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25/09/2006
-
09h03
FABIANO MAISONNAVE
da Folha de S.Paulo, em Santa Cruz de La Sierra (Bolívia)
Considerada o evento econômico mais importante da Bolívia, a tradicional Expocruz, realizada na relativamente próspera cidade de Santa Cruz, é um imenso labirinto de 2.200 expositores, por onde se apertarão até o fim desta semana cerca de 500 mil pessoas.
Mas, neste ano, a grande feira comercial ganhou mais um contorno além dos leilões de gado e das modelos dos estandes: transformou-se em grande ato contra o governo socialista do presidente Evo Morales. Rompendo um costume de quase 40 anos, pela primeira vez os organizadores não convidaram o presidente da República para participar da feira.
"É uma reação da sociedade civil cruzenha de rechaço à atitude antidemocrática e totalitária que vem tendo o governo, querendo vulnerar a Lei de Convocatória da Constituinte, de forma a administrar monopolicamente essa instância fundamental, inviabilizando a capacidade produtiva de Santa Cruz", disse ontem à Folha o presidente da feira de Santa Cruz, Mauricio Roca.
"Lamento que se mantenha essa discriminação, que o presidente não tenha podido entrar na Feira", disse Morales anteontem, em referência ao fato de ser indígena. "Os que organizam esse evento são os chefões, oligarcas e parasitas do Estado."
Na semana passada, movimentos sociais de Santa Cruz chegaram a ameaçar bloquear a cidade durante a feira, o que não se concretizou.
Constituinte
Eleita em julho e instalada em agosto, a Assembléia está paralisada devido a um impasse entre governo e oposição.
Morales quer que a votação dos artigos constitucionais seja por maioria simples, o que possibilitaria aprovar as matérias sem negociar com os partidários da oposição.
Já os líderes de Santa Cruz, que temem, sobretudo, a aprovação de reforma agrária de contornos radicais, exigem que a votação seja por dois terços, como diz a Lei de Convocatória, aprovada pelo Congresso.
A organização concedeu o discurso de abertura ao primeiro governador eleito de Santa Cruz, Ruben Costas -até dezembro, a nomeação era feita pelo governo central.
Costas já foi presidente do Comitê Cívico Pró-Santa Cruz, entidade civil responsável por convocar uma bem-sucedida paralisação de 24 horas contra Morales no início deste mês.
O comitê cívico, por sua vez, é parcialmente financiado pela CAO e pela Cainco, espécie de Fiesp local --da qual a Petrobras é afiliada-- e co-organizadora da Expocruz, com a CAO.
Estande da Petrobras
Fora do bate-boca político, a feira tinha poucas referências políticas. Anteontem à noite, quando o evento reuniu 50 mil pessoas, as principais atrações eram os estandes de carros importados e pavilhões de vários países -o do Brasil é o segundo maior, atrás do da Argentina. Bem mais vazios estavam os estandes "políticos", como o do comitê cívico e do governo local. A expectativa é que o evento gire US$ 200 milhões.
Um dos maiores estandes era o da Petrobras, que, em meio às controvérsias com o governo, havia desistido de participar e só mudou de idéia recentemente. Ali, mulheres de barriga de fora e roupas justas explicavam para uma multidão, às 23h, as atividades da empresa.
"Eles entenderam que a sua maneira de protestar contra a atitude do governo não tem nada que ver com a atitude do povo de Santa Cruz com a Petrobras, empresa que valorizamos muito", disse Roca.
O repórter Fabiano Maisonnave viajou a convite da empresa aérea Aerosur
Especial
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Feira de negócios boliviana é palanque anti-Morales
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da Folha de S.Paulo, em Santa Cruz de La Sierra (Bolívia)
Considerada o evento econômico mais importante da Bolívia, a tradicional Expocruz, realizada na relativamente próspera cidade de Santa Cruz, é um imenso labirinto de 2.200 expositores, por onde se apertarão até o fim desta semana cerca de 500 mil pessoas.
Mas, neste ano, a grande feira comercial ganhou mais um contorno além dos leilões de gado e das modelos dos estandes: transformou-se em grande ato contra o governo socialista do presidente Evo Morales. Rompendo um costume de quase 40 anos, pela primeira vez os organizadores não convidaram o presidente da República para participar da feira.
"É uma reação da sociedade civil cruzenha de rechaço à atitude antidemocrática e totalitária que vem tendo o governo, querendo vulnerar a Lei de Convocatória da Constituinte, de forma a administrar monopolicamente essa instância fundamental, inviabilizando a capacidade produtiva de Santa Cruz", disse ontem à Folha o presidente da feira de Santa Cruz, Mauricio Roca.
"Lamento que se mantenha essa discriminação, que o presidente não tenha podido entrar na Feira", disse Morales anteontem, em referência ao fato de ser indígena. "Os que organizam esse evento são os chefões, oligarcas e parasitas do Estado."
Na semana passada, movimentos sociais de Santa Cruz chegaram a ameaçar bloquear a cidade durante a feira, o que não se concretizou.
Constituinte
Eleita em julho e instalada em agosto, a Assembléia está paralisada devido a um impasse entre governo e oposição.
Morales quer que a votação dos artigos constitucionais seja por maioria simples, o que possibilitaria aprovar as matérias sem negociar com os partidários da oposição.
Já os líderes de Santa Cruz, que temem, sobretudo, a aprovação de reforma agrária de contornos radicais, exigem que a votação seja por dois terços, como diz a Lei de Convocatória, aprovada pelo Congresso.
A organização concedeu o discurso de abertura ao primeiro governador eleito de Santa Cruz, Ruben Costas -até dezembro, a nomeação era feita pelo governo central.
Costas já foi presidente do Comitê Cívico Pró-Santa Cruz, entidade civil responsável por convocar uma bem-sucedida paralisação de 24 horas contra Morales no início deste mês.
O comitê cívico, por sua vez, é parcialmente financiado pela CAO e pela Cainco, espécie de Fiesp local --da qual a Petrobras é afiliada-- e co-organizadora da Expocruz, com a CAO.
Estande da Petrobras
Fora do bate-boca político, a feira tinha poucas referências políticas. Anteontem à noite, quando o evento reuniu 50 mil pessoas, as principais atrações eram os estandes de carros importados e pavilhões de vários países -o do Brasil é o segundo maior, atrás do da Argentina. Bem mais vazios estavam os estandes "políticos", como o do comitê cívico e do governo local. A expectativa é que o evento gire US$ 200 milhões.
Um dos maiores estandes era o da Petrobras, que, em meio às controvérsias com o governo, havia desistido de participar e só mudou de idéia recentemente. Ali, mulheres de barriga de fora e roupas justas explicavam para uma multidão, às 23h, as atividades da empresa.
"Eles entenderam que a sua maneira de protestar contra a atitude do governo não tem nada que ver com a atitude do povo de Santa Cruz com a Petrobras, empresa que valorizamos muito", disse Roca.
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