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24/08/2006
-
09h22
ELVIRA LOBATO
PEDRO SOARES
da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
Mesmo mais inseridas no mercado de trabalho, especialmente em vagas que exigem um maior nível de escolaridade, as mulheres ainda enfrentam o problema do ganharem menos do que os homens, revela estudo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) obtido pela Folha.
Compilados pelo economista do banco Antonio Marcos Ambrozio, dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) mostram que as mulheres aumentaram sua participação no mercado de trabalho formal de 38% em 1996 para 40% em 2004. Os motivos são o acesso maior aos novos postos gerados e o menor número de dispensas de mulheres em períodos de crise.
De 1996 a 1999, o país perdeu, segundo o estudo, 1,1 milhão de empregos formais no país, dos quais 90% eram ocupados por homens e somente 10% por mulheres, de acordo com informações do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
Na fase de recuperação do mercado de trabalho (de 2000 a 2005), foram gerados 5,5 milhões de vagas, das quais 59% masculinas e 41% femininas. Em alguns anos, o crescimento do emprego da mulher manteve o mesmo ritmo do masculino. Em 1999, por exemplo, 240 mil homens perderam o emprego, enquanto mais mulheres foram contratadas.
Apesar desse cenário favorável à ocupação feminina, os salários das mulheres se aproximaram muito pouco do rendimento dos homens. Em média, elas recebiam 89,8% da renda masculina de 1996 e 1999. Esse percentual alcançou 91% de 2000 e 2005, o que representa um avanço de apenas 1,2 ponto percentual. Os salários médios reais das pessoas que conseguiram emprego de 1996 a 2005 eram de R$ 614 para os homens e de R$ 556 para as mulheres.
Na faixa de maior escolaridade (acima do ensino médio), a renda da mulher representava, em 2005, apenas 63% do salário médio do homem.
Para o economista, a discrepância é um reflexo do estreito número de mulheres em cargos de chefias no Brasil. Quando elas conseguem atingir o topo da carreira, diz o economista, recebem salário proporcionalmente menor que um homem num posto semelhante.
Escolaridade em alta
Mais instruídas, as mulheres já são maioria entre empregados com ao menos o ensino médio incompleto --57% do total, segundo dados da Rais de 2004. Entre os homens, foram abertas 318 mil vagas líquidas (descontando as demissões) de 2000 a 2005. Para as mulheres, foram 413 mil postos.
Entre essas contratadas está Amanda Pendle, 23. Formada em engenharia de produção pela UFRJ, ela era estagiária havia dois anos numa empresa de produtos de limpeza. Já tinha vaga efetiva "certa" na companhia, conta, mas preferiu arriscar e disputar um emprego numa multinacional fabricante de cigarros. Conseguiu o emprego. "Da minha turma, só duas garotas estão procurando trabalho."
Na avaliação de Ambrozio, a maior participação feminina no mercado de trabalho reflete o aumento da escolaridade das mulheres, que estudam mais anos do que os homens.
Outro fator, diz, é a queda da renda média do trabalhador nos últimos anos, que obrigou mais mulheres (antes na inatividade) a buscar ocupação para completar a renda familiar.
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PEDRO SOARES
da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
Mesmo mais inseridas no mercado de trabalho, especialmente em vagas que exigem um maior nível de escolaridade, as mulheres ainda enfrentam o problema do ganharem menos do que os homens, revela estudo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) obtido pela Folha.
Compilados pelo economista do banco Antonio Marcos Ambrozio, dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) mostram que as mulheres aumentaram sua participação no mercado de trabalho formal de 38% em 1996 para 40% em 2004. Os motivos são o acesso maior aos novos postos gerados e o menor número de dispensas de mulheres em períodos de crise.
De 1996 a 1999, o país perdeu, segundo o estudo, 1,1 milhão de empregos formais no país, dos quais 90% eram ocupados por homens e somente 10% por mulheres, de acordo com informações do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
Na fase de recuperação do mercado de trabalho (de 2000 a 2005), foram gerados 5,5 milhões de vagas, das quais 59% masculinas e 41% femininas. Em alguns anos, o crescimento do emprego da mulher manteve o mesmo ritmo do masculino. Em 1999, por exemplo, 240 mil homens perderam o emprego, enquanto mais mulheres foram contratadas.
Apesar desse cenário favorável à ocupação feminina, os salários das mulheres se aproximaram muito pouco do rendimento dos homens. Em média, elas recebiam 89,8% da renda masculina de 1996 e 1999. Esse percentual alcançou 91% de 2000 e 2005, o que representa um avanço de apenas 1,2 ponto percentual. Os salários médios reais das pessoas que conseguiram emprego de 1996 a 2005 eram de R$ 614 para os homens e de R$ 556 para as mulheres.
Na faixa de maior escolaridade (acima do ensino médio), a renda da mulher representava, em 2005, apenas 63% do salário médio do homem.
Para o economista, a discrepância é um reflexo do estreito número de mulheres em cargos de chefias no Brasil. Quando elas conseguem atingir o topo da carreira, diz o economista, recebem salário proporcionalmente menor que um homem num posto semelhante.
Escolaridade em alta
Mais instruídas, as mulheres já são maioria entre empregados com ao menos o ensino médio incompleto --57% do total, segundo dados da Rais de 2004. Entre os homens, foram abertas 318 mil vagas líquidas (descontando as demissões) de 2000 a 2005. Para as mulheres, foram 413 mil postos.
Entre essas contratadas está Amanda Pendle, 23. Formada em engenharia de produção pela UFRJ, ela era estagiária havia dois anos numa empresa de produtos de limpeza. Já tinha vaga efetiva "certa" na companhia, conta, mas preferiu arriscar e disputar um emprego numa multinacional fabricante de cigarros. Conseguiu o emprego. "Da minha turma, só duas garotas estão procurando trabalho."
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