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11/09/2006 - 09h14

China aquece indústria de base no Brasil

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CLÁUDIA DIANNI
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Impulsionada pelo aquecimento da economia mundial, principalmente pela crescente demanda na China, a indústria de base brasileira vive um novo ciclo de investimentos, resultado da combinação dos altos preços dos produtos no mercado internacional e de uma maior capacidade de obter capital nos últimos anos.

Somente no primeiro semestre, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) aprovou financiamento para 15 novos projetos de investimentos, que somam R$ 9,9 bilhões, nos setores de química, siderurgia, mineração e papel e celulose.

"A China aumentou a demanda por insumos em todo o mundo. Nos últimos anos esses setores vinham batendo no teto da capacidade instalada e os preços estavam subindo desde 2003. Nesse período, eles se capitalizaram e aumentaram a capacidade de alavancagem. Agora o setor vive um novo ciclo de investimentos com preços altos e capitalizados, além de encontrar um mercado demandante", disse o diretor da Área de Infra-estrutura e Insumos de Base do BNDES, Wagner Bittencourt.

Mais recursos

Segundo ele, um exemplo dessa expansão é o fluxo de desembolso de recursos do banco para financiar projetos da indústria de base, que aumentou de R$ 1,6 bilhão em 2004, para R$ 3 bilhões em 2005 e soma R$ 5,2 bilhões em 2006.

Segundo ele, atualmente há 111 projetos da indústria de base, no total, em carteira no BNDES. O financiamento de parte desses projetos está aprovada e parte está em análise. "São investimentos de R$ 52 bilhões dos quais R$ 30 bilhões serão financiados. Os projetos devem maturar até 2009 e vão atrair outros investimentos da cadeia produtiva. Certamente vai haver um impacto produzido por esses setores, que são estruturantes da economia."

Boa parte dos investimentos previstos para serem concluídos até 2009 será voltada para aumentar a produção destinada ao mercado externo.

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, acredita que, no médio prazo, esses investimentos vão ajudar a compensar o efeito negativo que uma possível queda de preços na cotação das commodities-- em fase de valorização desde 2003-- vai produzir no resultado da balança comercial brasileira, que vem batendo recordes mensais, muito mais pelo valor dos produtos do que pelo volume exportado, principalmente neste ano.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, de janeiro a julho a quantidade de mercadorias embarcadas para o exterior cresceu 3,2%, enquanto os preços médio dos produtos aumentaram 11,5% no período. Entre 2002 e 2005 ocorreu o contrário, as quantidades exportadas cresceram 58,8% e os preços, 30%.

Mais projetos

"Há um movimento positivo nessas indústrias, com fábricas de celulose novas, como a Veracel, no sul da Bahia, que exporta US$ 500 milhões por ano e só entrou em funcionamento no final do ano passado, mas este ano vai somar mais US$ 500 milhões. Há também projetos na área de siderurgia que estão entrando em operação e outros que estão começando, como os da CSN [Companhia Siderúrgica Nacional]. Esses investimentos dão a segurança de que as exportações brasileiras vão sim continuar crescendo, mesmo se houver queda de preços", disse Furlan.

Na opinião do presidente da Bracelpa (Associação Brasileira de Celulose e Papel), Horacio Lafer Piva, a avaliação do ministro não serve para todos os setores da economia. "Faço parte do grupo que acredita que a valorização do real vai acabar produzindo um efeito negativo nas exportações em muitos setores, como têxteis e calçados, por exemplo, mas é verdade que para a indústria de papel e celulose, os atuais investimentos vão resultar em fortes exportações", disse.

Aumento das exportações

Segundo ele, entre 2003 e 2012 o setor tem previsão de investimentos da ordem de US$ 14 bilhões, que devem fazer o saldo comercial dessa indústria saltar dos atuais US$ 2,9 bilhões para cerca de US$ 30 bilhões.

O projeto da Klabin que o BNDES vai financiar na unidade Monte Alegre, localizada na cidade de Telêmaco Borba (PR), é um exemplo. De acordo com o diretor geral Miguel Sampol, o investimento vai fazer com que a empresa aumente a capacidade de produção de papel--cartão, usado para embalagem, de 330 mil toneladas para 680 mil toneladas. "Cerca de 27% dessa produção vai para exportação. Com esse projeto, vamos aumentar para 40% a fatia destinada ao mercado externo", disse Sampol.

Segundo ele, nos últimos 12 meses, os produtos tiveram alta de preço no mercado internacional. O Kraftliner, usado na fabricação de caixas, foi reajustado em 30%. "Mas o ganho não foi suficiente para compensar as perdas com o câmbio."

O objetivo do projeto Casa de Pedra da CSN é abastecer as novas usinas de placa que a empresa pretende construir, nos próximos cinco anos, para atender à crescente demanda de minério no mercado externo. Segundo a companhia, será possível exportar 30 milhões de toneladas de minério, que a preço de hoje, geraria um faturamento adicional de aproximadamente US$ 1,5 bilhão.

Na avaliação da empresa, o pico dos preços internacionais, no caso de aço e minério, tem ajudado o desempenho do setor. A empresa avalia que os preços desses materiais devem permanecer acima da sua média histórica por mais alguns anos, mas afirma que o segredo para equilibrar oferta e demanda no futuro, quando os preços caírem, será não aumentar a capacidade de produção em níveis muito superiores à demanda. O problema, segundo a assessoria de imprensa da CSN, é que ninguém sabe qual será a demanda futura da China.

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