns concorrentes informam a taxa errada", diz.

Luiz Fernando Figueiredo, diretor de Política Monetária do BC, disse à Folha que os dados fornecidos pelas instituições financeiras são conferidos pelo BC. Mas reconhece que o ranking deixa a desejar. "Nos próximos dias, o BC incluirá no ranking as taxas mínimas e máximas praticadas pelas instituições", diz.

Para quem vai pegar empréstimo neste final de ano, vale mais a pena buscar o guichê dos bancos, cujas taxas médias são, em média, de 4,73% ao mês, do que as financeiras, que cobram 11,17%, segundo a Anefac. Mas tome cuidado para não ter de consumir algum produto financeiro "empurrado" pelo gerente ao fechar o negócio.

Em ambos os casos -bancos e financeiras-, verifique se está sendo cobrada a TAC (Taxa de Abertura de Crédito). Dependendo do valor da operação, a TAC pode jogar o juro real cobrado para o alto. "Quanto menor o valor do empréstimo, mais pesa essa taxa", diz Vettore.

O Bradesco, por exemplo, está oferecendo uma linha de crédito especial "Boas Festas", com juros de 3,30% ao mês. O banco cobra uma TAC de R$ 8,25. O valor é diluído nas prestações mensais, e, numa operação no valor de R$ 200, a ser paga em seis vezes, o juro pula para 4,67% ao mês devido à essa tarifa.
 

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