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07/09/2006
-
09h07
FERNANDO CANZIAN
da Folha de S.Paulo
O mercado internacional de commodities minerais deve continuar aquecido ainda por um longo período em termos de volume e preços.
Os países em desenvolvimento devem, no entanto, se preparar para um encolhimento, a médio prazo, nos ganhos com as exportações agrícolas. No caso do Brasil, o setor tem sido o grande responsável por saldos comerciais positivos nos últimos anos.
Segundo relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgado ontem, a demanda mundial por commodities minerais continuará firme nos próximos anos, especialmente pelo consumo na Ásia, em particular de China e Índia.
No caso das commodities agrícolas, o espaço está diminuindo, diz o Fundo, que divulgou ontem três capítulos do relatório "Perspectivas para a Economia Mundial". Outras previsões do FMI, inclusive de crescimento para o Brasil e o mundo, serão conhecidas na semana que vem, em Cingapura, durante reunião do órgão.
Teto para o consumo
Historicamente, países em desenvolvimento tendem a desacelerar o consumo de minérios e metais quando o chamado PPC (paridade do poder de compra) atinge entre U$ 15 mil e U$ 20 mil per capita/ano.
Nesse patamar, o país consumidor de commodities já se tornou suficientemente industrializado, diminuindo suas necessidades correntes por matérias-primas minerais.
O PPC da China hoje está na faixa de US$ 6.400, o que garante, segundo o FMI, um bom espaço para os exportadores internacionais desses produtos. Segundo Raghuram Rajan, economista-chefe do FMI, a China responde hoje por 50% do aumento dos preços dos minérios nos últimos anos.
A mesma tendência não prevalece no caso das commodities agrícolas. As compras de carne pela China, por exemplo, cresceram a taxas significativamente maiores até o país atingir um PPC na faixa de US$ 3.000. Desde então, quando a demanda básica por alimentos foi atendida, o ritmo de crescimento tem desacelerado.
Desde 2001, os volumes de exportações de minérios do Brasil para o mundo têm crescido de maneira consistente. As matérias-primas contribuíram no primeiro semestre deste ano com US$ 3,4 bilhões no saldo comercial.
Já a participação dos produtos agrícolas totais (cereais, animais e "tropicais"-café, açúcar e frutas) no saldo foi bem maior, de U$ 12,7 bilhões no mesmo período.
Ganhos menores
O problema para países (como o Brasil) mais dependentes de commodities agrícolas do que minerais é que os preços das primeiras têm crescido a um ritmo bem menor que o de outras matérias-primas.
Essa diferença, segundo o FMI, tende a se acentuar conforme as grandes economias emergentes, como China e Índia, forem se desenvolvendo.
Para o Fundo, países muito dependentes da agricultura no comércio internacional terão de dar saltos de produtividade no futuro próximo para continuar obtendo saldos elevados com a venda desses produtos.
Desde 2002, os preços de uma cesta de commodities minerais, segundo FMI, aumentaram cerca de 180% em termos reais (mais do que o petróleo), enquanto que a variação dos agrícolas ficou em um patamar bastante inferior.
O relatório do Fundo não aborda, no entanto, o eventual peso que os chamados biocombustíveis poderão ter no futuro sobre os preços das commodities agrícolas.
Estima-se, por exemplo, que só os EUA consumirão em 2007 cerca de 50 milhões de toneladas de milho para produzir etanol e abastecer 101 projetos montados no país para a produção do combustível.
Para ter uma idéia da dimensão e do potencial desse consumo, hoje o mundo transaciona por ano menos do que 75 milhões de toneladas de milho.
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O mercado internacional de commodities minerais deve continuar aquecido ainda por um longo período em termos de volume e preços.
Os países em desenvolvimento devem, no entanto, se preparar para um encolhimento, a médio prazo, nos ganhos com as exportações agrícolas. No caso do Brasil, o setor tem sido o grande responsável por saldos comerciais positivos nos últimos anos.
Segundo relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgado ontem, a demanda mundial por commodities minerais continuará firme nos próximos anos, especialmente pelo consumo na Ásia, em particular de China e Índia.
No caso das commodities agrícolas, o espaço está diminuindo, diz o Fundo, que divulgou ontem três capítulos do relatório "Perspectivas para a Economia Mundial". Outras previsões do FMI, inclusive de crescimento para o Brasil e o mundo, serão conhecidas na semana que vem, em Cingapura, durante reunião do órgão.
Teto para o consumo
Historicamente, países em desenvolvimento tendem a desacelerar o consumo de minérios e metais quando o chamado PPC (paridade do poder de compra) atinge entre U$ 15 mil e U$ 20 mil per capita/ano.
Nesse patamar, o país consumidor de commodities já se tornou suficientemente industrializado, diminuindo suas necessidades correntes por matérias-primas minerais.
O PPC da China hoje está na faixa de US$ 6.400, o que garante, segundo o FMI, um bom espaço para os exportadores internacionais desses produtos. Segundo Raghuram Rajan, economista-chefe do FMI, a China responde hoje por 50% do aumento dos preços dos minérios nos últimos anos.
A mesma tendência não prevalece no caso das commodities agrícolas. As compras de carne pela China, por exemplo, cresceram a taxas significativamente maiores até o país atingir um PPC na faixa de US$ 3.000. Desde então, quando a demanda básica por alimentos foi atendida, o ritmo de crescimento tem desacelerado.
Desde 2001, os volumes de exportações de minérios do Brasil para o mundo têm crescido de maneira consistente. As matérias-primas contribuíram no primeiro semestre deste ano com US$ 3,4 bilhões no saldo comercial.
Já a participação dos produtos agrícolas totais (cereais, animais e "tropicais"-café, açúcar e frutas) no saldo foi bem maior, de U$ 12,7 bilhões no mesmo período.
Ganhos menores
O problema para países (como o Brasil) mais dependentes de commodities agrícolas do que minerais é que os preços das primeiras têm crescido a um ritmo bem menor que o de outras matérias-primas.
Essa diferença, segundo o FMI, tende a se acentuar conforme as grandes economias emergentes, como China e Índia, forem se desenvolvendo.
Para o Fundo, países muito dependentes da agricultura no comércio internacional terão de dar saltos de produtividade no futuro próximo para continuar obtendo saldos elevados com a venda desses produtos.
Desde 2002, os preços de uma cesta de commodities minerais, segundo FMI, aumentaram cerca de 180% em termos reais (mais do que o petróleo), enquanto que a variação dos agrícolas ficou em um patamar bastante inferior.
O relatório do Fundo não aborda, no entanto, o eventual peso que os chamados biocombustíveis poderão ter no futuro sobre os preços das commodities agrícolas.
Estima-se, por exemplo, que só os EUA consumirão em 2007 cerca de 50 milhões de toneladas de milho para produzir etanol e abastecer 101 projetos montados no país para a produção do combustível.
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