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08/08/2006 - 15h16

BC dos EUA pára de subir juros após mais de 2 anos em alta

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VINICIUS ALBUQUERQUE
da Folha Online

O Federal Reserve (o banco central americano) interrompeu hoje o ciclo de aumento de juros iniciado há mais de dois anos e decidiu manter a taxa básica da economia dos EUA em 5,25% ao ano.

Desde junho de 2004, foram 17 aumentos consecutivos, que levaram a taxa de 1% ao ano (a menor desde 1958) para os atuais 5,25%. O objetivo de manter a taxa tão baixa entre 2003 e 2004 foi reativar a economia americana, que vinha flertando com a recessão desde 2001.



Em tese, o fim das altas pode ser benéfico para países emergentes como o Brasil, já que a continuidade dos aumentos poderia levar a uma migração do capital estrangeiro que está no país para os EUA.

O presidente do Fed, Ben Bernanke, havia apontado em julho para o desaquecimento da economia dos EUA como um contrapeso aos preços da energia, que vinham causando pressões sobre a inflação no país.

Os dados econômicos do país corroboraram a indicação de Bernanke: depois de um crescimento de 5,6% (dado anualizado) do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre deste ano, a economia desacelerou, para uma expansão de 2,5% no segundo. Em junho, a inflação subiu apenas 0,2%. O número de empregos criados no país foi de 113 mil em junho, menos que os 145 mil esperados.

Alguns dados destoam da avaliação de Bernanke (a produção cresceu 0,8% em junho; o desempenho do setor manufatureiro no mês passado foi superior ao de junho), mas o cenário geral é de um desaquecimento --em boa parte devido ao setor imobiliário: as vendas de casas novas no país em junho tiveram uma queda de 3% na comparação com maio; as de casas usadas, de 1,3%.

O ex-presidente do Fed Alan Greenspan já alertava para se ter cuidado com a desaceleração no mercado imobiliário americano: depois de cinco anos de atividade intensa no setor, as taxas de juros altas criaram um risco --o de elevar taxas de hipotecas e derrubar vendas, causando queda brusca de preços e afetando os americanos, que se endividaram contando com a valorização ininterrupta de seus imóveis. A conseqüência poderia ser o país cair de novo na recessão.

Petróleo

O setor imobiliário se mostrou uma preocupação moderada; Bernanke, disse no mês passado, que "a virada para baixo do mercado imobiliário parece, até o momento, ser ordenada". O que não está em suas mãos é controlar dos preços do petróleo.

O preço da commodity chegou ao patamar dos US$ 30 em dezembro de 2002, e nele ficou até maio de 2004, quando chegou ao dos US$ 40 --um intervalo de 17 meses. Já o patamar de US$ 50 foi atingido em setembro de 2004 --apenas quatro meses depois. Os US$ 60 foram alcançados em junho de 2005, e ficaram para trás em agosto do mesmo ano, quando chegaram a US$ 70.

O capítulo mais recente na história das altas da commodity é o recorde atual, de US$ 78,40, atingindo no dia 14 do mês passado.

Os fatores dessas mudanças erráticas são os mais diversos: demanda de países em crescimento, principalmente os dois maiores expoentes, China e Índia; conflitos no Oriente Médio, que podem colocar em risco o fornecimento mundial do produto; consumo doméstico nos EUA, que também vem crescendo. O mais recente é o fechamento de um campo de exploração da British Petroleum no Alasca (EUA), o que deve diminuir a oferta e reduzir a folga entre estoques e produção e o nível de demanda.

Inflação

A inflação, de fato, entrou em trajetória ascendente no país, tanto por conta do aquecimento econômico como pela alta do petróleo: em 2001, durante a recessão, os preços ao consumidor nos EUA tiveram alta de 1,6%. Em 2002, de 2,4% --maior, mas ainda comportada, para uma economia ainda tentando se recuperar. Em 2003, novo tombo: 1,9%.

Em 2004, no entanto, passaram a 3,3%, com a economia se recuperando e já com a política de altas em curso; em 2005, com mais de um ano de altas (a taxa encerrou o ano em 4,25%), a inflação chegou a 3,4%. Neste ano, até junho, acumula alta de 4,3%.

O núcleo da inflação (que exclui alimentos e energia), por sua vez, acumulou alta, até junho, de 3,2% --maior que os 2,2% registrados para todo o ano passado.

O desafio do Fed agora será encontrar, e manter, o ponto de equilíbrio --conseguir manter a inflação contida, mesmo com a pressão dos preços da energia. A expectativa para a economia americana ainda é de mais desaquecimento no restante do ano (o crescimento do PIB deverá ficar entre 2,5% e 3% no atual trimestre), mas o petróleo não dá sinais de que venha a perder força.

Os analistas, no entanto, ainda não descartam mais uma alta de 0,25 ponto percentual neste ano, levando a taxa para 5,5%.

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