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26/10/2006 - 09h18

Reduto de Alckmin banca trunfo de Lula

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FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O peso regional da carga tributária federal mostra que o candidato de oposição Geraldo Alckmin (PSDB) venceu no 1º turno onde se paga proporcionalmente mais impostos no país. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficou na frente onde se paga menos.

Em 1º de outubro, Alckmin ganhou em São Paulo, no Sul e no Centro-Oeste, onde o peso dos impostos sobre o contribuinte é relativamente bem maior do que no resto do país. Juntos, o Estado e as duas regiões suportam 62,9% da carga.

Já o Nordeste e os Estados do Norte e do Sudeste onde Lula venceu contribuem com 36,9% dos tributos federais.

Impostos e benefícios

O quadro ao lado mostra como parte do dinheiro arrecadado onde Alckmin venceu é transferido via programas assistenciais e subsidiados para onde Lula ficou à frente.

É oposta a relação entre onde se paga mais impostos com as regiões mais atendidas pelo Bolsa Família e por benefícios assistenciais da Previdência, considerados trunfos de Lula.

Nordeste e Norte lideram entre as regiões atendidas pelo Bolsa Família. São também regiões onde a incidência do salário mínimo é maior.

No regime geral da Previdência, cerca de um terço do gasto se dá com benefícios iguais a um salário mínimo a pessoas que quase nunca contribuíram com o sistema --daí considerar os gastos assistenciais.

Para Sérgio Vale, economista da MB Associados, menos informalidade e mais indústrias e fiscalização da Receita explicam o maior peso do Sul, Centro-Oeste e do Estado de São Paulo na arrecadação.

"Explicam também a rejeição a Lula no 1º turno nessas regiões, que acabaram "financiando" os Estados que mais votaram no petista", afirma.

Pesquisa Datafolha publicada ontem, porém, mostra que Lula ganhou nove pontos no Sudeste e 11 no Sul na comparação com o primeiro levantamento feito após o 1º turno. No geral, o petista atraiu 12% dos eleitores que afirmaram ter votado em Alckmin no 1º turno.

"Discurso tributário"

Para Gilberto do Amaral, presidente do IBPT, Lula acertou seu "discurso tributário" no 2º turno ao ressaltar na campanha e nos debates que, ao contrário do governo FHC, corrigiu a tabela do imposto de renda duas vezes em seu mandato. "Com isso, seguramente atraiu setores da classe média, que contribui com 60% do IR pago pelas pessoas físicas."

Um dos líderes da Frente contra os Impostos, Guilherme Afif Domingos acredita que "a vitória da oposição nos Estados produtores e onde a distribuição de recursos públicos é menor" seja "uma das marcas" dessa eleição."

Como candidato ao Senado por São Paulo, Afif (PFL) teve 43,7% dos votos, mas acabou derrotado por Eduardo Suplicy (PT), com 47,8%. Ele afirma que, "como bandeira de luta", sua cruzada contra os impostos "pesou" em seu desempenho, considerado surpreendente.

O cientista político Leôncio Martins Rodrigues afirma que a questão tributária é "apenas uma das variáveis" que resultaram na escolha dos eleitores. "Mas ela é importante. No Sul e no Sudeste, nunca se espera o auxílio do Estado, enquanto no Nordeste isso não apenas acontece como a elite transformou o próprio Estado em seu latifúndio", afirma.

Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), diz ter "uma certa dificuldade" em analisar de forma segmentada a eleição-levando em conta regiões e as transferências de renda para os programas sociais.

"O arranjo nessa distribuição de renda deve ser sempre nacional. Obviamente, a melhor maneira de se resolver isso é com o crescimento econômico em um patamar maior", diz.

No processo de distribuição de renda, o crescimento maior tende a atenuar o peso tributário sobre os que pagam mais para financiar os que têm menos.

Especial
  • Leia cobertura completa das eleições 2006
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