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18/08/2006 - 14h32

Morales denuncia tentativa de boicote a nacionalização dos hidrocarbonetos

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da Ansa, em La Paz

O presidente boliviano, Evo Morales, acusou "setores internos e externos" de buscarem o fracasso do processo de nacionalização dos hidrocarbonetos e advertiu que o governo persistirá nesse objetivo.

Morales apoiou dois funcionários acusados de atos de corrupção e de conflito de interesses e disse que o governo manterá seu plano de nacionalização.

"Ontem foi um deputado, antes, outras denúncias. Mas nós continuaremos", disse Morales, acompanhado por Jorge Alvarado, presidente da YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos), acusado de aprovar um contrato que, segundo as objeções, contradiz os interesses do Estado.

O presidente ratificou sua confiança em Alvarado depois de correrem boatos sobre sua destituição. As denúncias surgiram no fim de julho, quando a Superintendência de Hidrocarbonetos emitiu um relatório no qual acusava o presidente da YPFB de vender petróleo à Petrobrás por um preço mais baixo que o oferecido a outras companhias. Na mesma operação, Alvarado foi acusado de importar diesel ao país a um preço maior que o internacional.

Esta semana surgiu uma segunda denúncia, formulada pelo partido Unidade Nacional, de oposição. Segundo essas afirmações, o principal assessor da YPFB tem ligações com a empresa que saiu vencedora de uma das licitações para realizar as tarefas de auditoria nos campos de gás Colpa e Caranda, por um montante de US$ 310 mil.

O escritório de advogados "Mostajo Sociedad Civil" teria supostamente constituído uma empresa "fantasma" chamada Consult System com o objetivo de outorgar o contrato com a YPFB, tendo como sócio Manuel Morales Dávila, dirigente do MAS. O assessor principal da YPFB é filho do dirigente, Manuel Morales Olivera.

"Temos um caso típico e clássico de choque de interesses", disse aos jornalistas o deputado da oposição Peter Maldonado, da União Nacional.

Morales Olivera negou ser sócio da empresa Mostajo e disse que seu pai "somente fez algumas consultorias gerais" para essa companhia. "Portanto, não existe conflito de interesses nenhum. Sou uma pessoa independente, sem ligações com essa empresa e menos ainda com a Consult System."

O representante da Consult System negou ter qualquer relação com Mostajo Sociedad Civil. "Nós não somos empresa fantasma de ninguém", afirmou.

Enquanto isso, a nacionalização do gás e do petróleo no país parece não mostrar sinais de progressos, segundo reconheceu o ministro dos Hidrocarbonetos, Andrés Soliz, em uma interpelação realizada perante o Senado.

O ministro disse que a empresa estatal de petróleo não controla a rede produtiva de hidrocarbonetos, como estava previsto no processo de nacionalização. Também reconheceu que a Petrobrás não paga 32% adicional pelos campos que tem em seu poder, nacionalizados em 1º de maio.

Diante da advertência de que a Bolívia estaria pensando em recorrer a uma arbitragem internacional para aumentar as cobranças, a Petrobrás disse que não aceitará esse mecanismo.

No Rio de Janeiro, o diretor de Gás e Energia da Petrobrás, Ildo Sauer, sustentou que "a novidade no que se refere à Bolívia é que não há novidade".

"Acreditamos que o contrato está equilibrado. Quando começamos a importar, em 1999, o gás custava US$1 por mil pés cúbicos e cobria o investimento. Agora custa US$4 por milhão de BTU, o que favorece o produtor", manifestou.

A Bolívia conseguiu, depois da nacionalização, negociar um novo preço do gás com a Argentina, que paga US$5 por mil pés cúbicos.

A Bolívia esperava que o Brasil pagasse esse mesmo montante, mas a Petrobrás se mantém inflexível, apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se declara amigo de Morales, dizer que quer ajudá-lo e prometer que "jamais" brigará com ele.

Analistas bolivianos acreditam que a Bolívia carece de um mecanismo legal para cobrar mais do Brasil e que sua única forma de pressão é suspender o envio dos 24 milhões de metros cúbicos diários de gás. Mas opinaram que essa medida poderia gerar um conflito maior, uma vez que poderia paralisar a indústria paulista.

Especial
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