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25/10/2006
-
09h56
MAELI PRADO
da Folha de S.Paulo
Mesmo antes da compra da canadense Inco, a Vale já aparecia como a terceira empresa brasileira mais internacionalizada em ranking elaborado pela Fundação Dom Cabral e apresentado ontem na Universidade de Columbia, nos EUA.
Em primeiro lugar na lista, está a siderúrgica Gerdau, seguida pela construtora Norberto Odebrecht. A Fundação, cujo estudo deverá fazer parte de um ranking da universidade americana sobre a internacionalização de empresas de países emergentes, informou que não conseguiu localizar seus pesquisadores para saber se haverá mudanças por conta do negócio anunciado ontem.
É a primeira vez em que é realizado um estudo mais aprofundado sobre o grau de internacionalização de companhias brasileiras. O ranking leva em conta sete categorias diferentes de internacionalização (entre os quais, receitas de exportações, valor dos ativos no exterior, número de empregados fora do país e número de regiões do mundo onde a empresa está presente). Um levantamento da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) trabalha com só três variáveis.
De 24 empresas que responderam ao questionário e que compõe o ranking --foram procuradas 50 brasileiras que fazem investimentos no exterior--, a maior parte é formada por siderúrgicas, mineradoras, empresas de alimentos, papel e celulose e construtoras.
São segmentos em que o Brasil tem claras vantagens competitivas. "Somos competitivos nas áreas de gestão industrial, engenharia aplicada e agronegócios", afirma Álvaro Cyrino, professor e pesquisador do centro de internacionalização da Fundação Dom Cabral.
Ele destaca que a maioria das empresas do ranking é voltada para vendas para outras. A imagem do Brasil entre os consumidores no exterior, afirma, é inexistente. "Uma das condições para ter sucesso é possuir marcas globais de consumo para as pessoas. Mas isso é caro e demorado para desenvolver. Nossa imagem, não obstante os esforços do Ministério do Desenvolvimento, ainda é associada a café, erotismo e futebol", analisa.
No índice montado a partir das sete diferentes categorias de internacionalização, que vai de zero a sete, a Gerdau aparece com 4,2. A Vale tem um grau de internacionalização de 3,5, a Odebrecht, de 3,6, e a Petrobras, que aparece em quarto lugar no ranking, de 3,4.
"É quase inevitável que essas empresas se expandam para outros países. Se, para manter a competitividade, têm que se instalar em outras regiões do mundo, o farão", diz Cyrino.
Marcha lenta
De forma geral, as empresas brasileiras são pouco internacionalizadas, apesar do aumento dos investimentos no exterior dos anos 90, quando houve a abertura comercial, para cá.
Para ter uma idéia, no ranking das cem empresas mais internacionalizadas de países emergentes da Unctad, há apenas três brasileiras. "O ritmo das brasileiras poderia ser maior. O que observamos é que parece haver uma relação entre a concentração interna e a internacionalização. Empresas muito mais concentradas em nível nacional, quando tentam expandir seus negócios e não conseguem fazê-lo em seu país, buscam outros mercados", diz Alexander Xavier, economista-chefe da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica).
Ele lembra que o mercado doméstico brasileiro é muito atrativo. "Isso ajuda a explicar por que não há uma expansão maior. Além disso, no Brasil as empresas direcionam menos recursos, em relação a outros emergentes, como a China, a investimentos produtivos."
Segundo Cyrino, apenas 30 companhias brasileiras vêm fazendo investimentos mais concretos fora do país. "É preciso acelerar esse processo, pois são vários os benefícios da internacionalização. A empresa passa a ter maior capacidade de crescimento e de pesquisa."
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a Gerdau
Gerdau lidera ranking das empresas brasileiras mais internacionalizadas
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da Folha de S.Paulo
Mesmo antes da compra da canadense Inco, a Vale já aparecia como a terceira empresa brasileira mais internacionalizada em ranking elaborado pela Fundação Dom Cabral e apresentado ontem na Universidade de Columbia, nos EUA.
Em primeiro lugar na lista, está a siderúrgica Gerdau, seguida pela construtora Norberto Odebrecht. A Fundação, cujo estudo deverá fazer parte de um ranking da universidade americana sobre a internacionalização de empresas de países emergentes, informou que não conseguiu localizar seus pesquisadores para saber se haverá mudanças por conta do negócio anunciado ontem.
É a primeira vez em que é realizado um estudo mais aprofundado sobre o grau de internacionalização de companhias brasileiras. O ranking leva em conta sete categorias diferentes de internacionalização (entre os quais, receitas de exportações, valor dos ativos no exterior, número de empregados fora do país e número de regiões do mundo onde a empresa está presente). Um levantamento da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) trabalha com só três variáveis.
De 24 empresas que responderam ao questionário e que compõe o ranking --foram procuradas 50 brasileiras que fazem investimentos no exterior--, a maior parte é formada por siderúrgicas, mineradoras, empresas de alimentos, papel e celulose e construtoras.
São segmentos em que o Brasil tem claras vantagens competitivas. "Somos competitivos nas áreas de gestão industrial, engenharia aplicada e agronegócios", afirma Álvaro Cyrino, professor e pesquisador do centro de internacionalização da Fundação Dom Cabral.
Ele destaca que a maioria das empresas do ranking é voltada para vendas para outras. A imagem do Brasil entre os consumidores no exterior, afirma, é inexistente. "Uma das condições para ter sucesso é possuir marcas globais de consumo para as pessoas. Mas isso é caro e demorado para desenvolver. Nossa imagem, não obstante os esforços do Ministério do Desenvolvimento, ainda é associada a café, erotismo e futebol", analisa.
No índice montado a partir das sete diferentes categorias de internacionalização, que vai de zero a sete, a Gerdau aparece com 4,2. A Vale tem um grau de internacionalização de 3,5, a Odebrecht, de 3,6, e a Petrobras, que aparece em quarto lugar no ranking, de 3,4.
"É quase inevitável que essas empresas se expandam para outros países. Se, para manter a competitividade, têm que se instalar em outras regiões do mundo, o farão", diz Cyrino.
Marcha lenta
De forma geral, as empresas brasileiras são pouco internacionalizadas, apesar do aumento dos investimentos no exterior dos anos 90, quando houve a abertura comercial, para cá.
Para ter uma idéia, no ranking das cem empresas mais internacionalizadas de países emergentes da Unctad, há apenas três brasileiras. "O ritmo das brasileiras poderia ser maior. O que observamos é que parece haver uma relação entre a concentração interna e a internacionalização. Empresas muito mais concentradas em nível nacional, quando tentam expandir seus negócios e não conseguem fazê-lo em seu país, buscam outros mercados", diz Alexander Xavier, economista-chefe da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica).
Ele lembra que o mercado doméstico brasileiro é muito atrativo. "Isso ajuda a explicar por que não há uma expansão maior. Além disso, no Brasil as empresas direcionam menos recursos, em relação a outros emergentes, como a China, a investimentos produtivos."
Segundo Cyrino, apenas 30 companhias brasileiras vêm fazendo investimentos mais concretos fora do país. "É preciso acelerar esse processo, pois são vários os benefícios da internacionalização. A empresa passa a ter maior capacidade de crescimento e de pesquisa."
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