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09/10/2006
-
09h01
MARCELO SAKATE
da Folha de S.Paulo
À margem do câmbio, o avanço recente das importações de produtos chineses tem ocorrido na esteira da expansão de setores industriais que necessitam de bens que, em muitos casos, têm produção reduzida ou não são fabricados no país. É o caso de componentes para telecomunicações, informática e parte dos eletrônicos, cujas compras registraram os maiores saltos desde 2003.
É um movimento que, embora também influenciado pela apreciação da moeda brasileira, sinaliza um estreitamento cada vez maior do saldo do país com a China, em fenômeno sustentado por fatores não tão conjunturais, dizem analistas.
"Fabrica-se muito pouco no Brasil [de componentes para telecomunicações e informática e semicondutores]. A indústria de componentes no país foi dizimada, um processo que começou com o advento da Zona Franca de Manaus, onde é mais barato importar do que produzir", diz Humberto Barbato, diretor da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) e de Comércio Exterior do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). Ele minimiza o efeito do câmbio nessa situação.
Visão semelhante tem Chau Kuo Hue, da LCA Consultores, para quem o próprio crescimento da economia tem tido maior influência do que o real valorizado nesse processo. Segundo o economista, o aumento das importações, impulsionado por componentes, vai continuar ao menos pelos próximos dois ou três anos, porque "o país não tem um parque industrial desenvolvido o suficiente nesses setores para atender à demanda interna".
Mesmo no caso da indústria de celulares, que registrou um aumento de 16% na exportação de aparelhos prontos no primeiro semestre e é o principal bem eletroeletrônico negociado pelo país, a aquisição de componentes não é tão vantajosa quanto pode parecer, diz Barbato, porque eles correspondem a cerca de 85% do custo total --ou seja, o valor agregado na produção é baixo.
Em alguns itens, a alta das importações chegou a superar 6.000% desde 2003, caso dos aparelhos de celular já acabados. Dispositivos de cristais líquidos --para as telas dos mesmos telefones--, o segundo na pauta de bens importados da China, cresceram 351%.
Empresas importadoras
A dependência maior em relação a componentes se reflete na lista das empresas no Brasil que mais importam da China. Das 12 que compraram acima de US$ 50 milhões em 2005, oito eram de eletroeletrônicos ou informática (Motorola, Nokia, Siemens, Dell, Flextronics, Philips, LG e Samsung), havia duas siderúrgicas (Usiminas e CSN) e ainda duas "tradings".
No rol dos que mais importaram da China em 2005, a operação no Brasil da americana Dell praticamente dobrou o volume de compras da Ásia em três anos, diz Laury Johnson, diretor de operações e distribuição para o Mercosul.
Quem não compra diretamente o faz por meio de "tradings". A Sab Company começou a importar equipamentos de telecomunicações em 2003 para atender a uma demanda de operadoras e empresas do setor. Hoje tais equipamentos e de eletroeletrônicos são cerca de 90% das aquisições do país asiático, diz João Batista de Paula, presidente da empresa.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre importações de produtos chineses
China ocupa lacunas da indústria nacional
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da Folha de S.Paulo
À margem do câmbio, o avanço recente das importações de produtos chineses tem ocorrido na esteira da expansão de setores industriais que necessitam de bens que, em muitos casos, têm produção reduzida ou não são fabricados no país. É o caso de componentes para telecomunicações, informática e parte dos eletrônicos, cujas compras registraram os maiores saltos desde 2003.
É um movimento que, embora também influenciado pela apreciação da moeda brasileira, sinaliza um estreitamento cada vez maior do saldo do país com a China, em fenômeno sustentado por fatores não tão conjunturais, dizem analistas.
"Fabrica-se muito pouco no Brasil [de componentes para telecomunicações e informática e semicondutores]. A indústria de componentes no país foi dizimada, um processo que começou com o advento da Zona Franca de Manaus, onde é mais barato importar do que produzir", diz Humberto Barbato, diretor da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) e de Comércio Exterior do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). Ele minimiza o efeito do câmbio nessa situação.
Visão semelhante tem Chau Kuo Hue, da LCA Consultores, para quem o próprio crescimento da economia tem tido maior influência do que o real valorizado nesse processo. Segundo o economista, o aumento das importações, impulsionado por componentes, vai continuar ao menos pelos próximos dois ou três anos, porque "o país não tem um parque industrial desenvolvido o suficiente nesses setores para atender à demanda interna".
Mesmo no caso da indústria de celulares, que registrou um aumento de 16% na exportação de aparelhos prontos no primeiro semestre e é o principal bem eletroeletrônico negociado pelo país, a aquisição de componentes não é tão vantajosa quanto pode parecer, diz Barbato, porque eles correspondem a cerca de 85% do custo total --ou seja, o valor agregado na produção é baixo.
Em alguns itens, a alta das importações chegou a superar 6.000% desde 2003, caso dos aparelhos de celular já acabados. Dispositivos de cristais líquidos --para as telas dos mesmos telefones--, o segundo na pauta de bens importados da China, cresceram 351%.
Empresas importadoras
A dependência maior em relação a componentes se reflete na lista das empresas no Brasil que mais importam da China. Das 12 que compraram acima de US$ 50 milhões em 2005, oito eram de eletroeletrônicos ou informática (Motorola, Nokia, Siemens, Dell, Flextronics, Philips, LG e Samsung), havia duas siderúrgicas (Usiminas e CSN) e ainda duas "tradings".
No rol dos que mais importaram da China em 2005, a operação no Brasil da americana Dell praticamente dobrou o volume de compras da Ásia em três anos, diz Laury Johnson, diretor de operações e distribuição para o Mercosul.
Quem não compra diretamente o faz por meio de "tradings". A Sab Company começou a importar equipamentos de telecomunicações em 2003 para atender a uma demanda de operadoras e empresas do setor. Hoje tais equipamentos e de eletroeletrônicos são cerca de 90% das aquisições do país asiático, diz João Batista de Paula, presidente da empresa.
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